sexta-feira, 11 de março de 2022

A música que abraça a vida

Deixa que eu caminhe devagar…

Já andei como andas, correndo atrás de projetos;

buscando as satisfações do dia a dia;

com inúmeras preocupações a resolver.


Deixa que eu pare quando julgar necessário…

Não é mais o teu tempo, em que a pressa

te faz querer chegar a lugares que não queres;

fazer coisas que não te agradam;

iludir-te que estás mudando de vida.


Deixa que eu pare diante do espelho…

Meu sorriso é sulcado pelas marcas do meu tempo,

que garantem o direito ao silêncio.

Deixei vaidades, diminuíram anseios,

já não preciso de muito

e encontrei valor naquilo que ainda me resta.


Deixa que eu ande devagar…

Já não tenho pressa, transformei o passar

das horas em cúmplices: eu não corro, nem elas me

iludem com janelas para futuros que somente

foram realidades na minha imaginação.


Deixa que eu dormite encostado na poltrona…

É quando revejo o passado, acomodo-me ao presente

e sinto que o futuro ainda se esconde em devaneios.

Sou apenas um velho senhorzinho que não desiste da vida,

amparado pelas batidas dos corações daqueles

que me envolvem com o seu carinho.


Sem pressa, talvez tenha demorado,

mas o olhar que me abraça

ensinou, afinal, que amar – e ser amado - é a música

que faz a vida valer a pena!

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