sexta-feira, 17 de novembro de 2023

O voo tardio das lembranças...

Há um tempo em que a memória

Brinca com aquilo que pensamos

Serem nossas recordações.

É um bom motivo para que

Guardes das minhas lembranças

As vezes em que me fiz de bobo para ganhar teu riso,

Tua atenção e teu olhar.

Nas brincadeiras, nas conversas e nos silêncios,

É sempre uma espera que tem jeito de eternidade.

 


O tempo passa por uma porta entreaberta.

Através dela,

Se ouve a sonoridade do riso de uma criança;

Por uma janela bisbilhoteira

Chegam os sussurros cúmplices dos amantes;

Alguém murmura uma prece,

Que deveria chegar aos Céus,

Mas se perde pelos labirintos das

Palavras desprezadas

E na cadência dos soluços...

 

Sentimentos que vagam nas reminiscências.

Quando perceberes que estou perdido,

Queria te pedir que voltes,

Enquanto ainda lembro de ti.

Tenho medo do tempo que flui e

Com ele se perdem na distância as vozes que amei,

Esmaecem os rostos que ficaram marcados

Como parte do meu destino.

 

Sabes,

Ainda rezo por aqueles que foram

Meus pequenos/grandes milagres:

Não quero esquecer

O calor da tua mão desenhando meu corpo,

No afago silencioso e doce da intimidade;

Todas as vezes em que busquei o aconchego do teu olhar,

Num sorriso que tornava as palavras desnecessárias;

E te enxergar à distância, certo de que logo

Estaria me perdendo na ternura dos teus braços.

 

Olhando para o jeito como planejavas a caminhada,

Aprendi que tão importante quanto

Ser acolhido na chegada é

Ter coragem de abrir os braços na partida.

E, nos momentos de solidão,

Mesmo que eu não esteja ao teu lado,

Vou sempre rezar para que nunca precises te sentir solitário.

 

O sol que brinca em meio às folhas

Mais altas das árvores,

Às vezes acarinha e provoca.

Fecho os olhos,

Guardando energias para quando

Sentir sua falta na minha pele...

Há um tempo da distância,

Quando as saudades ficam mais próximas,

No frio da tardinha que se torna inevitável.

 

Enquanto ainda resta algum calor do dia,

Atravesso a faixa dos sonhos,

Sentindo que a bruma do tempo

Tolda meus olhos.

O lugar onde as memórias são ecos

De histórias e sensações que se perdem:

Envelhecer é

O voo tardio das lembranças...

Se não te reconhecer e nos reencontrarmos,

Por favor, ao menos, me abraça um pouquinho mais...

terça-feira, 14 de novembro de 2023

Buscando entender a inteligência artificial

Viver esta virada do século XX para o século XXI tem sido um privilégio. Muitas mudanças, em alguns casos com os mesmos vícios. Para não ficar na generalização, basta observar o que se avançou em técnica e recursos da informática, mesmo que ainda seja um privilégio de poucos. Existe um abismo entre o quadro negro dos rincões mais distantes e as lousas digitais das salas de aula de alguns colégios privilegiados. A diferença que vai aparecer tanto nos resultados escolares, quanto no seu abandono.

Nos últimos tempos, restrinjo-me a atividades que não exijam presença física. Agucei minhas pesquisas no sentido de encontrar formas que facilitem o trabalho de formador de opinião, com a produção de conteúdo, especialmente textos, áudios e vídeos. Foi quando chamaram a atenção para a Inteligência Artificial (IA). Uso um programa de produção de vídeos chamado Movavi, que incluiu na sua versão mais recente uma IA capaz de diminuir sensivelmente ruídos de ambientes onde áudios são gravados.

Depois, um conhecido falou de uma IA que serve para revisar ortografia, gramática e, mesmo, estilo, em um só lugar. Chama-se “Clarice.ai”. De fato, é uma ferramenta que permite melhorar em muito aquilo que é produzido. Limpar o texto de palavras repetidas, expressões inadequadas, correções e... apresentar sugestões para melhorar a clareza e a compreensão. Parecia um sonho. Era uma descoberta que precisava de um tempo de maturação e encontrar as melhores formas do que fazer com este instrumento.

Ao comentar com outro amigo, sugeriu que procurasse pelo “Bard”, do Google. Tinha recursos semelhantes aos da “Clarice.ai”, mas completava com uma análise textual, incluindo correção e estilo, assim como uma análise descritiva do que escrevera e o que intencionava dizer. Como se tivesse enviado para um amigo e ele retornasse com um arrazoado dizendo o que entendera, o que julgara destaque (também as incorreções e dificuldades), com uma “interpretação” do que eu, como autor, desejara expressar!

Mário Corso, no texto deficiências ocultas, alerta para os novos tempos onde é preciso que “haja resistência e resiliência”. No caso, tratou do uso do girassol como elemento identificador de pessoas com deficiências não aparentes, que teve aprovação no senado federal em junho. Transformou-se em marca visual da condição no país, sem dispensar documento que comprove deficiência, quando solicitado por autoridade. Encerra com uma frase desabafo: “comprei um vaso de girassol para conversar e pedir conselhos”.

Foi o que fiz ao usar a IA. Encontrei um “amigo” para ler e analisar o que escrevi. Com assistência virtual e inteligência artificial possibilitam-se surpreendentes caminhos. Se, um dia, o parâmetro para o editor de texto foi a velha e boa máquina de escrever, abre-se a discussão sobre a sua aplicação na educação, por exemplo. Sabe-se que professores não podem ser dispensados pois precisam deflagrar um processo de discutir, aprender e utilizar para não se demonizar o novo. Estimular o pensamento ético, com mente aberta e coração disposto a acreditar no próprio homem e na formação do cidadão!

domingo, 12 de novembro de 2023

Em defesa do torresmo e do torresminho

Pelotas recebeu uma destas mostras gastronômicos itinerantes, com uma marca que está nas lembranças de muitos de nós: o torresmo. Quem foi, achou interessante, mas não atendeu a todas as expectativas. Era um “food truck” vindo de São Paulo e já tendo percorrido muitos municípios brasileiros, com um cardápio até certo ponto sofisticado, para quem acreditou que ia encontrar algo bem mais simples... Os que vieram do interior ou da periferia, conheceram outro tipo de torresmo. E outro tipo de torresminho.

O torresmo era vendido em armazéns, como o do pai, o seu Manoel. Os fornecedores eram abatedouros de porcos que existiam nas Terras Altas, onde produziam embutidos como a linguiça, a morcilha e o patê. Num tempo em que a vigilância sanitária não era tão rigorosa, era cardápio de produtos que ficavam em armários sem conservação refrigerada. Em alguns casos, alternativa para a carne. Ainda sinto o gosto do “arroz de puta pobre” (não pensem bobagem, apenas arroz, muito tempero e uma boa linguiça).

Fui conhecer o torresminho pelas mãos de um irmão do pai, tio Djalmo. Se o torresmo eram pedaços de carne de porco, gordura e pele frita, o outro era tudo isto moído e prensado para que se transformasse numa pasta para pão, perdendo bastante do seu colesterol (eu acho...). Íamos visitá-lo na costa do Camaquã e de lá se voltava com alguns destes potes. Depois, comecei a encontrar o mesmo produto vendido em feiras livres, em alguns casos ainda de forma artesanal, mas alguns já com cara de industrial.

Alimento que deve ter a origem muito próxima ao mocotó. Eram, praticamente, sobras das carnes, no caso, a suína, que atendiam às demandas dos mais pobres. Naquele tempo, nem se pensava em colesterol, então, era consumido em larga escala, desde ingrediente na comida, passando por petisco, assim como, nos botecos, acompanhar um “martelinho de canha”. Me escalava para cuidar do armazém à tardinha. Com o armário de frios à disposição, catava os pedacinhos de carne seca, o melhor do torresmo...

Que meus referenciais de saúde não me leiam (ou ouçam): doutor Pacheco, nutricionista Mariana e a enfermeira Raquel. Mas, na semana passada, bateu uma vontade de procurar pelo torresminho na feira livre das quartas-feiras no bairro Quartier. Com os índices de saúde sob controle, queria sentir o gosto e matar a saudade. Deu para fazer as duas coisas. Uma liberalidade controlada. Mas vieram as lembranças do boteco do seu Manoel, a prosa com vizinhos ao voltarem do trabalho e das visitas aos tios no interior.

Assim como o mocotó, o torresmo tem o seu pé na África. O mais popular era prensado em rodas e a melhor forma de separar as partes era com as mãos. Depois, lamber os pedacinhos que ficavam nos dedos... Pessoas que têm mais cuidado do que eu com a saúde, seguidamente alertam: “é coisa muito forte!” Engraçado é que, pouco a pouco, se reconhece, como a banha de porco, por exemplo, que não são estas comidas que prejudicam o organismo, mas outras escolhas que fizeram a nossa mesa mais pobre...

sexta-feira, 10 de novembro de 2023

A doçura e o amargo da saudade...

Tentei. Fiz o possível para remover

As pedras que incrustavam a tua pele.

Com elas pensavas te proteger.

Achavas estranha a carga que outros carregavam,

Muitas vezes sem terem noção dos fardos

Que acumularam e que as torturavam.

 


Foi um peso menor na infância e juventude.

Depois, tornou-se mais

Difícil quando te pensaste sozinho.

Culpaste o tempo pensando ser ele o teu algoz,

Sem reparar nas mudanças

Que envelheceram teu corpo e também o teu espírito.

 

Pedras têm sentido quando melhoram caminhos,

Ajudam a erguer casas,

Fazem a proteção das cidades.

Mesmo aquelas desgastadas pelo andante

Ou quando acumulam terra que primaveram

Em flores, brotando pelas rachaduras.

Instigam a solidez como candeeiro

Nas dificuldades, apontando para os sons que

Murmuram ao vento, através das janelas da memória.

 

As que retirei de ti estão juntas às minhas,

Na curva da estrada que

Acompanha a margem do rio,

Onde ainda vamos sentar para um dedo de prosa.

Ou, apenas, esquecer as vozes

E contemplar a correnteza,

Vendo que as águas

Não se importam em driblá-las.

Recordando das muitas

Que estiveram no seu leito

E não entendem porque não estão mais

No lugar onde a Natureza as colocou.

 

Para atormentar alguém,

Acumulam-se crostas de mágoas,

De angústias mal resolvidas,

Dos desgostos que se calcificam

Em evocações que sublimam

O que ficou de lembranças e sentimentos.

 

Os desenhos em tua pele são reminiscências

Das pedras que, depois de retiradas, deixam marcas,

Contando um pouco da tua história.

Não há como, simplesmente, esquecer.

O que acumula em nossos corpos não pode,

Pura e simplesmente, ser removido.

 

O rio as esconde nas profundidades e cuida delas,

Sussurrando consolos

Em seus gemidos e estertores.

Sabe que as águas não retornam,

Ficando o desejo do afago do passante

Que pensa entender seu passado.

 

Não se vive impunemente.

Nestas mesmas águas, tua imagem

Refletida te dão a dimensão

De entregas e sacrifícios.

Quando mãos que fazem renascer

A tua energia percorrerem teu corpo,

Desenharão o mapa de todas as tuas dores.

Sentirás a doçura das lembranças

E o gosto amargo das marcas que entranharam a saudade...

terça-feira, 7 de novembro de 2023

Descobrir a utilidade do “inútil”

Numa das minhas andanças para palestras, falava em solidariedade e contaram do grupo paroquial que preparava sopão comunitário. Faltavam ajudantes e pediram na Missa. Na segunda-feira, apareceu um senhor dos seus 80 anos. Disse que não sabia cozinhar, mas aprendia. Descascava, fatiava, lavava e fazia um pouco de tudo. Depois, souberam que era professor aposentado com pós-doutorado. Morreu a esposa, filhos migraram e ainda queria se sentir útil. Não falava muito, mas era pontual e efetivo. Fez-se necessário.


Lembrei desta história quando acompanhei a discussão a respeito do envelhecimento da população brasileira e a quantidade de pessoas que se assusta quando se dá conta de que está se tornando idosa. Tem a ver com o fim da vida, mas não só. Infelizmente, não é somente envelhecer que pega de surpresa e se fica pensando em como o tempo passou e não se aproveitou. Embora as religiões e filosofias tentem, para a maior parte das pessoas é difícil entender a proximidade do fim, a proximidade da morte!

Parte da população concentra energias em trabalhar toda uma vida para pagar contas e manter a família. O que aproveita não é suficiente para criar um estilo de vida que dispense a atividade profissional. Então, a primeira morte acontece quando se aposenta e não sabe o que fazer. Ou procura desesperadamente recolocação no mercado, num país com tantas dificuldades para os mais novos e recém formados e ainda com o estigma de estarem “velhos demais” para o que fizeram até pouco tempo atrás.

A aposentadoria pode ser bênção ou desgraça para si e para os demais. É então que se descobre a utilidade do inútil. Idoso que se cuida ainda consegue ter qualidade de vida quando se der conta de que é ele/ela quem tem que descobrir a sua “utilidade”. Não se precisa ocupar lugar no mercado (claro, tem aqueles que se aposentaram mal e, tristemente, precisam fazer bicos) ou achar atividades “próprias para idosos”. Mas também tem aqueles que fazem bico exatamente para se manterem ativos.

Mesmo em família, é comum se falar a respeito da dificuldade de lidar com o pai e a mãe aposentados. O que dificilmente se fala é das vezes em que cuidam da casa, reparam os filhos, ficam com eles em horários de trabalho, estudo, viagens ou consultas e escolinhas de futebol, por exemplo. Isto enquanto estão em plena forma física. Depois, parecem objetos descartáveis: já foram utilizados. Sob o pretexto de proteção e cansaço, são afastados do grupo com o qual conviveram e do qual ainda querem fazer parte...

A “utilidade” é um escape para a solidão. Assim como a inserção em grupos sociais com diferenças etárias. Não é verdade que a sociedade e as instituições valorizam os idosos. Legislações e discursos, muitas vezes, não fazem jus às práticas. Pena que líderes políticos, sociais e religiosos não se deem conta da importância em acompanhar e motivar estes segmentos. Para que pessoas que foram significativas na vida de outras não definhem sem que se atente para a chama da vida e de uma história que se apaga!

domingo, 5 de novembro de 2023

O Mestre e o Aprendiz: os sabugos e o pão – as marcas da paz!

Eram remotos os tempos em que os primeiros grupos de nômades começaram a aparecer. Embora não fossem bem quistos em outras regiões, ali, tanto na vila, quanto com o Mosteiro, sempre tinham mantido boas relações. Faziam as vezes de mascates, pois vinham das cidades litorâneas, onde aportavam os navios estrangeiros. Então, era comum que comercializassem desde material de cozinha, especialmente panelas e tachos, até as peças de tecidos que serviam para a produção de roupas.

No limiar do terreno do Mosteiro - e antes de chegar à vila - havia uma área desocupada onde pediam licença para instalar suas tendas. O pasto era bom e a água corrente passava perto, com lugar para deixar as carroças e alimentar seus animais de carga. O Mestre sempre recebia a Grande Mãe, que era a matriarca. O grupo já tivera, em outros tempos, mais de 50 pessoas. Hoje, restavam pouco mais de 20. No entanto, mantinham o mesmo costume de vir se apresentar e oferecer um presente ao Mosteiro.


Desta vez, percebeu que estavam com dificuldades, pois aparentavam estar mais pobres e com o olhar mais triste. Mesmo assim, mantinham a altivez do que, num passado distante, fora uma tribo de ferreiros que perambulava pelas cidades prestando seus serviços. Chegavam os cinco mais velhos que eram recebidos para um café. Contaram que haviam sido assaltados dias antes. Além dos poucos recursos, haviam levado, inclusive, ferramentas de trabalho, o que dificultava bastante a sua atividade.

Na saída, recebeu um pedido inusitado: se as crianças poderiam vir, em algum horário, brincar com os aprendizes.  Marcaram para a tarde do dia seguinte. Os da casa prepararam brinquedos feitos com a orientação do Monge Carpinteiro, orgulhosos de seus carros de boi, assim como os pequenos animais entalhados na madeira. Foi com surpresa que os visitantes trouxeram um saco de sabugos de milho. Um início meio tímido, mas, aos poucos, foram se entrosando e esquecendo possíveis diferenças.

Curioso, o Mestre não resistiu em ficar observando da varanda. O Monge da Cozinha havia feito biscoitos que distribuiu a cada um dos aprendizes para comerem em algum horário da brincadeira. Com surpresa reparou que os brinquedos de madeira foram sendo deixados de lado e os sabugos instigando a imaginação dos pequenos que construíam cercados, torres, mas também serviam para representar animais e pessoas. As brincadeiras reproduziam as atividades dos adultos, mas não havia violência.

Seus pequenos, ao sentirem fome, tiraram o lanche do bolso e, sem pensar duas vezes, compartilharam com os visitantes. Eram apenas crianças, ainda livres dos preconceitos dos adultos que fazem as guerras. Não havia distinção, apenas diversão e convívio. Pensou que se existe uma chance de recuperar a Paz, deve ser por meio delas. Enquanto por suas mãos marcadas pela terra passarem os sabugos e o pão, ainda é possível reconhecer que a Paz precisa ser sinônimo de dignidade para todos os seres, inclusive os seres humanos!

sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Deixa teus passos marcados no caminho...

As lanternas delineiam

Um rumo ao longo do caminho.

Sua luz de velas dá contornos imprecisos à noite.

O som da brisa, na margem do lago,

Sussurra, acariciando

Os juntos que flutuam no espelho d'água.

As próprias árvores aquietam-se

Ao fazer a moldura que acolhe o olhar do viandante.

 


Definir se é este o rumo

É missão que demanda tempo, paciência e carinho.

Peregrinos e caminhos muitas vezes se confundem.

Existem aqueles

Que nunca se importam

E querem apenas sentir o tempo passar.

Quem não o compreende,

E se perde em devaneios,

Confundindo o próprio sentido.

Os que intuem o mistério do tempo,

Dolorosamente vivido na imprecisão do destino.

 

Meu coração aperta

Na névoa que, aos poucos, embota os sentidos.

Impede de ver à distância

E flutua por sobre as águas.

Na confusão de sentimentos,

Perdi a perspectiva,

Andei muito tempo sem entender que

Fazia parte da

Procissão dos desalentados e desesperançados.

 

No final da tarde,

Quando o último raio de Sol

Rasgou o horizonte por debaixo das nuvens,

Ficou a certeza de que

A chuva vai parar e restará o poente

Enquadrado por uma nesga do Céu e da Terra,

Desenhando sinuosidades no breu da paisagem.

 

Não apaga o luzeiro que outros

Acenderam para tornar a jornada menos difícil.

Afinal, apagar rastros é missão quase impossível

E o destino é apenas a trilha.

Ele não te faz feliz ou infeliz,

Te oferece oportunidades para que traces o norte.

 

Não culpa a estrada ou o andante pelos teus infortúnios.

Por toda a vida reclamaste das ocasiões perdidas,

Como se não fossem

Os teus próprios fantasmas que te atormentaram.

Com o tempo,

Conviver com eles é descobrir que

As vozes de quem partiu ainda se fazem presente,

Como sombras que se ocultam nas dobras da noite.

 

Abre os olhos e o teu coração.

Quando a manhã orvalhar a grama,

Deixa teus passos marcados e percebe que

Andar é missão e faz parte da sina de cada um.

E que chegar é momento único que toma sentido

Quando se valoriza o próprio caminho!