domingo, 1 de outubro de 2017

E assim nós partimos...

O filme não está mais nos cinemas, mas pode ser encontrado em serviços por internet ou locadoras: Os meninos que enganavam os Nazistas. Filhos de uma família judia em Paris, quando a guerra começa a se aproximar da capital francesa o perigo é grande - especialmente para a sua gente.
Dosa cenas fortes com momentos de pura ternura entre dois irmãos. Sabendo que o conflito chegará às suas portas, o pai tem a preocupação em fazer com que os filhos sobrevivam. Para isto, precisam negar a própria identidade e separar-se. À mesa, conversando, pede às crianças para dizer que não são judeus.
Pergunta ao pequeno, que nega sorrindo e leva um tapa. Assustado, passa a dar ênfase à negação. Na partida, estarão sozinhos, se outros fugitivos terão que se esforçar, o fato de serem judeus os tornará duplamente perseguidos. Enfrentar o perigo para chegar à zona livre exige superação dos próprios medos.

O carinho entre os irmãos vai se transformando em cumplicidade e amadurecimento. O pequeno torce o pé e o mais velho o carrega nas costa afirmando que o "levaria ao fim do Mundo se fosse preciso". Cansa e, sentados à beira do caminho, reconhece que é pesado, mas que o ajudará de outra forma...
Duas crianças percorrendo terras estranhas. Em alguns momentos protegidos por outras pessoas - inclusive religiosos - sabendo que para permanecer vivos precisam perder a inocência: discernir entre em quem podem confiando ou aqueles que estarão à espreita para se aproveitar do seu pouco preparo para a vida.
Ao invés de uma aventura, uma jornada de sofrimento e dor. Laços se aprofundam, com a necessidade de descobrir seu lugar e definir o lado em que se está na busca pela sobrevivência. A lição de humanismo está, exatamente, quando a sanha dos que foram perseguidos os transforma em perseguidores.
Da boca do pequeno Joseph (o irmão mais novo) sai o pedido de que se preserve a vida de um simpatizante do Nazismo, que seja levado a julgamento, para que a massa não se transforme em justiçeira. Em contraste com a perda do pai no campo de concentração - a ferida que encontram quando voltam para casa.
O pai lhes deixara uma lição: "quando morre um homem bom há uma estrela que se ilumina no céu e é preciso manter viva a esperança". Exatamente o que tinham no horizonte ao enfrentar todos os percalços - em meio à tormenta que assolava a Europa, havia um lugar de onde partiram... Mas para o qual, mais do que tudo, um dia, queriam voltar!
 

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