sexta-feira, 31 de outubro de 2025

A voz política das mulheres

Artigo da semana:

Por favor, digam que é mentira (ou fake, como gostam os "estrangeiristas") esta história que começou nos Estados Unidos e já se move como uma serpente traiçoeira e venenosa pelos meandros políticos no Brasil. A de que se deseja acabar com o voto feminino em todas as eleições públicas, sob a ideia (machista, na sua pior acepção) de um voto por lares, tendo o homem como cabeça desta instituição.

É risível, pois lá e cá sua estrutura tem sido questionada. Tirar a voz das mulheres é crime, pois se caça uma conquista que custou o sangue de muita gente. Um machismo preconceituoso, criminoso e doentio de quem deturpa o sentido de cidadania. Já que são elas que comandam casas abandonadas por homens e que a política e o voto são o lugar sagrado para defenderem seus direitos e dos filhos.

Religiosos que endossam a tese, fixam-se num patriarcado do Antigo Testamento esquecendo os Evangelhos, em que Jesus dá voz à samaritana, transformada em missionária. Parou para ouvir a mulher com fluxo de sangue. Começa pela mãe, Maria; passa pela cruz, onde restou apenas um homem, João; Ressuscitado, elas fazem o primeiro anúncio. Jesus as liberta do silêncio da lei e da tradição.

Defender que mulheres não tenham direito ao voto, é um erro político, antiético, antievangélico… As mulheres não votando se tem meia democracia. Não compreendem que o voto foi conquista e não concessão. E toda conquista precisa de vigilância, especialmente de covardes ao fazerem suas pregações em rebanho, onde, gritando mais alto, balançam as estruturas dos mais simples…

O voto é a voz para cidadãos e cidadãs. Caladas, é omissão e covardia, abusando da lei do (ainda?) mais forte. Quem não quer as mulheres votando camufla a incapacidade de viver em sociedade. De ser confrontado com valores diferenciados que apontam uma política mais humanizada. Uma mulher, na vida pública, que não se espelha no que os homens tristemente já fizeram, é um sopro de esperança de que conviver em igualdade é um valor a ser sonhado e defendido… com o voto de todos e de todas!

(Geração de imagens pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/kAG_alhYCuk)


domingo, 26 de outubro de 2025

Simplesmente assim: O escrito

Aprendi que as palavras

Precisam ser cravejadas

Nas paredes da imaginação. 

Ali, onde não interessa a lógica,

Tramam o condão em que

Transtorna sonhos e

Dá vida à poesia.

 

Seus significados estão

prenhes de intenções,

Sempre aquém do que

O coração idealizou…

 

O lugar onde se escrevem

Ou apagam as letras

Fazem a sintonia fina.

Do que ficou, paira

O silêncio como compensação.

 

Revelar o que as torna

Preciosidades é a bênção

Dos Deuses.

Ao agraciarem o homem 

Com a incerteza,

A possibilidade de duvidar,

Provocando a rebelião dos sentidos...

E dos sentimentos!


(Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/OzhBBYwRB-w)


sábado, 25 de outubro de 2025

A Violinista de Auschwitz, de Ellie Midwood.

Leituras e lembranças:

Este livro é um romance de ficção histórica baseado na experiência de Alma Rosé, uma talentosa violinista austríaca de ascendência judaica, sobrinha do compositor Gustav Mahler. A Protagonista, ao ser aprisionada em Auschwitz, tem sua vida drasticamente alterada. Por ser reconhecida como uma musicista de alto nível, recebe a oportunidade de formar e reger a Orquestra Feminina de Auschwitz.

A força do livro reside em mostrar como a música se torna instrumento de resistência, esperança e sobrevivência. Ao recrutar outras musicistas para a orquestra, Alma salva diversas mulheres da câmara de gás e de trabalhos forçados, dando uma chance de vida em um ambiente onde a morte era a única certeza.

Ellie Midwood é conhecida por sua pesquisa detalhada sobre a Segunda Guerra Mundial. O livro se baseia na vida de Alma, mas preenche as lacunas com elementos ficcionais, como o romance com o pianista Miklós, para dar profundidade emocional e criar uma narrativa mais envolvente. Não poupa o leitor das descrições detalhadas e brutais do cotidiano em Auschwitz, incluindo a fome, a doença, a crueldade dos guardas da SS e o horror das câmaras de gás.

Midwood explora a resiliência e a capacidade humana de encontrar laços afetivos e esperança. A orquestra, e a própria Alma, se tornam um farol para as prisioneiras. A música torna-se um ato de subversão e salvação para as mulheres. O livro aborda temas como o poder da arte, a coragem feminina em condições extremas, a sobrevivência e a memória de um dos períodos mais sombrios da história.

"A Violinista de Auschwitz" é um acréscimo valioso à literatura do Holocausto. Leitura comovente e inspiradora que homenageia uma heroína real, Alma Rosé, ao usar seu talento para salvar vidas. Com o foco na Orquestra Feminina de Auschwitz e um convite à reflexão, sobre a natureza do mal, a dignidade humana e a eterna busca pela esperança e beleza… mesmo num inferno criado pelo próprio homem!

(Imagens Internet e IA Gemini. Este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com. Áudio e vídeo em https://youtu.be/GHYrsRDgDJo)


sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Os ventos que rondam a primavera

Artigo da semana:

“Os ventos que chegam com a primavera vão até o tempo dos Finados”, diziam os ainda mais antigos que nós. Diminuem no início do mês de novembro, mas até lá podem ser desde uma suave brisa, até as rajadas que batem portas e janelas. Disseminam o pólen das flores com as consequências de sempre: para uns, a maravilha de um tempo em que tudo o que brota da mãe Natureza ressurge, toma viço e desabrocha em brotos ou flores. A estação do ano em que, vencido o inverno, se prepara para viver a exuberância do verão.

Mas... para quem é dependente das "ites" (como a rinite, sinusite, bronquite, faringite e otite), um inferno astral de alergias, narizes correndo e sensação de desconforto pelo corpo inteiro. Não é apenas a possibilidade de que o organismo não se adeque com a estação do ano, mas de quem gostaria de ser "normal", aproveitando o que eclode no entorno e ganhar o carinho do sol. Capaz de Os ventos que rondam a primaverapesadas. Tempo em que se privilegia a sincronia da vida humana com o mundo verde.

Quando os ventos penetram por janelas e portas, tornam-se sussurros que embalam o sono, aconchegam, murmuram promessas. Fazem a festa dos poetas e delirantes. Também podem travestir-se da agonia de quem atravessa a noite carregado de preocupações. O que para uns é motivo para relaxar nas promessas de conforto e proximidade, para outros, é mau presságio, carregando ares em que horizontes se toldam, antevendo a tempestade. O que não se sabe de onde vem e também se desconhece seu destino…

Renova o ar presente sobre os aglomerados urbanos, oxigenando espaços poluídos. Ganha significados diversos em documentos religiosos como na Bíblia, por exemplo. Desde a presença inspiradora do Espírito Santo, que sopra onde quer e que não pode ser controlado, nem inteiramente compreendido pelo ser humano, até a destruição e guerra, em certas profecias bíblicas, como vistas nos livros de Jeremias e no Apocalipse. Não importa a cultura ou o povo, os ventos carregam presságios.

Inspirando meios religiosos, mudanças da física ou motivador nas artes e criatividade… Escrito nas folhas das árvores que se formam ou nos pássaros que fazem na madrugada um despertador que chama uns para vida e desencadeia o mau-humor de outros por acordar mais cedo. Enfim, importa que se faça a sintonia da alma com um tempo de limpeza, purificação e renovação. O sopro de novas energias. Despir-se das cargas físicas e emocionais é o chamado da rua para compartilhar a vida… Sem medo de ser feliz!

(Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/rexa-tPkII8)

domingo, 19 de outubro de 2025

Onde guardo as balas de mel…

Simplesmente assim:

Onde estão as crianças?

​As bicicletas estão sobre a grama.

A bola de futebol escorreu

Para uma poça d'água.

​Nos pátios, camisetas e calções

Embandeiram os varais.


​O cachorro espia pela porta,

Sentindo o alarido que vem da rua.


​Onde estão as crianças?

​O tempo tolda as lembranças

E já não consigo distinguir

O presente do passado que

Ronda as minhas memórias.


Onde estão as crianças?

​No silêncio das suas ausências,

Os sonhos permitem que desfrute

De momentos fugidios em que elas

Ainda estão ali,

Correndo pelos corredores,

Invadindo a cozinha,

Implicando comigo,

Querendo o pote de bolachas

Ou o vidro onde ainda guardo as balas de mel…


​E quando o doce se desmancha na boca

Libera afetos que rondam as saudades.

Impedindo que se perca o que ainda resta 

Do que já foi um sentido para se viver…


(Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/UCruaSaj5_E)

sábado, 18 de outubro de 2025

Poder, Política e Mudança, de Osho

Leituras e lembranças 

O livro desafia o pensamento convencional sobre a natureza do poder e o caminho para a mudança social. Parte da série "Questões Essenciais", onde aborda temas cruciais como poder, corrupção, política, rebeldia e a vontade de mudança. A premissa central do livro reside na refutação da máxima popular de que "o poder corrompe". Diz que a corrupção precede o poder.

Quem busca o poder já está corrompido por dentro. O desejo de dominar e controlar os outros é sintoma de um complexo de inferioridade e necessidade de se sentir superior. Que o poder apenas revela. Ao atingir o objetivo político ou de liderança, o poder não cria a corrupção; ele apenas fornece o ambiente (o "solo fértil") para que a corrupção que já existia internamente - "como uma semente" - finalmente brote e se manifeste abertamente.

Aprofunda a análise da "vontade de poder". Mostra como ela não se manifesta apenas nas grandes instituições políticas, mas também nos relacionamentos diários de cada indivíduo (família, trabalho, amizades). Osho defende a ideia de um poder pessoal — uma força sutil baseada na consciência, amor e simplicidade — que é o oposto do "poder sobre os outros" (poder político), visto como feio, destrutivo e desumano por reduzir as pessoas a objetos.

O autor vê a ambição pelo poder sobre os outros (político, religioso, etc.) como uma neurose ou um complexo de inferioridade. O indivíduo que busca dominar os outros o faz para compensar o seu próprio vazio, infelicidade ou falta de autoconhecimento. A política, nesse sentido, atrai mentes medíocres ou doentes, que buscam validação externa em vez de contentamento interno. A solução para a corrupção e para os males sociais não está em ideologias ou revoluções, mas no aumento da consciência individual.

O livro diferencia dois tipos de poder: sobre os outros (político), baseado no controle, medo e dominação. É destrutivo. E poder pessoal (interior): surge do autoconhecimento, meditação e contentamento. É um poder "como o amor, como a compaixão," que não busca escravizar, mas harmonizar. É uma força que conecta, em vez de dividir. Tentar mudar o sistema sem mudar a si leva a novos ciclos de dominação, pois o revolucionário de hoje será o corrupto de amanhã, se a semente da corrupção ainda estiver em seu interior. 

A rebeldia genuína, portanto, é a rebeldia espiritual contra o próprio ego e a inconsciência, e não contra as instituições externas. Em suma, Poder, Política e Mudança é um convite à introspecção. Osho usa o tema da política para desafiar o leitor a examinar suas próprias motivações, complexos de inferioridade e desejo de controle. Sugerindo que o futuro da humanidade depende da capacidade de cada um de cultivar o poder através da meditação e da consciência, e não através da ambição externa.

(Pesquisa e imagens com apoio da IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/tmiUE16W0p0)

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

O brasileiro não desiste…

Artigo da semana:

O maior acerto que se pode fazer hoje é um pacto pela Honestidade (sim, com inicial maiúscula). Uma das palavras fundantes nas relações, prostituída por supostas espertezas de quem acredita que deve levar vantagem em tudo o que for possível. Relativizando conceitos éticos e morais, desde que, num discurso carregado de supostas “verdades”, arrebanhe quem está cansado dos políticos tradicionais e se deixa ludibriar pelos “novos” (e nem tão novos assim), arautos da defesa da “pátria, família e propriedade”.

O que se vê é que não há nada melhor do que um dia após o outro para mostrar que até as recentes obras pela reconstrução das estradas nas enchentes passaram por superfaturamento de preços e a combinação de valores em concorrência pública (o que configura cartel). Mas é pior, pois o escândalo que derrubou um ministro, na Previdência Social, é apenas a ponta de um iceberg. Todos os dias, idosos recebem contatos de financeiras e bancos, antes mesmo de receberem a informação oficial de que estão aposentados. 

Sem contar o amontoado de instituições “benemerentes” que, de forma legal (embora imoral), desvia recursos. Uma suposta “governabilidade” é a desculpa para que deputados e senadores se julguem no direito de distribuir dinheiro do contribuinte como se administradores fossem. Um desvio de função, já que eleitos para legislar e fiscalizar o Executivo. Um congresso inchado por interesses escusos, trabalhando em causa própria, desidratando recursos que o cidadão espera serem usados em serviços públicos. 

O pacto pela Honestidade prevê que ninguém é obrigado a ter as mesmas ideias políticas e ideológicas, mas pode haver um consenso sobre aquilo que prejudica a população. Devendo ser ensinado em família, na escola, na sociedade e nas igrejas. Mostrando quantas vidas se perdem, em todos os sentidos, quando se sucateia a educação, a saúde, a segurança, a moradia, o transporte coletivo… A perda da dignidade é também a perda da cidadania. Aquela que permite a todo o brasileiro ser, efetivamente, um brasileiro…

Quem aceita função pública não pode servir-se dela em questões particulares, mas colocar-se a serviço das populações desassistidas. No caso, aceitar propina ou favores ilícitos deve ser considerado crime inafiançável. Quando, hoje, as lideranças sentem-se desanimadas por parecer que dão murro em ponta de faca, pois a maioria dos políticos que está aí sonha em se perpetuar no poder, resta lembrar que o brasileiro não desiste. Pode até cansar, mas precisa se dar conta de que entregar de mãos beijadas o futuro, especialmente dos mais jovens e das crianças, é um crime, na cumplicidade de quem se omite em viver e fazer política…

(Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/DIV4krT4ahI)

domingo, 12 de outubro de 2025

Simplesmente assim: Compaixão

Os olhos percorrem as misérias humanas

Por imagens de televisão,

Fotografias que estancam um momento, 

Textos jornalísticos que povoam a imaginação.

Naturalizou-se a vida abandonando corpos

de crianças, mulheres, idosos,

Sem que tenham compreendido o que fizeram

Para merecer a fome, a miséria,

As bombas, os longos caminhos, forçados a

Peregrinar por um mundo que não os quer.


No naufrágio da nossa humanidade,

Erguer um celular para registrar uma desgraça

Significa a perda do sentido da solidariedade.

Ali, onde pessoas agonizam, 

Expira a religião, a política, a compaixão, 

A esperança de construir uma Terra para todos…

Quando a dor vence as lágrimas,

O fundo do poço é um olhar perdido,

Incapaz de alcançar a luz com a qual sonhou

E que se mostrou uma triste e infame realidade!


(Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/HxFMuWVJUdI)

sábado, 11 de outubro de 2025

A Bibliotecária de Auschwitz

Leituras e Lembranças:

O livro de Antonio G. Iturbe é romance histórico baseado nas vivências de Dita Dorachova, uma adolescente judia/checa enviada para o campo de concentração de Auschwitz durante a Segunda Guerra Mundial. Concentra-se no Pavilhão 31 do Campo Familiar de Terezín (dentro de Auschwitz-Birkenau). Local supervisionado pelo prisioneiro Fredy Hirsch, que convence os nazistas a permitir a criação de uma escola, uma espécie de "creche", para manter a esperança e a moral das 500 crianças ali abrigadas.

Nesse contexto, Dita, de 14 anos, assume a responsabilidade de ser a "bibliotecária", com oito livros clandestinos e desgastados, que escondem e transportam constantemente, sob o risco de morte, se descobertos. Narra a vida de um campo de concentração e como Dita e os professores arriscam-se para preservar o conhecimento, a educação e a dignidade. Os livros são um ato de rebeldia e janela de esperança para crianças e adultos. Por um momento, transportando-os para fora da dura realidade do campo de extermínio.

Acompanha a coragem de Dita, a luta de Fredy e a resiliência dos prisioneiros, transformando a preservação da cultura e do ensino em um dos atos de resistência mais importantes no meio do terror do Holocausto. Explora temas como o poder da leitura, a amizade, o medo, a esperança e a capacidade humana de encontrar luz na escuridão.

"A Bibliotecária de Auschwitz" é uma obra profundamente tocante e impactante, que cumpre o papel de revisitar os horrores da Segunda Guerra Mundial sob uma perspectiva de resistência silenciosa e poder intelectual. O aspecto mais elogiado do livro é o modo como a figura dos oito livros clandestinos e da bibliotecária Dita se tornam poderosos símbolos. Embora trate um tema pesado, Iturbe envolve o leitor focando personagens-chave e suas pequenas vitórias e grandes medos.

O fato de ser um romance baseado em uma história real (a de Dita Kraus, que o autor conheceu) confere à obra uma camada extra de emoção e significado histórico. O livro não romantiza a tragédia, mas usa a ficção para dar voz e corpo àqueles que resistiram pela via da educação. É leitura marcante e necessária para quem aprecia histórias sobre o Holocausto, destacando que a esperança e a dignidade podem ser encontradas e protegidas nos lugares mais sombrios, e que a leitura é, em si, um ato de liberdade e perseverança.

(Pesquisa e imagens com apoio da IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/-BAal57d1os)

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Com a bunda (ou nádegas?) no chão

Artigo da semana:

Já lá vão duas semanas desde que tive o privilégio de acompanhar o Jairo Costa, sua esposa, a Eleida; a Clélia, o Paulo e o Jairo Trindade numa trilha pelo Cerro das Almas, em Capão do Leão. Conhecem a expressão: “para baixo todo o Santo ajuda”? Pois descobri que não é bem assim… Até que subimos bem, considerando que o caminho percorrido era a antiga estrada por onde passavam as cargas de pedra. Agora, a trilha é reduzida, com a proteção de mata que ameniza a temperatura e aconchega os passos.

Chegar ao topo é testar o fôlego, nos dois sentidos: físico e psicológico. Ainda não estava arfante, mas quase. E lançar o olhar à distância tinha o gosto de contemplar um instante precioso e privilegiado. A Natureza do que parece uma imensidão, com matas, pastagens, pequenos lagos, a cidade e os pequenos agrupamentos, além das estradas dos homens, de onde chega o silêncio, num riscado de carros, ônibus e caminhões que fogem a sua pretensa importância urbana.

Ao sairmos da Pedreira do Estado, esqueci de pedir uma das varas que se usa como apoio. O Jairo Costa foi gentil em ceder a sua. E foi de três pernas que começamos a descida. Em determinado momento, olhei para a frente e o Jairo Trindade estava indo ao chão. Pensei que eu também não iria escapar de me abraçar com a mãe Terra. Foi automático. Senti faltar o apoio e fui ao chão com a parte das nádegas sofrendo o impacto. Não sei se doeu mais a dor física ou o ego ferido, já que estava convencido de ser um grande trilheiro… 

Um lado mais íngreme, ainda judiado pelas recentes chuvas, com os sulcos por onde a água avança e deixa sua marca na encosta. Demoramos mais na volta. Não por cansaço, mas por ser necessidade de um maior cuidado. Em duas ocasiões, acreditei que iria repetir o tombo. Não aconteceu por algo que se faz natural entre pessoas que se aventuram nas trilhas: a solidariedade. Cuidar de si, sem deixar de estar atento a quem está junto, especialmente quando se percebe a maior fragilidade em outros acompanhantes.

Valeu a pena. Inclusive, o tombo. O menino Zezé, no livro Meu Pé de Laranja Lima, ouviu dizer que era feio falar em “bunda”, que deveria substituir por “nádegas”. Achou difícil pronunciar a palavra, mas, quando usou, para ter certeza de ser entendido, preferiu usar “as nádegas da bunda”. Mesmo a experiência do chão duro do Cerro das Almas não arrefeceu a vontade de voltar. Afinal, entre tombos e trilhas, o importante é não perder o foco no companheirismo. É a resiliência que justifica vivenciar a solidariedade…

(Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/V6m5EI6uask)


domingo, 5 de outubro de 2025

Enfim, encontrarei a paz…

Simplesmente assim:


A imaginação percorre caminhos

Traçados pelas estrelas por entre os mistérios do firmamento.

Ali, foi definido o rumo que um dia vou percorrer.

Não resisto em acalentar o sonho de que

Tenho um lugarzinho reservado nos Céus…

Sentar aos pés de uma grande roda,

Onde se reúnem aqueles que me fazem falta.

Quedar-me em doce contemplação,

Embevecido pelas vozes que alimentam minhas saudades.

 

E quando, cansado, cerrar os olhos,

Ouvindo o murmúrio das conversas que prolongam meu passado,

Perceberão um sorriso apossando-se do meu rosto.

Encostado de encontro às pernas de quem amei,

Enquanto sua mão acaricia minha cabeça,

Enfim, encontrarei a paz…

Serão poucas as palavras,

Muitos os silêncios.


O sentimento de que contemplar a Eternidade

É dar sentido a tudo aquilo que, em vida, um dia me fez feliz!


(Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/fFUv9o3NOtI)


sábado, 4 de outubro de 2025

Seja Fiel aos Seus Sonhos

 

Leituras e lembranças:

O monge beneditino e escritor alemão Anselm Grün reflete sobre a importância de manter vivos os desejos mais profundos e de encontrar a plenitude na experiência do presente. Parte da premissa de que o desejo é força vital inata ao ser humano, que "não se deixa abater por nada". Pois, embora a euforia e a intensidade dos sonhos da juventude possam diminuir com o tempo, o desejo, em essência, não se extingue, mas transforma-se e se aprofunda.

Convida a "fazer-se desejo pela própria vida". Não trata apenas de metas e objetivos futuros, mas principalmente da urgência de viver o momento presente com consciência e plenitude. O principal desejo, segundo ele, deve ser o de "Descobrir como a vida é fantástica e perceber isso agora". Grün utiliza sua experiência como conselheiro espiritual e profunda familiaridade com a espiritualidade beneditina e a psicologia (especialmente a de C.G. Jung) para guiar o leitor. 

Aborda temas como: A natureza do desejo e a distinção de simples anseios superficiais; a necessidade de nutrir os sonhos em cada fase da vida; a arte de descobrir e viver as maravilhas do exato momento; como lidar com as desilusões e transformá-las em oportunidades de crescimento; a relação entre os sonhos e a busca por um sentido maior na vida. Em suma, é um manual de espiritualidade que incentiva a fidelidade à vocação interior, encontrando a satisfação não em um futuro distante, mas no aqui e agora.

O mérito de Grün é unir sabedoria milenar (a tradição monástica) com uma linguagem acessível e contemporânea. Destaca-se a conexão espiritual e psicológica, pois consegue integrar a visão de que a fidelidade aos sonhos é um caminho de autoconhecimento e espiritualidade. Não propõe apenas uma busca por sucesso material, mas uma jornada interior em direção à totalidade do ser, à nossa "verdadeira imagem".

Oferece um contraponto à cultura da incessante busca pelo futuro. Ao focar na "urgência de vivê-lo" (o momento), ensina que a plenitude está em valorizar o que se tem e o que se é, o que é um bálsamo para a ansiedade moderna. Ênfase na universalidade da mensagem, já que a importância do desejo e do sonho toca qualquer um, independente de sua fé ou estilo de vida. O conceito de transformação do sonho é poderoso. Valida a experiência de quem sente que os sonhos de juventude "morreram", mostrando que eles apenas evoluem.

Como em muitas obras de espiritualidade, o tom pode ter, por vezes, excesso de otimismo. Embora a intenção seja inspirar, a realidade de lidar com grandes frustrações pode exigir mais do que apenas a "descoberta do fantástico" no presente. Grün compensa ao discutir a paciência, o silêncio e a aceitação como partes do processo. Motivo pelo qual "Seja Fiel aos Seus Sonhos" é recomendado para quem busca uma espiritualidade encarnada, que valoriza a vida comum e ensina a encontrar o sagrado no cotidiano. Inspira a coragem de desejar e a disciplina de viver conscientemente.

(Pesquisa com a IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/2emgPpXlPRw?si=GJUBH5ach_C0EJfo)

Quem poderá salvar-nos da polarização?

 Artigo da semana:

A luta do final de semana entre Popó e Wanderlei Silva teve um lance que poderia ser sutil se não fosse a realidade em que se vive: a necessidade de um meio de comunicação de classificar um dos oponentes como “bolsonarista” (polarização e dicotomia). O que era para ser uma disputa esportiva acabou virando o que os antigos vão lembrar: “um ringue 12 Marinha Magazine”. Referência às lutas ensaiadas das décadas de 60 e 70, transmitidas pela televisão. Só que desta vez não havia combinação de coreografia e o pau comeu solto!

Brutalidade é o que esperam os espectadores que atravessam a madrugada em busca de um confronto. Mas surpreende (?) que esteja se normalizando o uso de expressões da política em áreas da cultura popular (desde as arenas e os gladiadores, estes confrontos fazem parte do “pão e circo”) que oferece àqueles que têm uma mentalidade mais simples um entretenimento que dispensa reflexão. Basta se “divertir” com os murros que se gostaria de dar, restando os meios de comunicação para sublimar desejos e frustrações. 

Em aula, encontro arautos de um pensamento mais à esquerda ou à direita. No caso da Igreja Católica, conservadores ou progressistas. O “nós contra eles” é uma experiência em que fui testado em sequência de embates onde, ao invés do confronto, se prefere “comer pelas beiradas”, isto é, apresentar a pílula dourada e cativar incautos. É uma questão de tempo para se ver o quanto mentes menos preparadas assimilam o “discurso”, muitas vezes sem a capacidade de entendimento, mas como “papagaios de pirata”.

Difícil convencer as pessoas de que também são instrumentalizadas. Um observador percebe o quanto o conservadorismo varre os continentes, focando, especialmente, nos pontos de difusão do conhecimento. No caso da Igreja Católica, o próprio Vaticano, terra de disputa entre conservadores e progressistas. Também manipulados por políticos ao nível internacional, desejosos de fazer uma foto com o papa Leão, mas não de seguir seus conselhos. Pressionando para retroceder em tudo aquilo que avançou o papa Francisco.

As relações internacionais já foram pautadas pela lógica do comércio e respeito aos bons negociadores. Hoje, virou terra de ninguém. A última assembleia das Nações Unidas foi trágica e cômica: alguns políticos, sem qualquer preocupação com a desfaçatez, transformaram o que deveria ser um dos espaços mais sagrados para tratar dos problemas da humanidade em piada. Mentiras foram ditas, engôdos declarados e restou o gosto de que a sociedade virou massa de manobra por interesses escusos. Entre Popó, Wanderlei e nossos políticos, apele-se para o Chapolin Colorado: “quem poderá salvar-nos?!”

(Imagem gerada pela IA Gemini. https://youtu.be/miund8jyBFI?si=2_TAEukoS-Yhu3dE)