sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Partidas e despedidas

Senta aqui,

Senta aqui ao meu lado.

Na despedida, as palavras são desnecessárias.

O olhar, a lágrima, um carinho

Dizem mais, calam mais fundos,

Deixam a sensação de que partidas

Têm sempre a possibilidade do retorno.

 

Procurar motivos para a despedida é inútil.

Como buscar sentido no rio que corre,

Cumpre seu destino,

Deixa marcas nas costas de onde

Recebe vitalidade e torna fértil as terras?

 


Quando o trem apitar na última curva dos trilhos

E as cancelas começarem a ser levantadas

Para apaziguar o trânsito,

Ainda terás tempo de pegar tua bagagem

E tomar o rumo da plataforma.

Embarcar ou não vai ser uma decisão tua.

Deixarás para trás lembranças e saudades.

Não te prende a elas,

Mas também não te faz refém

Do que te trouxe tristezas ou alegrias.

 

Por onde andares, quando encheres os olhos

Com tudo o que o Mundo te proporcionar,

Ainda restará a possibilidade de uma volta.

No entanto, não te enganes:

Nada mais será como antigamente.

 

Quando me encontrares cansado e alquebrado,

No mesmo banco, na mesma estação de trem,

Pelos mesmos trilhos que te levaram e aos teus sonhos,

Seguiu o tempo que um dia te encontrará

Aqui, sentado neste mesmo lugar.

 

Serás testemunha de outras despedidas,

Agoniado com as partidas.

Perdendo um pedaço do teu próprio ser,

Sabendo que o trem que parte,

Mais cedo ou mais tarde,

É aquele que acaba voltando.

 

Senta aqui,

Senta aqui ao meu lado.

Um dia a gente parte,

No outro, partem aqueles que amamos.

O gemido do trem que se afasta

É o mesmo que, um dia, vai apitar na chegada,

Encher teu coração de alegria,

Pois já terás teus próprios fantasmas para

Mostrar que estás mais próximo

De embarcar na viagem que

Dá sentido a todas as partidas...

E a todas as despedidas!

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