domingo, 18 de setembro de 2011

20 de setembro

Os ventos que sopraram na Revolução Francesa de 1789 chegaram ao Rio Grande do Sul em 1835, na Revolução Farroupilha. Os ideiais de "Liberdade, Fraternidade e Igualdade" motivaram muitos gaúchos que viam na sua defesa a salvação para um estado sufocado por um império que daqui apenas queria o pagamento de impostos, a prestação de serviços e os cuidados com as fronteiras.
Assim como em qualquer revolução, aqui também se estabeleceram dois tipos de homens: um que de fato vestia os princípios da democracia e lutava tendo em vista os ideais revolucionários; mas também havia aqueles que somente tinham como interesse lucrar, de alguma forma, obtendo a satisfação de seus interesses.
Desde então, todos os estados da federação nos vêem, até hoje, como diferentes. Na verdade, ser gaúcho passou a ser uma declaração de princípios. Não é à toa que, 50 anos atrás, quando Brizola se entrincheirou no Palácio Piratini, em Porto Alegre, defendendo a legalidade, teve contra si praticamente todo o país, que, três anos antes, já apoiava um golpe militar. A legalidade era, apenas, a defesa pelo cumprimento da lei.
Hoje, vejo uma diferenciação feita por "gaúchos que se vestem de gaúchos" e de "gaúchos que se fantasiam de gaúchos". O sentido não é pejorativo, mas distingue aqueles que ainda sonham com a realização dos três princípios - liberdade, fraternidade e igualdade - daqueles que vestem uma pilcha e tomam chimarrão por modismo.
Claro que somos diferentes. Em lugar nenhum do Mundo se canta o hino do Estado com maior vibração do que se canta o hino do país. Sendo assim, orgulhosos por sermos gaúchos, sabemos que estamos longe de realizar os ideais farroupilhas, mas, a cada 20 de setembro, para além de todas as representações, fica no ar o sentimento de que estamos em permanente revolução, na luta por um mundo mais justo. Talvez o gaúcho a cavalo, hoje, seja cada vez mais raro, mas permanece o sentimento de liberdade e de justiça que ceifou muitas vidas e que dá sentido a que, no horizonte das coxilhas, se plante uma renovada esperança.

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