terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Eduardo e os pés da Princesa

A posse dos governadores trouxe, no Rio Grande do Sul, uma agradável surpresa: pela primeira vez acontece a reeleição de quem estava no cargo, no caso, o filho da Lica e do Marasco, o pelotense Eduardo Leite. Em qualquer lugar, fato comemorado já que um filho da terra atinge lugar de destaque social e na política partidária. Tendo enfrentado a primeira eleição bem difícil; a seguinte, especialmente no segundo turno, transformou-se numa polarização que o consagrou, hoje, como referência política nacional.

Com a máquina pública sucateada (raras exceções) e a folha de pagamento em atraso, enfrentou o coronavírus quando, destoando das políticas nacionais, fez parceria com a ciência e profissionais que trabalharam incansavelmente para controlar a pandemia. O desgaste foi grande, mas a forma honesta e corajosa de enfrentar o problema levou-o a fazer opções, sabendo que os recursos eram poucos e as demandas muitas. A formação humanista que bebeu em família resultou no trato generoso para com a sociedade.

Em janeiro, iniciou seu segundo mandato, quando reafirmou compromisso com a educação, no básico: dar condições materiais aos professores de ensinar e aos alunos de aprender. Ressaltou na sua posse que “tudo tem importância, mas não fará o Estado mais competitivo se não tivermos gente qualificada para este mundo cada vez mais complexo.” E deu ênfase à formação de professores (tão reclamada e tão necessária), ampliando o número de bolsas para aqueles/as que aceitarem se qualificar.

Embora não se possa dizer que passou a época das vacas magras e o período em que foi criticado por estar preocupado com outras demandas (como os salários em dia e a situação do seu partido político, em nível nacional), garantiu investir na qualificação da merenda escolar (ele mesmo disse que “criança com fome não aprende”), transporte, capacitação dos professores, estrutura física, material pedagógico, aumento das gratificações de diretores e vices e a reestruturação da secretaria da Educação.

O processo de queda da educação não é recente, reflexo do que acontece em nível nacional. Num universo de cerca de 800 mil crianças e adolescentes e de um quadro complexo de professores e servidores, é uma das máquinas que foi colocada de lado e somente se volta a discutir no período eleitoral. Os políticos sabendo que não existem milagres para resolver. Desta vez, o importante é que, em início de mandato, se coloca para a sociedade uma discussão que não pode ser apenas dos gestores públicos.

O sonho é que a escola se torne referência para, especialmente, moradores da periferia urbana. Eduardo teve boa escola política, para além da família, como o ex-prefeito Bernardo de Souza. O desempenho no Estado é fundamental para suas pretensões. É hora de abrir mão dos ciúmes provincianos e reconhecer e apoiar uma liderança que se solidifica. Em meio às “raposas” da política, incluindo Getúlio, Brizola, Ulisses e Tancredo, volta-se a um cenário em que é possível que a Princesa tire os pés da miséria...

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