terça-feira, 4 de outubro de 2022

Cilon: as lembranças de um educador

Creio que foi em 1994 que recebi o convite para ir conversar com o professor Cilon Rodriguez, que então era diretor da Escola de Comunicação da UCPel. Já o conhecia: no final da década de 70 havia sido meu professor na mesma instituição, assim como tivemos algumas atividades em conjunto na paróquia de Santa Teresinha e na Diocese Católica de Pelotas. Mas para mim foi surpresa saber que desejava que eu assumisse duas disciplinas de redação em jornalismo, assim como a de planejamento gráfico.

Claro que fiquei feliz, afinal, sempre tínhamos na agência, da qual era sócio – a Empório de Comunicação - alunos que estagiavam e, em algum momento, convidavam para ir palestrar em Semanas Acadêmicas. Surgiam os computadores para a redação e já dispúnhamos desta tecnologia, bem como para fazer o desenho gráfico de jornais e revistas. Melhor ainda ficou quando encontrei o Jorge Malhão que também tinha sido “convocado” para assumir as disciplinas de rádio e faríamos a estreia juntos.

Se levei conhecimento técnico na área de informática para dentro da Escola, em compensação, fiz um longo aprendizado pedagógico na relação com professores e alunos. E o mais importante: uma autêntica “especialização” em humanidade, com o professor Cilon. Era um agregador, no seu sentido pleno. Incentivava as discussões conjuntas de projetos pedagógicos, bem como encontros para jantares ou mesmo no sítio que comprara e já punha um olho no futuro pensando na sua aposentadoria.

Quando a pandemia deu sinais de que já se podia participar de eventos presenciais, alguns ex-colegas professores aventaram a possibilidade de se fazer um reencontro. Poderia se aproveitar que agora o Cilon tinha um empreendimento turístico - o sítio Sonho Meu - e fazer um pacote em que se acertaria um valor para tirar um domingo com o almoço, que era bastante elogiado. Fomos protelando, naquela história do “deixa pra depois”, da qual sempre se reclama e nunca se faz nada, que acabou vencendo...

No velório, encontrei a velha guarda da Escola: Margarete, o Recuero, o Fábio, a Raquel, a Ana Amélia para uma despedida e lembranças. Dos mais antigos aos mais jovens, de alguma forma, brincadeiras, conversas na sala dos professores ou pelos corredores, eram a marca do Cilon que foi professor, diretor e amigo. Sua experiência como educador se estendeu para fora da Comunicação, onde auxiliava na formação de lideranças religiosas, tanto na Igreja Católica, quanto em outros credos cristãos.

O Cilon faleceu na sexta (30), no espoucar da Primavera. Quando deixou de lecionar, junto com a Elizete, sua esposa, mudou-se para Morro Redondo, onde realizou um sonho: viver em meio da natureza, recebendo amigos beneficiados pela acolhida, albergados, bem alimentados e podendo fazer uma trilha inspirada em São Francisco de Assis. Imaginem. Para que mais? Só podia ser o Cilon... Que descanse em paz. Ficamos em dívida do reencontro contigo. Nos perdoa. Já estamos sentindo saudades!

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