domingo, 20 de fevereiro de 2022

Faustão na Band: para relaxar e “ouvir televisão”

Ainda não tínhamos televisão em casa, mas já havia uma no Seminário, que se assistia às quartas (imaginem, o show da Derci Gonçalves, hoje considerada desbocada!); aos sábados, apresentação de auditório, muito tempo comandada por Moacir Franco; e, no domingo, Sílvio Santos dominava, das 11 da manhã às 10 da noite. Encerrava com os quadros “Porta da esperança” e “Boa-noite, Cinderela”. Por bom tempo, o “homem do baú” esteve ausente da TV Tuiuti (que era a filiada da rede Globo, em Pelotas) e o reencontrei quando morei em Porto Alegre, já dono do Sistema Brasileiro de Televisão – o SBT.

Muitos quadros da televisão vieram do rádio e, como em alguns casos, ainda hoje, “é televisão para se ouvir”. O mesmo aconteceu com noticiários e o futebol, assim como o humorismo. Esquetes (que são pequenas peças, normalmente para o riso) saíram de programas como “A turma da Maré Mansa”, da rádio Globo, diretamente para os humorísticos então apresentados em programas onde surgiam figuras como o Jô Soares e Chico Anísio. Apresentadores, narradores, comentaristas e artistas tiveram que vencer o vício do rádio para se adequar ao novo ritmo, onde a narrativa tem seu ponto forte na imagem.

O sucessor do Sílvio Santos foi, sem dúvidas, o Faustão, que, dia 1º de janeiro, reapareceu na Band TV. Cerca de 45 minutos de um programa especial querendo uma nova proposta de entretenimento, agora em todas as noites da semana, com quadros, alguns já manjados e poucos que podem ser considerados novos, estrutura bem montada, grande quadro de profissionais, mas… sem o glamour da sua antiga casa, a Rede Globo (que tenta imitar), com seu potencial de sedução no que se refere a artistas de primeira linha e experiência na área. A impressão é de que há mais pobreza de recursos, mas muita disposição e liberdade de expressão envolvidas.

O homem do “ô loco, meu!” e “obrigado pela sua audiência e sua paciência” ainda se recupera dos problemas com a saúde. Sem deixar de ser falante e provocador, amarga uma separação litigiosa que o impediu de voltar a trabalhar durante todo o ano passado, enquanto ainda tinha contrato com a “vênus platinada”, que o impedia de pisar em outra televisão, até 31 de dezembro de 2021. A Rede Globo que o afastou repentinamente das tardes de domingo, parece que levou um susto tão grande que, meio tonta, ainda não descobriu o rumo para os improvisos nas tardes de final de semana, menos com o caldeirão e bem mais com o domingão…

A Band TV tem jornalismo de boa qualidade, no geral e no esportivo. No entanto, quem sabe por uma falta de projeto, até hoje não encontrou seu caminho. O noticiário nacional, às 19h30m é dos melhores, na sequência do Band Cidade RS. Nos últimos tempos, forte campanha em nível nacional catalisou o envolvimento de entidades sociais e artísticas para enfrentar o problema da fome no Brasil. Ultimamente, seus esforços têm sido dedicados a angariar recursos para atender às populações desassistidas, que ainda amargam as consequências das enchentes, na Bahia e em Minas. Neste momento, os problemas enfrentados em Petrópolis, no Rio de Janeiro.

Faustão de segunda a sexta é como se tivéssemos um programa com o gosto de domingo todos os dias. Ainda sem explicar a que veio a dupla que lhe dá apoio: o filho João Guilherme e a jornalista Anne Lottermann. Para uma televisão com índices de audiência baixíssimos, bate de frente com o jornalismo e novelas das demais emissoras, em especial, da Globo. Briga boa para muitos, como eu, que cansaram das desgastadas fórmulas e se apela para o streaming em busca de algo diferente. Acompanhar programa de entretenimento, com variedades, não é novidade nas grades das emissoras comerciais, mas se coloca como boa alternativa para relaxar e, apenas, “ouvir televisão”.

Nenhum comentário: