terça-feira, 29 de abril de 2025

Nos ecos da Semana Santa…

Por muito tempo, o período da Semana Santa, que inicia no domingo de Ramos e vai até a celebração da ressurreição de Jesus, pelos cristãos, era a culminância da Quaresma. Adequado para a introspecção, o diálogo consigo mesmo, ou seja, a reflexão e a meditação. Nos trabalhos que faço com Comunicação Motivacional, defendo ser a chave para integrar autoconhecimento e a compreensão das emoções, num tempo em que a pressa do “fazer” tirou a capacidade do pensar e planejar a própria vida.

Quando se fala em “reflexão”, está se referindo ao momento de parar, observar pensamentos e sentimentos, e questionar experiências, revisando a própria vida. Podemos nos perguntar: "Por que reagi dessa forma?", "O que essa emoção está tentando me dizer?", "Quais padrões de pensamento estão influenciando minhas ações?". A reflexão ajuda a aprender com o passado, a entender o presente e a planejar o futuro com mais clareza.

Já a meditação é a prática que aquieta a mente e cultiva a presença no agora. Através da meditação, pode-se observar pensamentos e emoções sem nos identificarmos com eles, como se fossem nuvens passageiras no céu das nossas consciências. Essa prática fortalece a capacidade de concentração, reduz o estresse e conecta com uma parte mais profunda de nós mesmos.

Quando se descobre a beleza da prática da reflexão e da meditação, também se consegue fazer a retroalimentação. Pois quanto mais nos conhecemos, mais fácil fica identificar e compreender as emoções. E, quanto mais se cultiva o diálogo interno, mais profundo se torna o autoconhecimento e a capacidade de lidar com o nosso mundo emocional.

Tempos religiosos são propícios para se pautar a vida para além das necessidades imediatas. Infelizmente, a laicização penetrou no campo espiritual e transformou em “técnicas” o que é a capacidade de respirar, transcender o momento presente, angústias e necessidades imediatas. Não apenas o cristão que vivencia os tempos de fé, mas a oportunidade de se conectar com o transcendente no que sonha o espírito e no qual o próprio corpo anseia por serenar…


domingo, 27 de abril de 2025

Simplesmente assim: Desnudar-se

Percorro a ladainha dos meus sonhos

Como quem se joga na profundeza de uma prece.

O murmúrio das minhas intenções

Ganha eco nas palavras intencionadas.

Sem a profundidade do que brota do coração,

O que emerge dos sentidos

Apenas colore o horizonte dos desejos,

Com a ânsia de desvelar os olhos para o Infinito.

 

Denudar-se diante do Eterno é a oração 

Que alcança o espírito, quando se 

Chega mais perto do que transcende a realidade.

A sintonia que beira a perfeição.

A carência dos sentimentos antecipa

A possibilidade de serenar a alma,

Entregando-se ao que nos seduziu 

Pelo etéreo sentido da própria fé!


sábado, 26 de abril de 2025

Inverno Russo, de Daphne Kalotay

"Inverno Russo", da escritora americana Daphne Kalotay, é um romance que tece habilmente o passado e o presente, a Rússia pós-Segunda Guerra Mundial e a Boston contemporânea, através da vida da ex-bailarina do Bolshoi, Nina Revskaya. Daqueles livros que te prende aos poucos, situando, na Boston atual, a idosa e debilitada artista, que decide leiloar sua valiosa coleção de jóias. Cada peça detém memórias vívidas de seu tempo na Rússia, de seus amigos artistas sob o regime stalinista e do segredo obscuro que a levou a fugir para uma nova vida.

A narrativa intercala o presente, acompanhando a organização do leilão, enquanto as revelações surgem sobre o passado de Nina, com a história dela jovem na Rússia. Um mergulho em seu treinamento rigoroso no Bolshoi, relacionamentos complexos, o ambiente opressivo e a crescente paranoia da era stalinista. A história explora temas como amor, perda, traição, redenção e o poder duradouro da arte em meio a turbulências históricas.

O texto de Kalotay é elegante e envolvente, com personagens bem construídos e cenários ricamente detalhados. Equilibra suspense e emoção, conduzindo o leitor por segredos e revelações até um final surpreendente. "Inverno Russo" é um livro cativante que combina mistério, romance e drama, oferecendo uma visão fascinante do mundo do balé russo e da vida sob um regime totalitário. É uma leitura recomendada para quem aprecia ficção histórica bem escrita, com personagens complexos e uma trama envolvente.

Após tê-lo comprado num sebo, emprestei ou sugeri para poucos. É uma obra que possui toque refinado de algo que se degusta como um apreciador que reserva seu tempo para acarinhar um bom vinho... Um mergulho em dois mundos distintos, onde se surpreende com a descrição das paisagens e a densidade dos personagens. Ficção histórica é a literatura que compensa as lacunas dos registros oficiais, onde, quase sempre, estão ausentes as vivências das pessoas comuns que, de fato, sangram para descrever a própria vida. (com pesquisa da I.A. Gemini)  

Este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com. 

sexta-feira, 25 de abril de 2025

Para, enfim, não chorar em silêncio…

Desvelar um outro olhar passa por

Um sorriso distraído, vistas abaixadas,

Mostrando que se anseia em fugir da rotina,

Conseguindo estender o que se vislumbra

Para além da imaginação.

A vida acomodada na mesmice

Vai, aos poucos, toldando a visão.

Embretar-se por caminhos repetidos

Não apenas anestesia os sentidos,

Também anula os sentimentos.

 

O fundo do poço é quando se pensa:

"Não vale mais a pena."

Tudo pelo qual se lutou

Parece não dar em nada.

Forças e energias drenadas por aquilo que,

Hoje, já não se sabe se era importante.

Desfilam pelas memórias

Momentos bons e outros nem tão bons assim.

Como muitos rostos que foram

Se perdendo pelos labirintos das memórias.

 

As palavras esvoaçam com a brisa.

Quando o vento bate na roseira

Traz o eco de muitas e sentidas saudades.

Alongar a vida é experimentar que

O tempo é o senhor das lembranças.

Colocando no rosto um sorriso enviesado,

Finalmente, mostra

O quanto se perdeu com detalhes,

Enquanto o certo seria apenas amar e sorrir

Ou, quem sabe, sorrir e amar...

Para, enfim, não chorar em silêncio…


terça-feira, 22 de abril de 2025

As cinco linguagens do amor na família

No dia 24 de abril, uma quinta-feira, vou estar na capela do Cenáculo, em Pelotas, atendendo convite da equipe Família de Nazaré, do Movimento Familiar Cristão, para uma Escola de Formação. Volto às atividades com este grupo - o que me dá uma grande alegria - para conversar sobre o livro do pastor Gary Chapman "As Cinco Linguagens do Amor". Claro que o destaque será este lugar tão importante para todos nós - a família - de onde bebemos e vivenciamos referências para comportamentos sociais e da fé.

Chapman oferece um panorama das formas como as pessoas expressam e recebem amor, algo que se entrelaça com a visão cristã católica sobre a família. A Igreja Católica a valoriza como um alicerce da sociedade, um local de amor, apoio e crescimento. É vista como um reflexo do amor divino, onde o amor conjugal e parental espelha o amor de Deus pela humanidade. A importância do amor, do respeito e do serviço mútuo dentro da família é constantemente enfatizada.

Na visão católica, as cinco linguagens do amor (palavras de afirmação, tempo de qualidade, presentes, atos de serviço e toque físico) podem ser vistas como ferramentas para fortalecer os laços familiares, em consonância com seus ensinamentos. Promover um ambiente familiar amoroso, harmonioso, onde cada membro é valorizado e amado. Onde se busca o bem-estar do próximo, expresso por atos de serviço, palavras de afirmação e qualidade do tempo de convívio.

É importante não esquecer que se torna essencial lembrar que o amor cristão vai além das emoções e sentimentos, envolvendo também o compromisso, o sacrifício e o serviço ao próximo. A aplicação das linguagens do amor deve ser guiada pelos princípios cristãos do amor, respeito e compaixão. "As Cinco Linguagens do Amor" pode ser uma ferramenta útil para fortalecer os relacionamentos familiares, desde que aplicada à luz dos valores e ensinamentos cristãos católicos sobre a família.

Passados cinco anos do início da pandemia, claudicantes no convívio, os grupos sociais e religiosos precisam do estímulo da corresponsabilidade para se reenergizar. O conhecimento das teses é muito importante, mas, mais ainda, o convívio carinhoso de quem se encontra na fé. O desafio é grande, tendo em vista que o fortalecimento de laços se dá no presencial. A educação emocional se concretiza quando se compartilha experiência e testemunho. Garantindo o resgate dos mais elementares valores familiares…


domingo, 20 de abril de 2025

Simplesmente assim: Jornada

O rio traça destinos, seguindo a direção do mar.

Desaguando num outro rio,

Sabe que prossegue e cumpre uma mesma jornada. 

O ciclo da vida em que a Natureza se esmera

Ao mostrar que o repetido

É a energia vital alimentando as veias da Terra.

Aduba as margens, renova o solo,

Atende a súplica dos agricultores,

É benção que coloca alimento na mesa dos homens.

 

Até o barco que, dolentemente, se arrasta em seu leito

Direciona o olhar em busca do Sol poente.

Onde repousam as súplicas e

As esperanças de quem não se conforma.

Angustiado, precisa acreditar que todos os rumos

Conduzem às águas mais profundas.

Onde a imensidão e o mistério habitam o horizonte:

O lugar do sonho,

Enfim, encontrar um sentido para toda a jornada!


sábado, 19 de abril de 2025

O Menino do Dedo Verde

Como comentei anteriormente, "O Menino do Dedo Verde", do francês Maurice Druon, completa os quatro livros em que baseio minhas reflexões sobre “humanidades". Além dele - para lembrar - estão o Pequeno Príncipe, o Profeta e Fernão Capelo Gaivota.  Conta a história de Tistu, um menino com um dom especial: o "dedo verde", que faz brotar flores e plantas onde quer que ele toque.

Uma reflexão sobre a importância do cuidado com a natureza e a beleza que proporciona. A capacidade de Tistu de fazer o bem através das plantas serve como metáfora para o poder da natureza e a necessidade de sua preservação. Mais: Usa seu dom para espalhar beleza, alegria e solucionar problemas, mostrando o impacto positivo que a bondade e a generosidade podem ter no mundo.

É um alerta social quando, numa narrativa aparentemente simples, tece críticas a instituições como a família, escola, hospital e a prisão, convida o leitor a refletir sobre o funcionamento da sociedade e possível transformação. Sem perder o olhar da infância, convida a ver o mundo pelos olhos da criança, com sua inocência, capacidade de se indignar com injustiças e crença em um mundo melhor.

O livro também aborda a temática da educação, mostrando a importância de um aprendizado que vá além do formal e esteja conectado com a vida e com os valores humanos. A linguagem do livro é poética e delicada, o que contribui para o seu encanto. A narrativa flui de forma leve e envolvente, tornando a leitura acessível a crianças e emocionante para adultos. Impossível não se comparar com o Pequeno Príncipe, na sua mensagem universal, linguagem singela e profundidade das reflexões que suscita.

Utilizam narrativa aparentemente infantil para abordar temas complexos e tocar o coração do leitor. São atemporais. Encantam com a magia dos protagonistas; despertam reflexões importantes sobre a natureza, a bondade e a sociedade; tocam o leitor com sua sensibilidade e poesia; são leituras valiosas para todas as idades. Enfim, “O Menino do Dedo Verde” é história cativante e mensagens significativas com a marca dos clássicos que transcendem os tempos. E tem a participação para lá de especial do inesquecível dom Marcos Barbosa, na tradução. (Com pesquisa da I.A. Gemini)


sexta-feira, 18 de abril de 2025

Abre os olhos, Senhor!

Abre os olhos, Senhor.

Os homens rememoram 

A tua agonia, paixão e morte.

O triste filme da dor e da desesperança

Passa diante dos olhos:

Os amigos ausentes no último momento, 

A Mãe consumindo as forças para te acompanhar,

A solidão do caminho, cercado pela multidão.

Olhar sobre a história e ver que outros te abandonarão... 


O tempo não passa.

A agonia do lugar de onde tens a derradeira 

Visão da humanidade que sempre te preocupou. 

Em meio à dor dos pregos na crucificação, 

Sentes a dor da incompreensão. 

Os curiosos, os desafetos, 

O pequeno grupo assustado de

Quem Te ouviu sem Te compreender 

E por isso mesmo pensam que é o fim.


Abre os olhos, Senhor. 

No sepulcro, estás cercado pelo silêncio e pela solidão. 

Serão três dias para harmonizar a tua divindade. 

É o tempo da espera.

A preparação que custou a imersão na vida do homem,

Entregando a própria existência 

Para jogar luz sobre a humanidade.

A promessa da vitória sobre a morte, a certeza 

De um encontro marcado por Ti no tempo da Eternidade!


terça-feira, 15 de abril de 2025

Podemos nos considerar racionais?

Daqueles personagens antigos, clássicos do humor brasileiro, havia um que repetia o bordão: "eu sou normal, eu sou normal", em situações em que alguém interagia dizendo o óbvio para qualquer situação. Confesso que nunca entendi plenamente a minha sanidade mental, pelo simples fato de acreditar serem as chamadas "pessoas normais" chatas por precisarem provar sempre que atendem ao "politicamente correto".

Num país em que administradores (em especial, parte do poder judiciário) perderam a noção de vergonha, deixando de prestar atenção às demandas da sociedade e capazes de colocar a culpa pelos problemas econômicos no salário mínimo do trabalhador e aposentado. No entanto, preservam seus ganhos, com penduricalhos que podem ser legais, mas afundam na imoralidade.

Ou de formadores de opinião religiosos que discursam na inconsistência de uma realidade celeste que não se ancora na realidade terrestre. Em especial quando misturam dinheiro, poder e religião, numa salada injustificável, mas rendosa na exploração da boa-fé dos crentes mais simples, muitas vezes desesperados por encontrar uma cura para suas mazelas.

Uma dicotomia assustadora que não se importa mais com uma discussão saudável, mas em pensar a maneira de exterminar quem não pensa da mesma forma. Com minha participação, este ano, em algumas páginas de literatura, em nível nacional, vi simples comentário sobre o papa Francisco e sua doença, assim como do filme “Ainda estamos aqui”, apedrejados por pessoas que sequer se deram ao trabalho de ler. O simples fato de tratar de assuntos religiosos ou políticos acionou o gatilho da estupidez.

Do que acontece no cenário nacional e internacional, já não tenho esperança de ver as mudanças necessárias para que se viva numa sociedade justa e solidária. Num mundo em que somos praticamente todos migrantes, o discurso de ódio e de polarização cria guetos sem sentido. Excludentes com relação aos originários e àqueles que mais sofrem com os problemas criados no meio ambiente pelas sociedades chamadas de desenvolvidas. Tristemente, pode-se até perguntar: ainda podemos nos considerar racionais?


domingo, 13 de abril de 2025

Simplesmente assim: Origamis

Miniaturas de sonhos em papel colorido.

Ao mais requintado e sublime artesanato.

Origamis são

Desafio para as habilidades das mãos,

Que se esmeram em dar vida

Aos seres que surgem e se enfileiram

No momento em que eclode a imaginação.

 

A paciência e o carinho transparecem

Numa simples dobradura de papel,

Quando as formas emergem e

Transformam sonhos em

Aves que ainda não levantaram voo,

Animais que brincam em meio aos dedos,

Despertando um sorriso no tempo que parou.

A arte que dá forma aos sentimentos

Aproxima, afaga e acarinha 

O olhar até se recolher ao coração…


sábado, 12 de abril de 2025

Fernão Capelo Gaivota

Leituras e lembranças:

A história de Fernão Capelo Gaivota, de Richard Bach, centra-se em Fernão, uma gaivota que não se contenta com a rotina básica de voar para encontrar comida. Em vez disso, sente uma paixão intensa pelo ato de voar em si, dedicando-se a aprender acrobacias aéreas cada vez mais complexas e a atingir velocidades impressionantes.

Sua obsessão pelo voo e busca da perfeição individual coloca-o em conflito com o resto do seu bando, que valoriza a conformidade e o voo utilitário para a sobrevivência. Considerado uma ameaça à ordem estabelecida, Fernão é banido do seu bando.

Sozinho, Fernão persiste em aprimorar as habilidades de voo, alcançando feitos notáveis. Após a morte, ascende a um plano de existência onde encontra outras gaivotas com a mesma paixão pelo voo e pelo conhecimento. Lá, continua a aprender e a evoluir, acabando por regressar ao bando original para partilhar os conhecimentos e inspirar outras gaivotas a procurarem a própria perfeição e liberdade.

A obra é uma alegoria sobre a importância da liberdade individual, da busca pelo conhecimento e da superação de limites impostos pela sociedade ou pelas convenções. Simboliza o indivíduo que ousa ser diferente e que persegue os seus sonhos com paixão e determinação, mesmo enfrentando o ostracismo e a incompreensão. A mensagem central do livro é a de que cada ser tem o potencial para ir além das limitações percebidas e alcançar um nível superior de existência através da aprendizagem e da autodescoberta. (Com pesquisa da i.a. Gemini).


sexta-feira, 11 de abril de 2025

O amor que não se grita…

As carências são sempre frustrações que 

Sentimos ao faltar alguém que nos proteja.

Quando crianças, a segurança está em

Erguer os olhos e encontrar com os da mãe;

Na maturidade, a descoberta e o

Encontro de uma amizade ou parceria de vida;

Na velhice, a carência das carências,

Ansiar pelas mãos estendidas por quem bebeu

Conosco da mesma fonte do amor...

 

Como o sonho da borboleta

Que se plenifica de luz enquanto eclode o casulo,

Tentando compreender porque se desvencilhar

Do que é proteção para alçar voo pelos jardins.

Flutuar não é apenas e tão somente um instinto,

Mas a necessidade de alcançar novos horizontes.

O que satisfazia no que foi abrigo,

Se transforma em expectativa,

Num tempo em que mudança e transformação

Giram a roda da vida e aceleram a emoção.

 

Deixar o aconchego da primeira morada

Não é mergulhar no caos.

Pode ser a harmonia do que ainda não se compreende.

Encantado pela canção que teima em ficar na memória,

No abraço pelo qual se suspira,

No aspirar por novas cores e formas.

A sinfonia dos sentidos que se harmonizam,

Intuindo a própria partitura.

A certeza de que o amor não precisa ser gritado,

Apenas penetrar pelos sentidos e

Concretizar a metamorfose dos sentimentos…


quarta-feira, 9 de abril de 2025

Porque a gente nunca fica sozinho…

 

Semeando 2025

Semeando é um trabalho da Pastoral da Juventude da diocese de Bagé. Foi lá que fiz uma das mais belas experiências em trabalhar com jovens e seus assessores. Nesta terra acolhedora encontrei muitos irmãos de fé e alguns “netos de coração”! 


Os corredores estão vazios.

Por onde transitavam jovens e adultos,

Apenas o silêncio da saudade se faz presente.

O vento que bate uma porta,

A coruja, o sapo e o grilo

Que silenciaram na noite em que os jovens

Brincaram pelo pátio até a madrugada e

Viram aprontar as malas,

Dar muitos abraços e partirem.…

 

Nos espaços transformados

Num grande aconchego, um imenso colo,

Ficou o sentimento da espera.

Toda a chegada já sinaliza uma partida.

Ainda mais quando vêm

Em busca da energia necessária

Para serem presença diferenciada

Na sociedade, na família e nos seus grupos.

 

Ainda vamos nos reencontrar…

Interagir pelas redes sociais é o alimento

Que sinaliza possibilidades.

Ali adiante, depois que vivenciarem

A realidade dos seus mundos,

Vão retornar para que se possa

Sorrir, aconchegar num carinho,

Dar uma palavra de estímulo.

A certeza de que a razão do reencontro 

É Aquele que dá sentido à existência:

O Amigo que transborda seu coração

Para dizer que, em momento algum,

Vai nos deixar sozinhos!

terça-feira, 8 de abril de 2025

Campanha da Fraternidade: Ecologia e mudanças climáticas

A Campanha da Fraternidade é desenvolvida, anualmente, pela igreja Católica. Nesta Quaresma, Aborda o tema “Fraternidade e Ecologia Integral”. Com o lema “Deus viu que tudo era muito bom”. Realizada de forma ecumênica, tem o apoio de outros credos religiosos, com momentos marcantes entre a Quarta-feira de Cinzas e a Páscoa para promover a solidariedade e encontrar soluções para problemas sociais. Baseia-se na encíclica do papa Francisco, Laudato Si (Louvado Sejas), destacando o cuidado com a casa comum, em especial o desperdício.

A igreja Católica tratar do meio ambiente e justiça social não é novidade. Muitas ações são realizadas neste período pelas dioceses para conscientizar seus adeptos, assim como simpatizantes. Um momento marcante aconteceu com a 47⁠ª Romaria da Terra, em Arroio do Meio, no vale do Taquari, com o tema “Reconstruir e cuidar da Casa Comum com fé, esperança e solidariedade”. A região foi das mais afetadas pelos desastres climáticos de maio do ano passado, que deixou o bairro Navegantes completamente arruinado. Romeiros celebraram a fé percorrendo ruas destruídas, vendo os estragos nas casas e equipamentos comunitários.

Muitos dos pontos anunciados no texto base da Campanha da Fraternidade têm a ver com educação. Em especial, a educação social e comunitária. Citando: “a importância de cuidar da Casa Comum; iniciativas inspiradas na Ecologia Integral; a conversão pessoal, comunitária e social; interligação entre as crises ambientais e sociais; o conceito de justiça socioambiental; a busca por um caminho de fé, ação e esperança; formas menos produtivistas de organização do trabalho e do tempo do trabalho; desacelerar o modelo desenvolvimentista, rever o modelo de progresso e desenvolvimento.”

Depois de muitos alertas, hoje, começa a tomar forma uma consciência social sobre as mudanças climáticas, o que a igreja chama de “conversão ecológica”. A intensificação dos períodos chuvosos e dos períodos de seca, tornaram difícil não perceber que a ação do homem transtornou a “casa comum, a criação divina”, da qual deveria cuidar. O sentimento é de que não se pode deixar para os nossos filhos os problemas que herdamos de nossos pais. Rezando para que ainda seja tempo de fazer as muitas e dolorosas mudanças necessárias….


domingo, 6 de abril de 2025

Simplesmente assim: Esquecimentos

E se amanhã meus óculos não estiverem no lugar?

Pouco vejo sem eles.

Aliás, minha miopia já transbordou dos olhos

E disseminou-se por outras partes do corpo:

Minhas mãos não alcançam o carinho que desejei;

Meus braços não enlaçam quem amei;

Sinto falta do cheiro das pessoas e dos lugares onde vivi;

Meu andar não tem a alegria da partilha de um mesmo caminho...

 

O esquecimento do que utilizo não é importante.

Apenas reflexo do acúmulo de lembranças que deveriam

Ter sido arquivadas no lugar que se chama "saudade".

Onde os mais jovens custam a chegar

E os mais velhos têm medo de perdê-las.

A concha, na cozinha; a caneta, na mesa de trabalho,

A cadeira de balanço e o ringir da porta na varanda.

Perdidos para, em algum momento, serem reencontrados.

As memórias armazenadas na saudade

Têm o gosto das coisas inspiradas pelo coração.


sábado, 5 de abril de 2025

Não ponha um ponto onde Deus pôs uma vírgula

O livro "Não ponha um ponto onde Deus pôs uma vírgula", de Shiva Ryu, se enquadra no gênero de autoajuda e espiritualidade. Oferece histórias de sabedoria e inspiração, convidando o leitor a refletir sobre a vida, a beleza e a importância de abrir o coração para novas perspectivas. Comecei a ler obras desta vertente coreana a partir do ano passado. Já incluindo: “Quando as coisas não saem como você espera” e “Amor pelas coisas imperfeitas”.

Ensina que muitas vezes nos deparamos com situações que interpretamos como finais absolutos. No entanto, mostra que, com a perspectiva correta, pode-se transformar esses momentos em oportunidades de crescimento e aprendizado.

Convida a abrir o coração, aceitar as dificuldades e desfrutar a beleza da vida. Recomendado para quem busca inspiração e transformação pessoal em momentos de crise ou mudança. Ideal para enfrentar desafios emocionais, profissionais ou espirituais. A obra oferece uma perspectiva renovadora sobre a continuidade da vida e a superação de obstáculos, valiosa para aqueles interessados em desenvolvimento pessoal, espiritualidade e autoconhecimento, pois propõe reflexões profundas sobre o significado das dificuldades enfrentadas e como elas podem ser o impulso para novos recomeços.

Através de histórias inspiradoras, a possibilidade de ver como a vida é cheia de beleza e sabedoria e que basta uma mudança de perspectiva para que se encontre o caminho para a realização. (Pesquisa com a i.a. Gemini)


sexta-feira, 4 de abril de 2025

As nuvens que vão passando…

Não muda.

Pouco importa o que os outros te digam.

Almejas viver livre, ao menos em espírito.

Queres um lugar ao sol durante o dia

E onde contemplar a lua e as estrelas à noite.

Quando disserem que não atendes expectativas,

Entrega teu olhar com um sorriso zombeteiro

E te dá o direito de andar por uma rua qualquer,

Sem escolhas, sem rumo.


Enterra as mãos nos bolsos,

E quando ergueres os olhos,

Chutando uma pedra na calçada,

Sentirás o doce sabor de não fazer nada.

Quando implicarem contigo,

Dizendo que és um sonhador,

Vivendo no mundo da lua,

Não perde tempo tentando explicar.

Ser sonhador e viver livre é o privilégio dado

Àqueles que não abrem mão de seus sonhos.

 

As lembranças guardadas com carinho

Duram por toda uma vida.

E a maior prova de amor é estar em silêncio

Diante da dor de quem se ama,

Com os braços e o peito prontos

Para drenar amarguras e dissabores.

Não te preocupa se queres deitar na grama

E somente ver as nuvens que vão passando.

Ignorar o tempo não é abrir mão de vivências.

É acreditar que um instante

Pode conter sementes de Eternidade…


terça-feira, 1 de abril de 2025

Orgulho de ser brasileiro

Estou atrasado em comentar o filme “Ainda estou aqui”, indicado como melhor filme, melhor filme estrangeiro e Fernanda Torres como a melhor atriz, no Oscar da Academia de Hollywood. Eram grandes as possibilidades. O cinema brasileiro nunca esteve tão em destaque com um filme/denúncia sobre um momento ainda tão mal contado da história do nosso país. A Academia agraciou a produção como melhor filme estrangeiro. O primeiro filme a alcançar tal reconhecimento na maior premiação internacional.

A indicação mobilizou parcela dos brasileiros como se fosse uma partida de futebol em jogo de final da copa do Mundo. Para uma população mergulhada na indiferença, diante desta dicotomia besta que se instalou no país, foi uma lufada de bons ares. Os integrantes da Academia reconheceram que o Brasil deixou sua marca ao impulsionar a atenção dada pelas redes sociais. Jornalistas viraram tietes e contam que estavam trabalhando e ouviam pessoas de outros países gritarem que estavam torcendo pelo Brasil.

Poucas vezes se viu tanto entusiasmo como quando atuavam Pelé, no futebol, e Ayrton Senna, correndo na Fórmula 1, por exemplo. Fernanda Torres brincou que faltava virar fantasia de Carnaval ou boneco nos blocos de Olinda e Recife. Não falta mais. Pelo Carnaval do Brasil, a presença de bonecos e de máscaras da personagem emblemática. Na pele de Eunice Paiva, esposa do ex-deputado Rubens Paiva (vivido por Selton Mello), desaparecido no regime militar, marcada pela força e de nunca desistir. 

Adaptando o livro do filho, Marcelo Rubens Paiva, Walter Salles colocou em cena duas das maiores atrizes das artes cênicas: a própria Fernanda Torres e sua mãe, Fernanda Montenegro. Esta última a precursora, pois também foi responsável por outra indicação ao Oscar com o filme Central do Brasil. Em seguida também chega ao streaming, passando diretamente em nossas casas. Mas, quem puder, sugiro que vá ao cinema assistir. A sala grande e a telona ainda tem um charme especial para quem gosta da sétima arte…

Somos brasileiros e são estes momentos que não nos deixam desistir. Quem foi ao cinema ficou impactado pela protagonista vivida por Fernanda Torres. A mulher que, mais do que não desistir, procura razão para que a família continue vivendo e não abdicar dos seus direitos. Luta com garras e dentes para saber o que efetivamente aconteceu com seu marido. O que continua sendo um “mistério” até hoje. Quem já viveu um pouco mais sabe que nossos governantes ainda nos devem explicações para muitos momentos que ficaram nebulosos na nossa história…