terça-feira, 19 de novembro de 2019

O novembro é azul

Seis anos atrás, mês de janeiro. Já havia feito todos os exames e achava que convencia o médico de que apenas a medicação ajudaria. Mas o diagnóstico estava fechado: tinha um câncer de próstata. Estava no limiar de uma situação irreversível. Naquela consulta juntei todos os argumentos para negar a cirurgia. Meu médico foi implacável: está marcada, não tem como adiar. Recém vindo do tratamento de um câncer do meu pai - que acabou em morte - entrei numa espécie de limbo emocional...
É preciso reconhecer: em diversas ocasiões, anteriormente, havia sido advertido. Os exames mostravam que os índices do PSA (Antígeno Prostático Específico) estavam elevados e onde há fumaça, há fogo... Mas nós, homens, diferentemente das mulheres, não damos tanta importância à prevenção (ou será medo?) e sempre achamos que a medicina está evoluindo e vai encontrar um "remedinho" que nos livre da faca...
É para mudar esta situação que foi criado o Novembro Azul, especialmente para a prevenção do câncer de próstata, tumor mais comum entre os homens, matando cerca de 42 pessoas por dia e sendo a segunda maior causa de morte pela "doença ruim" (como diziam os antigos), no Brasil. Para envolver público tão arredio nos cuidados preventivos, o desafio foi resumido no tema: "seja herói da sua saúde!"
Geraldo Farias, da Sociedade Brasileira de Urologia, sintetiza: "queremos alertar não só para a saúde da próstata, como também incentivar o homem a olhar mais para a sua saúde, fazer exames que podem prevenir uma série de outras doenças. As mulheres, culturalmente, têm esse cuidado, mas os homens só vão ao médico quando não se sentem bem. Ter consciência de que precisa fazer um check-up é fundamental.”
O tratamento de câncer evoluiu nos últimos anos. Dos amigos e parentes que precisaram de atendimento, infelizmente, nem todos tiveram a mesma sorte... Mas a bandeira do Outubro Rosa e o Novembro Azul - câncer de mama e de próstata - incentiva a que se detecte precocemente e receba cuidados que livram o paciente de uma inclemente espada do destino. A medicina já coloca à disposição medicações e cirurgia menos invasivas, permitindo, no pós-tratamento, maior qualidade de vida.
A rede pública está distante do que se precisa e existem dificuldades nos convênios. Há diversas questões a serem enfrentadas - educação e adequação de estruturas, por exemplo. O que não se admite é que morram pessoas por preconceitos que já deveriam ter sido ultrapassados, assim como a ausência ou omissão do estado no diagnóstico e tratamento do câncer. A motivação está numa campanha anterior: "homem que se cuida tem atitude. Cuide da sua saúde." Perfeito, falta só marcar a próxima consulta...

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