domingo, 23 de maio de 2021

O abraço que não deixa morrer a esperança

Não sei se é conto, lenda ou história mesmo. Nos últimos tempos, são tantos os textos com conteúdos semelhantes que pensei em passar adiante. Porém, o “a mais” de uma amiga fez com que prestasse atenção. “Quando soldados americanos chegaram em um campo de concentração na Europa, no fim da Segunda Guerra, ficaram chocados com as cenas. Um deles, ao entrar na ala das crianças, chamou os colegas e decidiram dar alimentos para todos. Os pequenos estavam morrendo de fome. Formou-se então uma longa fila para receber a tão esperada refeição”.

Continua a narrativa: “de repente, um dos soldados olhou para o final da fila e lá estava um menino de mãos unidas, em gratidão ao Eterno, e lágrimas nos olhos, quietinho. O soldado foi até ele, comovido, ajoelhou-se e lhe deu um longo abraço. Algo inusitado aconteceu: esqueléticas, várias crianças saíram da fila da comida e formaram uma outra para ganhar um abraço”. Fiquei lembrando das cenas que já se viu em filmes, mas, especialmente, fotografias que mostravam adultos resgatados destas ante salas do Inferno, transformados em zumbis ambulantes e desfigurados.

Das crianças que os aliados resgataram dos lugares onde eram escravas, serviam de cobaias para experimentos ou aguardavam a morte, muitas sobrevivem e guardam nos braços as marcas da maldade humana com número de identificação gravado a ferro e fogo na própria carne. Impossível de retirar e se transformaram em pesadelo que levam para o resto de suas vidas. Olham, sem entender, para governantes que brincam com a vida de seus povos, em confrontos onde o que está em jogo é o comércio internacional de armas, a economia e a disputa por poder.

Quando bem contada, a História é uma mestra que ajuda a entender o presente, com os erros e acertos do passado. Em tempos de coronavírus, as questões levantadas pela pequena história têm todo o sentido. As guerras, não importando o seu tamanho e abrangência, são momentos de sofrimentos e privações, quando a morte marca as famílias e lhes subtrai, especialmente, os mais jovens: filhos, pais, maridos, amantes, amigos… Assim, também, a pandemia que se enfrenta é capaz de questionar quais são as necessidades que se estabelecem como prioritárias, hoje.

Básico dos básicos, a própria saúde, seguida da necessidade de, aqui no sul, ações que minimizem a fome e o frio. Impossível não se apelar à solidariedade, mostrando que são gestos positivos que energizam a própria vitalidade. A motivação é sua, a causa é de todos nós. Preste atenção ao seu final: “precisamos alimentar nossas almas. Precisamos do Amor do Eterno. Força para prosseguir. Gratidão e Amor são essências que se deve compartilhar para seguir em frente. Permita o abraço do Criador em sua vida. Talvez este abraço seja a prioridade de que mais se necessita!”.

Estou carente de um abraço, do olhar carinhoso convidando para a proximidade de dois corpos. Verdade que me sinto envolvido pela oração e forças positivas de amigos e familiares… Mas, a fila do soldado ajoelhado à espera de cada uma das crianças é provocação. Dificilmente se tem como não pensar: “eu também entraria nesta fila”. A procissão da esperança, quando se encontra um ombro amigo e percebe que nem tudo está perdido. Alguém que indica uma nova perspectiva. Quando tudo escurece, ainda se pode voltar para o Sol e as sombras haverão de ficar para trás!

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