domingo, 2 de outubro de 2022

“Isso, isso, isso”, bordão com sabor de saudade

Já contei que meu horário de fim de tarde e à noite, enquanto tomo a segunda rodada de chimarrão, não é preenchido assistindo novelas, mas minisséries. E que, recentemente, descobri as produções coreanas, sendo a telenovela da vez as “Crônicas de Arthdal”. Falei, mas repito, que as séries coreanas guardam uma certa inocência, neste caso, ao revisitar suas lendas, com ação, suspense, romance, uma pitada de humor e o que se poderia chamar de “jeitinho brejeiro”, espichando a última palavra e fazendo biquinho.

Depois, infelizmente, é assistir noticiários, debates ou procurar reprises de produções que ainda guardam algo do velho e bom humor. Começo, às 9 horas, com o Vai que Cola, do Multishow, e passo para a Warner, onde assisto o The Big Bang Theory. Sabem a fala dos Teletubbies: “de novo, de novo”? Pois é, é o que os canais fazem. Mas entre o humor escrachado do Vai que Cola e o “nonsense” do The Big Bang, passa o tempo e a diversão é garantida por gostar ou ficar com raiva dos personagens...

Tudo isto pra contar que numa noite da semana passada, a troupe do Vai Que Cola resolveu fazer a festa temática “A Turma do Chaves”, com direito à imitação do próprio Chaves, o Kiko, Chiquinha, Nhonho, Chapolin Colorado, a Bruxa do 71, seu Madruga, dona Florinda, professor Girafales e o seu Barriga. Este último fez uma participação especial vivendo situações em que, de alguma forma, sempre lhe era proporcionado um “acidente” que o afastava do cortiço aonde ia tentar receber os alugueis.

A série mexicana encantou a criançada na década de 80, quando entrou no ar, no Brasil, pelo SBT e mesmo tendo sido encerrada em 1992 continuou sendo reprisada “ad eternum”. Difícil era encontrar uma criança que não soubesse um dos bordões repetidos pelos personagens. Os que se tornaram clássicos vinham do Chaves, como “foi sem querer querendo”, “ninguém tem paciência comigo” ou “isso, isso, isso”, que ainda lembro do meu sobrinho Renan ou meu afilhado Edinho juntarem os dedos e repetirem.

Bordões, na televisão, são palavras ou frases repetidas, muitas vezes fora do contexto original, quando o artista ou autor se dá conta de que grudaram na memória. No Brasil, foram o Chico Anísio (“Ainda morro... disso”, “eu tô prejudicado”) e o Jô Soares (com seu “beijo do gordo”, “tira os tubos” e “cala a boca Batista”). De programas do rádio que migraram para a televisão, eram comuns na “Turma da maré mansa”, onde havia um edifício que se tornou “símbolo” em todo o Brasil: “balança, balança, mas não cai!”

Não reclamo das novidades consumíveis e descartáveis. É o tempo de hoje. Quem sabe ainda se aprende a aproveitar melhor o que vem com a própria história. Admiro quem se delicia com clássicos da literatura, artes, cinema. Mas me emociono vendo quem é sensível em lidar com crianças no seu encantamento, bem como as que cresceram e não desapegam do olhar de surpresa. “Isso, isso, isso...” é remexer no passado, quando a gente se dá conta de que rever bordões também guarda um doce sabor de saudade!

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