domingo, 3 de maio de 2009

O milagre e o santo

O professor Rubens Blanck tentou me iniciar na matemática e, consequentemente, na economia. Infelizmente, creio que não aprendi nem uma, nem outra. A primeira até que era razoavelmente inocente e entre fórmulas e sonhos com poesias mantinha-me atento graças à persistência e empenho do mestre. Já na segunda, com o passar dos anos, tive professores e amigos – como o Erli Massaú – que mostravam ser quase uma ciência exata, com um código de conduta capaz de tornar as coisas previsíveis. Sua capacidade de fazer arranjos internacionais sobreviveram e se firmaram como um arrimo do sistema capitalista, respaldando o processo democrático, com suas próprias regras e ditando normas tanto para o giro do capital, quanto para as relações sociais.
Pois foi um baque descobrir que o sistema financeiro internacional adoeceu e precisou abrir mão da sua independência, ficando refém de governos internacionais para sobreviver. Engraçado porque o senhor, como eu, que entende pouco de economia, ouviu dizer que o dinheiro havia sumido e se criara um vácuo por onde ele foi tragado. Desapareceu, como num passe de mágica! Acontece que não há mágica em economia e dinheiro não desaparece, fisicamente, do dia para a noite. O que os cérebros internacionais da economia estavam fazendo era uma “bolha” falsa de recursos que circulavam sem que houvesse respaldo em moeda, ou como se diz nos mercados internacionais – lastro, preferencialmente em ouro.
Isto tem um nome. E bem feio: especulação. Alguns apostaram que fariam fortunas jogando sem dinheiro nas bolsas e em investimentos e deram com a cara na parede. Bem, não é bem assim. Como não adiantava se queixarem ao bispo, foram se queixar aos presidentes, que ficaram com “peninha” por achar que se estes naufragassem na tempestade que se formou nos países do primeiro mundo, o resto da economia seria arrastada por eles. E, novamente, eles saíram ganhando. Passados raios e trovões, os analistas já dizem que os mesmos que negociaram a sua “salvação”, hoje, mostram que lucraram com a crise!
Quem, então, perdeu? Um tostão por seu pensamento. Nós, claro, pois acreditamos em pseudas autoridades financeiras e políticas, sisudas e lustosas, que mostraram ser necessário voltar às aulas do Rubens e do Massaú para não cair em mais um engodo. Se não há milagres em economia, infelizmente, também não há nenhum santo atuando em administração financeira ou especulando na bolsa de valores.

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