segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

2018: o silêncio da sua ternura

Ao longo de 2017 tive muitos momentos difíceis. Mas a contrapartida foi superavitária. Nos espaços em que chego às pessoas através do rádio e jornais há uma onda de carinho difícil de ser quantificada, mas fácil de ser qualificada.
Já recebi mensagens de pessoas que leram meus textos em sala de aula, grupos, até em igrejas de diversos credos. Quem escreve sabe que o prazer que se tem está - quando um texto nasce - que crie asas e alcance o coração do leitor. Depois… é o insondável! As experiências são variadas. Mais de uma vez, ao escrever sobre espiritualidade e envelhecimento, amigos leram - pessoalmente ou por telefone - para idosos.
Mas, neste final de ano, faltaram-me palavras quando a mensagem veio de uma jovem para quem a mãe havia lido o texto de Natal! Ambas recebem meus artigos pelo Facebook. Mas a mãe sabia que sua menina - como muitos de nós - tinha dificuldade de viver as festas de final de ano. Queria fazer um gesto de carinho - uma massagem na alma - ajudando a filha, tornando menos pesado a perda e a ausência.
Foi o meu texto. Poderia ter sido o de outra pessoa. Não importa. A idosa compartilhava algo que poderia fazer bem a alguém muito especial que deixava 2017 sem nenhuma saudade e não via com bons olhos o 2018.
As perdas vividas e não esperadas... As perdas anunciadas e não concretizadas... O fato de se seguir rumos diferentes… Tudo deixa marcas e saudades. Porque o passar dos anos nos faz mais experientes, mas a experiência - algumas vezes - tem um gosto amargo do tempo passado inutilmente e até desperdiçado.
Há muitas desculpas para se postergar um momento para acarinhar alguém: um chimarrão (não é verdade, Charles e Gilvan?), o convite para um lanche surpresa, o reencontro com amigos já amados (promessa feita, Maria Clara), um passeio despreocupado ou pura e simplesmente “gastar” um tempo com alguém…
Afinal, se 2017 já foi é hora de escrever o roteiro para 2018. Não existe um jeito de fazer o tempo passar mais devagar, mas há muitas formas de sorver a vida junto daqueles que ainda se ama. Momentos de ternura são o combustível que ajudam a suportar a dor… a perda… e as ausências!
Quando se sentir cansado, esqueça as grandes decisões para 2018. Partilhe um momento em que o sentido escorrega pelas palavras e toma conta de todo o seu ser através do silêncio. Abençoado 2018. Muitos “silêncios” envolvam de ternura o seu coração!

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