sexta-feira, 18 de outubro de 2024

A estrada e o caminho dos sonhos

Me Confundo com a estrada 

Que avança à frente. 

São quilômetros rodados.

Um lugar de chegada ou, apenas,

O desejo de encontrar um horizonte.


Uma via de asfalto é, quase sempre, retilínea.

Motivo para que me perca em pensamentos,

Deixando voar a imaginação. 

Ou é de chão batido, irregular,

Pedindo atenção para cada curva,

Nas árvores que se espreguiçam por sobre a via

Ou juntam a frondosidade no aconchego de 

Um túnel verde escurecido e tépido.


Atentar à estrada 

Exige a persistência que já não tenho.

Mesmo as nuvens de uma tarde de primavera 

Brincam nos céus, desenhando formas, 

E me vejo distraído tentando compreendê-las.

Cativam-me pelas

Matizes da alvura e dos diversos tons de cinza,

Em que se alinham e se cruzam,

Anestesiando meus olhos e a minha solidão. 


Quando chega a tardinha, 

Os carros voltam

Num zumbido e nas luzes que têm 

O gosto da dormência.

Abafam outros sons e adormecem os sentidos,

Cortam cidades e as aproximam.


A estrada é o caminho dos sonhos.

Indiferentes ao que pensam e planejam os homens.

Transportam momentos felizes e tristezas.

A estrada te abre horizontes, mesmo 

Nos túneis em que se penetra as entranhas da terra.

Ainda, a distância, te indica as montanhas,

Imaginando as trilhas que levam ao topo. 

E, chegando lá,

O enigma do que descortinas no horizonte.


Quando se protege os olhos e mira a distância, 

O olhar abarca perspectivas e possibilidades. 

Quer seja

Ao pé de uma igrejinha no sopé da colina

Ou na faixa de pedestres em frente a uma escola. 

Reúne as energias de quem procura por Deus

Ou apenas anseia por se encontrar 

Na humanidade de cada um de nós!


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