terça-feira, 22 de março de 2022

Uso da máscara: a pandemia não acabou

O maior número de crianças que passa por minha casa em direção aos colégios está indo após o almoço e voltando com seus pais ou responsáveis no final da tarde. É sempre uma grande algazarra com vozes altas, corre-corre e empurrões. Os menores ainda seguram a mão de quem os conduz e alguns carregam o brinquedo que levam como acompanhante. A variedade de máscaras – coloridas, desenhadas, estilizadas – tornou-se um dos elementos que faz a diferença, na ida para casa, assim como qualquer um dos acessórios necessários, como a mochila e o material didático.

O ritual somente foi quebrado, recentemente, quando apareceram alguns seguindo o mau exemplo dos maiores: a máscara “protegendo” o queixo e não mais as vias respiratórias. A forma de não esquecer o material, descolados da sua necessidade primeira de prevenção que ainda existe e, infelizmente, por sermos uma sociedade de terceiro mundo, colocada de forma incorreta e ineficaz. A máscara não começou a existir com a pandemia, já era usada como proteção contra a poluição e pessoas infectadas por algum vírus, desejosos de se proteger e proteger a sociedade.

Ao ponto de que o jornalista Daniel Scola (Rádio Gaúcha) contou que, no Japão, ao entrar no metrô, numa época de frio, sentiu-se deslocado por ser o único que não a usava. O susto está sendo vencido pelo cansaço. E pelo negacionismo… Dos altos números de mortes diárias, chega-se ao patamar de 400, acreditando ser “aceitável”, especialmente se não forem daqueles que nos são próximos. O avanço da vacinação criou uma barreira, assegurando a diminuição mas, tristemente, para as crianças, a realidade não é a mesma, a sua proteção patina e as coloca em risco.

A discussão atual é a liberação do uso de máscaras em lugares públicos. É uma possibilidade viável, não porque a maioria já está praticando e as autoridades tenham que ir a reboque, mas porque está comprovado que os riscos são menores. No entanto, em lugares fechados, a preocupação é maior por fatores também já provados. Que a máscara é um incômodo, ninguém duvida, apresentando dificuldades de respiração, fadiga e sonolência. Porém, ela é necessária e fica a preocupação com quem se desloca para lugar fechado. Será que vai lembrar de carregar a máscara na mão?

Apesar de que, como fazem alguns que colocam no queixo ou sobre o cabelo, o efeito é o mesmo. Parecem com alguns idosos que procuram os óculos que estão sobre a testa… Não posso fazer aqui a comparação que faço para amigos que insistem com a dita abaixo dos lábios. É como se usassem certa peça de roupa que normalmente a gente não vê, rebaixada… está no lugar, mas não protege absolutamente nada! Então, de que adianta? E tem os mal-humorados que se incomodam: “a máscara é minha e coloco onde quiser!” Confesso: não tenho intimidades para dar uma resposta!

Todo o processo de educação passa pelas referências. As práticas corretas de higiene precisam se transformar em valores assumidos e transmitidos. Adultos que usam as máscaras de forma correta são acompanhados por crianças que fazem o mesmo. Infelizmente, o mau exemplo também faz escola. A pandemia não terminou, o que resta da estrutura de saúde no país foi responsável por um gigantesco processo de imunização. Que está longe de terminar. Posso estar errado, mas creio que é melhor um vivo, cansado, usando máscara, do que um defunto descansado e em paz, sem ela…

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