terça-feira, 7 de setembro de 2021

Cristão, cidadão e brasileiro

O texto que o pastor Ismar Pinz publicou no dia 03 de setembro incomoda. “Manifestação política? Uma palavra profética e pastoral” (na íntegra, no meu blog) não mira o governo, sequer naqueles que o apoiam ou quem lhe é contrário. Texto lúcido, visão cristã da problemática social, sem lugar para meias palavras, assumindo ser formador de opinião. Em tempos de polarização, quando comunidades religiosas têm problemas por enfrentamentos partidários, cumpre seu papel como “político”, aquele que tem responsabilidade sobre a “polis” (cidade) e a vida do seu povo.

Na Semana da Pátria, quando se comemora a Independência do Brasil, em 7 de setembro, defende o direito de ficar “em cima do ‘púlpito’ - do ofício pastoral, que cuida, exorta e consola a todos; e não somente uma parte (partido)”. Em tempos em que se se transformam políticos em celebridades, adverte, como o profeta Jeremias: “Maldito o homem que confia no homem. Aqueles que fizeram a si mesmos de deuses, foram tiranos; que roubaram a liberdade dos demais”.

Sua advertência mais dura é quando afirma que “ter Deus como Senhor é colocar absolutamente nele a fé, e não em ideologias e sistemas! Por isso, em nome do Senhor, e certo de como é triste perceber que amigos não estão debatendo e construindo ideias, mas brigando por sistemas, que apesar dos méritos também tem falhas, uso a partir de agora uma expressão bíblica e profética (os ais), e anuncio, com dureza, mas com carinho e intenção de reflexão a todos”.

Açoita esquerda e direita elencando problemas que levaram ao confronto e fizeram grupos dogmatizarem posições, esquecendo recomendações religiosas e humanistas. Clama: “Ai dos corruptos espalhados por todas as partes. Ai dos mentirosos e de todos os que criam narrativas para contar meias verdades. Ai dos que distorcem a justiça, e não me refiro apenas aos que usam togas. Ai dos que se consideram ‘gente do bem’ e olham para os outros como se fossem inferiores”.

Repete o Evangelho: parecem “cegos guiando outros cegos!” Aos ausentes, indiferentes e apáticos recomenda: “lutemos e oremos por um país mais justo. Que a pátria de fato seja amada! Que somente Deus seja adorado e realmente ouvido! Que a força do seu amor nos proteja; mantendo a paz externa e gerando a paz no coração e, quem sabe, uma união que nos faça, não alimentar polaridades, mas avançar para o bem comum, pois Jesus deseja que caminhemos juntos!”

Embora muitos olhem com desconfiança para líderes religiosos com esta preocupação, a ausência na cena pública é sentida. Oportunistas e aproveitadores ocupam espaços, em nome dos credos, que distorcem e afastam quem ainda têm fé, mas se decepcionou com algum “religioso”. Os problemas sociais e ausência de referências leva a que se percam os valores da ética e da moral. Sete de setembro é para demonstrar que somos cristãos, cidadãos e brasileiros… e que o país merece mais de políticos e administradores, que deveriam ser apenas o que de fato são: servidores públicos!

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