segunda-feira, 24 de julho de 2017

Deficientes e a purificação da raça

O Ministério Público da Romênia está levantando o tapete de um crime contra a Humanidade. Possivelmente, iniciando durante a 2ª Guerra Mundial - mas se estendendo até o fim do regime comunista - cerca de 10 mil crianças, adolescentes e jovens foram mortos por apenas um crime: eram excepcionais!
A ideia de que um excepcional atrapalha a capacidade de produção de uma família causou a sua reclusão em clínicas, onde eram classificados como recuperáveis, parcialmente recuperáveis e irrecuperáveis. Na mesma sequência, aqueles que poderiam produzir para o estado, ser treinados ou... descartados.
O fim era macabro: deixavam de ser tratados, alimentados e, quando batia o Inverno, não recebiam calefação. A consequência era a piora dos sintomas, inanição, ou perecerem por doenças típicas do excesso de frio.
Este tipo de "purificação da raça" foi visto durante o regime de Adolf Hitler. Na Alemanha, mais de 200 mil pessoas foram sacrificadas por não corresponder à ideia de produtividade do governo. Quando se fala do extermínio de judeus, ciganos e gays, acrescente-se mais este grupo de inocentes. Que a História ainda não soube registrar.
O preconceito com o excepcional está no tipo de sociedade que construímos. Pessoas vaidosas em busca do corpo perfeito, da aparência de acordo com os padrões de beleza, do comportamento estereotipado para atender a competitividade de quem representa mais, sem lastro para ser melhor.
Aqueles que lidam com excepcionais - a Associação dos Pais e Amigos de Jovens e Adultos com Deficiência (Apajad) sabe disto - veem no dia a dia a reação com pessoas consideradas "doentinhas", merecedoras de pena, mas não de ocupar um lugar na sociedade.
A excepcionalidade provoca: aqueles que a portam podem até não ter consciência do que são, mas os que os cercam trabalham para que sejam inseridos e tenham seu lugar ao Sol. O problema é para quem não os aceitam... Não aceitar é sinal de que os deficientes incomodam.
Todos temos deficiências. Aqueles que as externam física e mentalmente são o dedo na ferida, pois mostram o quanto precisaríamos desfazer a nossa própria arrogância. Aprender com as crianças - ainda não contaminadas pela "cultura" que mais tarde irão vestir - que ao brincar há apenas um outro ser humano ao seu lado. Correr, gritar e rir nos torna mais gente. Algo em que não somos diferente de ninguém.

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