terça-feira, 8 de março de 2016

A síndrome do final feliz

No último sábado (05), foi ao ar pelo GNT e Globosat o final da série Downton Abbey. Fim mesmo, porque este capítulo completou a sexta temporada e não será gravado novamente. Infelizmente, assim como o capítulo anterior, pouco empolgante e com a impressão de que os autores precisavam terminar e não sabiam bem como.
Todos os estereótipos foram utilizados: os bons foram premiados, os maus se converteram, tudo o que deu errado durante as seis temporadas foi acertado "e viveram felizes para sempre". Até os maus, que davam um sabor especial ao seriado, ficaram pasteurizados, contidos, "convertidos" pela força do bem que os rodeava.
Um ator confessou em um programa de entrevistas que o melhor era ser mau durante toda uma série, pois apenas no último ou penúltimo capítulo é que eram descobertos e acabavam sofrendo suas penas.
Uma de minhas personagens preferidas era a condessa mãe, a idosa senhora Violet Crawley. A mãe do conde Robert Crawley (a quem tentava dominar), sogra da condessa Cora Crawley (a quem infernizava por ver nela a sua sucessora). Do tipo antigo, comandava os destinos da família e de todos os agregados, percebe que vai perdendo o controle da situação, mas não quer perder a pose. Seu triste fim é dando lições de moral para netas e uma amiga, coisa que não fazia o seu gênero, já que preferia ajustar todas as mudanças às necessidades de preservação do status do título que detinham.
As cenas finais foram gravadas em locações cobertas de neve e, já uma marca tradicional da série, com uma grande festa de Natal e Ano Novo, na chegada de 1925. Tirando o final, a série tem o gosto de coisa passada mas que a gente não viveu bem ou gostaria de que não tivesse acabado ainda. Nada expressa isso melhor do que uma fala de Lorde Grantham (Hugh Bonneville), o patriarca dos Crawley, para o mordomo Carson (Jim Carter), ferrenho defensor das tradições, logo no primeiro episódio da temporada: "se eu pudesse paralisar a história em seu curso, talvez eu fizesse isso. Mas eu não posso, Carson. Nem eu ou você podemos deter o tempo".

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