domingo, 24 de março de 2013

Que as chamas não se extingam em vão.

Na sexta-feira passada (22 de março), assistimos esperançosos a entrega por parte dos investigadores do processo que foi desenvolvido a partir do incêndio da boate Kiss, em Santa Maria. Embora seja apenas o início, já que a partir de agora quem tem que se manifestar é a Justiça, havia o receio de que protagonistas diretos ou indiretos daquela malfadada tragédia não fossem indiciados. Pois foram. Estão lá tanto os proprietários, os músicos, os técnicos, mas também a Prefeitura e o Corpo de Bombeiros.
A repercussão que tomou em nível mundial – o próprio papa citou em conversa com a presidente Dilma – obrigou a que o levantamento de provas tivesse sua entrega adiado em diversas vezes, tentando chegar ao mais próximo da realidade de um incêndio criminoso e anunciado que vitimou diretamente 241 jovens, mas que deixou marcas que irão perdurar por toda a vida daqueles que sobreviveram.
“Porta arrombada, tranca de ferro” é o ditado para quando nos deparamos com um grande problema, uma tragédia e, depois, queremos arrumar a casa para que não aconteça mais. Foi o que aconteceu no Estado e no País. Na onda que se seguiu, viu-se Corpo de Bombeiro e Prefeituras correndo atrás do prejuízo e lacrando boates, clubes de recreação e outras áreas onde há a aglomeração de público.
Também os legisladores – na onda da mídia – perceberam o quanto as legislações que tratam do assunto são atrasadas ou, até, omissas. Quando não há choque de interesses e a legislação deixa brechas para interpretações em que o poder público se põe a serviço da iniciativa privada e, então, no açodamento para que os espaços deem lucro, fecham-se os olhos e estendem-se as mãos...
A tendência é que o noticiário diminua de intensidade, depois que, na próxima semana, a Justiça diga qual vai ser o trâmite do processo e de que forma os diversos indiciados serão julgados. Como existem figuras públicas envolvidas, a coisa é mais difícil e o julgamento pode se dar em instâncias diferentes.
No entanto, há uma certeza por parte da sociedade que enxugou muitas lágrimas enquanto via os corpos serem amontoados na rua, em frente da boate: que as chamas não se extingam em vão! Que a vitalidade que pulsava em cada um daqueles que foram assassinados naquele dia cobrem justiça e o desejo de que tragédias deste porte tenham dificuldade em se repetir!

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