domingo, 10 de dezembro de 2017

Um nome para o Natal

Nos eventos de final de ano sou chamado para conversar com algumas comunidades. Além das temáticas do tempo, vêm as provocadas pela Igreja Católica e pela sociedade. Este ano, em especial, o Dia Mundial dos Pobres e o Ano Nacional do Leigo. Apresento e discuto o pensamento da Igreja. E conto as minhas histórias... Prazerosamente, as comunidades acrescentam as suas, dando cores e sentido a tudo aquilo que, até ali, era teoria, e, na prática, tem um novo e delicioso sabor!
Numa paróquia contaram a história de dois grupos de jovens que viviam competindo por cumprir melhor suas tarefas e serem mais criativos. Chegaram ao ponto do enfrentamento. O padre propôs que auxiliassem num projeto social: a alimentação comunitária distribuída num determinado ponto da cidade.
O trabalho iniciou por uma visita ao local, conversar com as pessoas e, em especial, saber e tratá-las pelo nome. Acharam que era "coisa de padre" fazer este tipo de pedido. Mas, na volta, a certeza de que, do que viram, agora sabiam que a pobreza - até a miséria - e a fome não eram apenas estatística: tinham rosto e nome!
Para a vida da comunidade, foi o despertar da consciência de que ao se dar o direito à identidade também se estabelece um compromisso. Os olhos estão atentos às histórias e uma senhora disse, depois, que nunca mais passou pelo local sem sentir que também tinha responsabilidade sobre aqueles que foram excluídos de direitos elementares.Pedi que usassem da experiência com outros marginalizados: idosos, excepcionais, doentes, migrantes... Muitas vezes excluídos do direito de viver o Natal, porque não são identificados na propaganda massiva que mostra corpos sarados e perfeitos, bem vestidos, belos sorrisos, cativantes como a própria tentação!
Num outro lugar propus que, neste época, encontremos um nome para o Natal. De forma simples: pode ser do vizinho de apartamento, do porteiro do prédio, do dono da fruteira, dos familiares da pessoa que trabalha em nossas casas, do idoso que nos "atrapalha" toda a vez que estamos com pressa em sair à rua...
Afinal, a procissão que saudou Jesus iniciou por pastores e vizinhos que ouviram o choro do recém nascido. Desconhecidos pelos livros de História, mas com uma bela "história" para contar. Com uma identidade: a do Salvador, que fez - como hoje - da solidariedade caminho onde um rosto e um nome dão sentido em viver a própria fé!


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