Num país em que administradores (em especial, parte do poder judiciário) perderam a noção de vergonha, deixando de prestar atenção às demandas da sociedade e capazes de colocar a culpa pelos problemas econômicos no salário mínimo do trabalhador e aposentado. No entanto, preservam seus ganhos, com penduricalhos que podem ser legais, mas afundam na imoralidade.
Ou de formadores de opinião religiosos que discursam na inconsistência de uma realidade celeste que não se ancora na realidade terrestre. Em especial quando misturam dinheiro, poder e religião, numa salada injustificável, mas rendosa na exploração da boa-fé dos crentes mais simples, muitas vezes desesperados por encontrar uma cura para suas mazelas.
Uma dicotomia assustadora que não se importa mais com uma discussão saudável, mas em pensar a maneira de exterminar quem não pensa da mesma forma. Com minha participação, este ano, em algumas páginas de literatura, em nível nacional, vi simples comentário sobre o papa Francisco e sua doença, assim como do filme “Ainda estamos aqui”, apedrejados por pessoas que sequer se deram ao trabalho de ler. O simples fato de tratar de assuntos religiosos ou políticos acionou o gatilho da estupidez.
Do que acontece no cenário nacional e internacional, já não tenho esperança de ver as mudanças necessárias para que se viva numa sociedade justa e solidária. Num mundo em que somos praticamente todos migrantes, o discurso de ódio e de polarização cria guetos sem sentido. Excludentes com relação aos originários e àqueles que mais sofrem com os problemas criados no meio ambiente pelas sociedades chamadas de desenvolvidas. Tristemente, pode-se até perguntar: ainda podemos nos considerar racionais?
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