sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Ergue os olhos, Francisco!

Ergue os olhos, Francisco.

A multidão que te acompanha, 

Por onde peregrinas, 

Tem no olhar a carência das

Ovelhas que já não encontram pastores.

Pelas ruas e estradas, esperando por ti,

Acena para chamar a atenção.

Não precisas erguer-te de tua cadeira de rodas,

Sequer abandonar o carro onde viajas.


Contenta-se em que

Sorrias, acenes, abençoes.

Sem importar a raça, a crença ou a ideologia,

Está sedenta que seja

Aspergida pela graça de Deus.

Sente-se cansada, judiada e entristecida.

Quando não conseguires mais falar,

Ou se tua voz ficar embargada,

Ainda assim, 

Mesmo que seja apenas por um olhar, 

Não desiste de quem te foi confiado…


Um mar de gente, sedento,

Vai direcionar teu olhar para os Céus.

Não espera que apresente espetáculo. 

Por onde passas, 

Do meio de quem vem de todos os povos,

Há um rastilho de tristezas

Com as quais os sobrecarregam. 

No entanto, sentem em ti 

A esperança que ainda pode ser cultivada.


Envolvida pelo teu carinho

E por um coração aberto que 

Não faz distinção de quem acolhe.

Os iluminados para quem falas

Não te prestam atenção, 

Mais preocupados com 

Suas vaidades e anseios de poder.

Os mais simples, os andarilhos da vida,

Aqueles que te abraçam de longe,

Bebem dos teus lábios.


Certamente,

Não entendem tudo o que dizes.

Mas isto não importa. 

Para eles, és um homem bom, 

Um santo homem!

Que a estrada da paz judiou de todas as formas,

Para quem até teus pares viraram as costas.

Mas que insiste em ainda 

Lhes alcançar alento, a mão estendida, 

Na mais pura e terna expressão de zelo e amizade…


terça-feira, 1 de outubro de 2024

Sala de aula é para viver a educação

O governo federal prepara legislação que discipline o uso do telefone celular nos ambientes educacionais. Não se nega o uso de internet e das novas tecnologias. Claro que é motivo de discussão, opondo quem julga ser intromissão indevida e quem vive na carne a dificuldade de manter crianças, adolescentes e, mesmo adultos, concentrados na aprendizagem. Meus parâmetros remontam ao tempo em que me aposentei na Escola de Comunicação da UCPel.

O problema já se fazia presente. Ao iniciar minhas atividades, no começo da década de 90 do século passado, cerca de 70% dos alunos prestavam atenção nos conteúdos em sala de aula e 30% mais ou menos. 20 anos depois, quando finalmente deixei os bancos escolares, era visível que 30% apresentava alguma atenção, enquanto 70% não “estava nem aí”... Além de outras questões, um dos responsáveis já era o aparelho celular que, na época, se popularizou.

Muitos alunos atentavam mais para seus aparelhos do que para os conteúdos apresentados pelo professor. Infelizmente, os que assim procediam não se contentavam em se distrair e quase sempre atraiam um grupo (no fundo da sala…) acessando redes sociais e outros vídeos. Sem evitar risos e olhares de desafio. A discussão iniciava, ainda encantados com as possibilidades, mas era preciso aprender que a sala de aula é para viver a educação e não a diversão e distração.

A proibição, inclusive no recreio, tem a ver com um dos problemas do nosso tempo: a interação social. Pais educadores sabem o que o celular distrai e ajuda a levar ao individualismo. Pressupor que as escolas e municípios terão mais “autoridade moral” para decidir é falácia. Por estarem mais próximos, são propensos a pressões indevidas. Já foram feitas experiências de restrição do uso, com bons resultados, e por “n” interesses, a liberação, num retrocesso que piora a situação.

Leva-se tempo para preparar um bom professor. Desgasta ver que pais que não souberam dar princípios educacionais básicos, como o respeito e a disciplina, achem-se no direito de ensinar “premissas pedagógicas”. Em alguns casos, com pressão psicológica e financeira, infelizmente, com a cumplicidade de certas direções de escolas. Professor, aluno e a sala de aula. A essência de um tempo de viver feliz, dimensionando o mais importante: a integralidade do ser humano!