terça-feira, 17 de outubro de 2023

Uma ponte entre a barbárie e o berço da paz

O assessor da Casa Branca Henry Kissinger conta no livro Sobre a China as articulações feitas com os Estados Unidos para quebrar 20 anos de confrontos na década de 70. Os líderes dos dois países deixaram de lado suas diferenças ideológicas. Os Estados Unidos de olho num mercado com alguns milhões de consumidores. A China pensando que a América era dos males o menor quando via a possibilidade de uma guerra de fronteiras com a União Soviética e ainda tendo a possibilidade de ter problemas com a Índia.

Eram tempos difíceis, em plena “Guerra Fria”, em que o medo de uma disputa nuclear deixava meio mundo de cabelo em pé e a outra sem alternativas... Os ânimos se acomodaram quando os dois países se tornaram parceiros comerciais e deu no que deu: hoje os Estados Unidos preocupam-se com o desenvolvimento do que sempre julgou ser um estado atrasado, por ser majoritariamente agrícola, sendo considerado mais um peão no tabuleiro internacional, que precisava ser retirado da órbita soviética.

Não é muito diferente, hoje, quando se veem os conflitos, como o gerado pelo Hamas, com aqueles que o instigam, assim como as cortinas de fumaça (também das artilharias e bombas) que toldam o horizonte. É preciso repetir que as populações civis nunca pedem guerras, pois são sempre as mais prejudicadas. No entanto, servem de massa de manobra quando seus brios são exacerbados por quem detém o poder – e muitas vezes luta para não perdê-lo – assim como quem deseja tomá-lo de assalto.

Deixando claro o que já disse aqui: as guerras nunca foram religiosas (aqui, no caso, Judaísmo x Islamismo). Estas são narrativas para justificar interesses de poder (políticos), de dinheiro (o milionário comércio de armas), vaidades (supostos estadistas insubstituíveis), sexo (sim, já tivemos guerras por este motivo). E, no caso, é ainda mais complicado entender uma história de idas e vindas numa terra de forte apelo religioso, mas também uma das encruzilhadas geopolíticas do Mundo (veja-se o caso do petróleo).

A Terra Santa, especialmente Jerusalém, é a convergência de três grandes religiões monoteístas (Judaísmo, Islamismo e Cristianismo), com muitos dos seus males e alguns delírios. Lugares históricos (e nem tão históricos assim) são preservados e servem de referência ao Cristianismo, por exemplo. Como o caso de grupos que pregam a volta de Jesus, o fim do Mundo - o Apocalipse. Inclusive brasileiros transformam investimentos naquele país em “garantias” de um quinhão na restauração do reino dos céus...

Pedir a morte de israelitas ou palestinos é ato de insanidade de quem desconhece que, em muitos lugares, os dois povos já convivem tranquilamente. Crentes honestos com suas religiões não podem apoiar estados ou grupos que defendem as armas e a guerra. Destruir significa empobrecer exatamente aqueles que já estão na beira da miséria. Na dificuldade de construir pontes, para quem ainda tem algum bom senso, sobra rezar a fim de que a barbárie não prevaleça na terra que deveria ser o berço da paz!

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