domingo, 28 de setembro de 2025

Finitudes…

Simplesmente assim:


Experimentar a vida é a atitude de quem faz

As pazes com quem marca os dias e as horas.

O sorvedouro do tempo não é um buraco negro

Onde as fotos vão sendo apagadas

E aqueles com quem se conviveu

Perdem o brilho da imagem 

E ganham o pertencimento ao passado.

Bendita lágrima que percorre os sulcos da face de um idoso.

Regam momentos em que a vida se transforma em canção,

Ou, quando se desafina o tom, mas não se desiste de viver.

 

Apaziguar sentimentos fica mais difícil, pois

Muitas feridas se escondem e se eternizam

Nos recantos sombrios de uma alma.

O lugar onde se guarda sentimentos mal resolvidos,

Em que se precisa da

Perspectiva de um horizonte para colocá-los à luz.

O longo percurso até perceber 

Que as muitas finitudes são o tempo de envelhecer,

Quando os sonhos da juventude, enfim, ganham sentido…


(Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/j_wclmYwJjc)


sábado, 27 de setembro de 2025

Charbonneau, Ensaio e Retrato

Leituras e lembranças:

​​O livro de Alberto Martins é uma obra biográfica dedicada a Paul-Eugène Charbonneau (1927-1976), padre, educador e intelectual canadense que se tornou uma figura central na educação brasileira, principalmente no estado de São Paulo. ​Na primeira parte, Martins não se limita a relatar fatos cronológicos. Constrói um ensaio sobre a vida e a filosofia de Charbonneau, explorando suas ideias pedagógicas, seu pensamento político e sua profunda ligação com a cultura brasileira. 

Analisa as motivações, os desafios e os projetos de Charbonneau, como sua participação na fundação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Bento e suas contribuições para a educação jesuíta no Brasil. É uma análise crítica e reflexiva sobre o legado do educador.

​Complementa o ensaio com um retrato mais íntimo e pessoal de Charbonneau. Martins utiliza depoimentos, cartas, fotografias e outros documentos para capturar a essência das pessoas por trás do educador, revelando suas paixões, suas amizades e suas lutas. O retrato mostra o homem, suas virtudes e complexidades, indo além da figura pública para apresentar uma imagem mais completa e comovente.

​Obra importante para a história da educação e da cultura brasileira. Vai além de uma simples biografia, funcionando como documento histórico e tributo. Martins equilibra a análise intelectual com a sensibilidade humana. Ele não se contenta em listar as realizações de Charbonneau, mas se aprofunda no contexto histórico e político em que o educador atuou, incluindo os anos turbulentos da ditadura militar no Brasil. 

Consegue mostrar como as ideias de Charbonneau, baseadas na filosofia humanista e na pedagogia progressista, foram revolucionárias e desafiadoras para sua época. Ao mesmo tempo, o "retrato" oferece uma conexão emocional com o personagem, permitindo ao leitor compreender o impacto que Charbonneau teve sobre seus alunos, colegas e amigos.

Paul-Eugène Charbonneau é, de fato, uma figura notável, e a obra de Alberto Martins é a melhor forma de conhecer sua contribuição. Demonstra a força transformadora da educação e o poder de um indivíduo em moldar o pensamento de uma geração. O livro é leitura essencial para quem busca entender a história da educação superior no Brasil e a influência de pensadores estrangeiros na formação de nossa identidade intelectual.

(Pesquisa IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/LekJHLCVwUk)

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

“Viva a sociedade inclusiva!”

Artigo da semana:

O programa Caldeirão do Mion, apresentado por Marcos Mion, na RBS TV, tem momentos de pura ternura. No sábado, foi a presença do gaúcho Lorenzo Ferreira. Com autismo e deficiência intelectual, é músico, intérprete e comediante. Grande fã de Raul Seixas que o inspira na sua luta por uma sociedade inclusiva, através das redes sociais, especialmente. Apresentado pelo pai, carimbou a frase “quando o autista entra, o pai sai”. Com duplo sentido: o abandono quando se recebe o diagnóstico, ou, no caso, a entrada do “artista” tira de cena o outro personagem.

E foi o que aconteceu. Caracterizado como seu ídolo Raul Seixas, participou do espaço "a arte transforma". Empático, não foi preciso muito para provocar a plateia a cantar um “pot-pourri” do seu inspirador, como se pisasse no palco todos os dias. Com presença de espírito, cantando, chamou a atenção do pai: “não chora, pai!” e da mãe, também insuflou a galera ao trocar a letra e, ao invés de usar o “viva a sociedade alternativa”, entoou “viva a sociedade inclusiva”.

Mion brincou que “o Lorenzo é zoeira pura!”. Conversando de pai para pai, a partir da sua própria experiência de ter um filho autista, falam com propriedade. Tendo o reconhecimento do rapaz apaixonado por música e que começou a se socializar graças a projetos musicais, como a Fábrica de Gaiteiros, do também gaúcho Renato Borghetti. Mion: “Quando você tá cantando como se sente, esquece da vida… A arte é ordinária, a gente precisa dela como precisa respirar.”

A apresentação e conversa renderam lances emocionantes do responsável pela banda, Lúcio Mauro Filho, e dos atores Dudu Azevedo e Paulinho Vilhena, que enfrentaram Lenita Oliver e Jéssica Ellen, no “Sobe o Som”. Ali estava um artista completo na sua incompletude. Todos os jargões ouvidos de pessoas que dizem o que não sabem fez perceber que seu potencial é imenso, privilegiando as representações e sentimentos pessoais, com a perda em maior ou menor grau da relação com aquilo que não conseguem assimilar. Precisando de acolhida e muito carinho.

A luta do Lorenzo por conquistar seu espaço é a mesma de muitos outros “lorenzos” que não conseguem sair do anonimato. O certo é que, frente às câmeras - ou longe delas - possuem pais (especialmente, mães) que sacrificam boa parte de suas vidas na conquista do elementar: a inclusão. Transformar crianças e jovens em cidadãos com direito a um lugar ao sol. O programa, mais do que nunca, mostrou que informação e sensibilidade são recursos necessários para que a sociedade resgate uma dívida histórica, mas não impossível de ser paga…

(Áudio e vídeo em https://youtu.be/QyfsN9KD10o.)


domingo, 21 de setembro de 2025

Recomeço

Simplesmente assim:


Está doendo muito.

Meu corpo se contorce na busca

Por me livrar da dor que lacera

As poucas fibras que ainda julgo sadias.

O que percorre a anatomia do meu corpo

Alcança o meu espírito, também machucado.

As dores se acomodam na calada da noite.

Tenho medo das lembranças que

Percorrem meus sonhos e agitam meu sono.

Sem sossego, por entre os lençóis, fecho os olhos e

Fresteio o relógio à espera do amanhecer.

 

Quantos invernos ainda me esperam?

Não quero que o passado ande à minha frente,

Ele reabre feridas desnecessárias,

Povoa as lembranças de dores e ressentimentos.

Peço o direito de chorar. Só então,

Compreendo que as lágrimas lavam a alma

E que um simples sorriso apazigua o espírito.

Preciso de um tempo. O direito de esperar.

A espera sempre acalenta a oportunidade de um recomeço…


(Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/PzW8Qzg6tt4)


sábado, 20 de setembro de 2025

O Livreiro de Cabul

Leituras e Lembranças:

O Livreiro de Cabul é um trabalho de jornalismo narrativo que a norueguesa Åsne Seierstad escreveu em 2002. Após a queda do regime Talibã no Afeganistão, a autora viveu por vários meses com uma família afegã em Cabul. O patriarca da família é Sultan Khan, um livreiro que teve a coragem de continuar a vender livros durante o Talibã, desafiando a censura. Apresenta o cotidiano e a vida dessa família, focando nas mulheres e nos seus dilemas. 

A narrativa detalha a vida sob um ponto de vista muito pessoal e íntimo, o que ajuda o leitor a entender as tradições e costumes de uma sociedade regida por leis islâmicas e por um forte patriarcado. A autora mostra os conflitos entre gerações, a submissão das mulheres, os casamentos arranjados e a luta pela educação e pela liberdade em um país devastado pela guerra. O livro não segue uma estrutura linear, mas episódios e observações do dia a dia: o ambiente, pessoas e conversas, o que cria um retrato vívido e realista da vida em Cabul.

O Livreiro de Cabul é obra poderosa e polêmica que provocou debates ao ser publicada. A virtude do livro é humanizar o Afeganistão, um país que ocidentais só conhecem por meio de reportagens sobre guerra e terrorismo. Convida a entrar na casa de uma família afegã e a observar a vida de perto. Faz ver as lutas, os sonhos e as frustrações das mulheres da casa. Revela a complexa e muitas vezes opressiva realidade do patriarcado. O título, "O Livreiro de Cabul", foca no patriarca, mas o coração do livro são as vozes e histórias das mulheres.

A obra recebeu críticas. A mais importante veio do próprio Sultan Khan e família, ao alegar que Seierstad os retratou de forma injusta e que o livro continha imprecisões. Foi acusada de quebrar a confiança e invadir sua privacidade. Khan publicou um livro em resposta, Eu sou o livreiro de Cabul, para dar sua versão dos fatos. A polêmica levanta questões importantes sobre ética no jornalismo e a responsabilidade de quem escreve sobre a vida de outras pessoas, especialmente quando se trata de culturas diferentes.

Apesar das discussões, O Livreiro de Cabul é leitura importante para quem quer entender melhor a sociedade afegã. O livro é um exemplo de como o jornalismo pode nos dar uma visão muito mais profunda do que as notícias diárias, mostrando a vida cotidiana e as complexidades de uma cultura que nos parecem tão distantes. A obra desafia a olhar além das manchetes e ver a vida de pessoas reais que, como nós, têm suas lutas e seus muitos sonhos…

(Pesquisa e imagens com o apoio da IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/IMH6-JDm610)

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Procura-se por um “homem”, procura-se por um “político”

Artigo da semana:

O que nos fez chegar ao ponto em que se calcificou os sentimentos, em especial a consideração pelo próprio ser humano, sempre que o consideramos “perigoso”, especialmente se divergir do que se pensa? Em tese, a defesa da direita e da esquerda é a de que o respeito pelo outro é fundamental “desde que”... E aí aparecem as pencas dos nossos ressentimentos mais obscuros, aqueles que vêm carregados de rancor, gerados por manipulações, mentiras, resquícios de períodos em que a própria sociedade foi tutelada. 

Para se fazer um “minha culpa” seria necessário que surgissem lideranças que, direta ou indiretamente, não usassem como estratégia jogar gasolina nas fogueiras das vaidades. Difícil de se perceber no horizonte político da atualidade, onde homens e mulheres carecem de uma mentalidade cidadã.  Achar alguém equilibrado é quase uma utopia. As marcas da ditadura militar aparecem nos ressentimentos da esquerda, assim como um desprezo nem sempre velado presente quando a esquerda trata a direita.

A morte de Charlie Kirk, nos Estados Unidos, ativista de direita e aliado do presidente Trump, esgarçou a insanidade de quem, muitas vezes, sequer está ligado a partidos ou grupos políticos. No entanto, vai sendo “pilhado” por falsas notícias e disputas que alimentam comportamentos antissociais. Os “líderes” políticos apenas insuflam as massas e se recolhem aos seus espaços protegidos, onde a violência das ruas não os atinge. Bem alimentados e bem pagos, divertem-se com o que fazem. Sem sequer lavar as mãos…

Não é diferente no Brasil, onde se fez uma salada entre partidos e religiões e se lançou integrantes de um mesmo credo uns contra os outros pela diferença dos políticos de estimação. Isto quando os próprios dirigentes religiosos não chamaram a si a função de serem líderes políticos, num claro desvio de função, já que deveriam preparar seus liderados para este papel. O que se vê são interesses nem sempre transparentes misturando atos de fé e o pior da política, numa química que, historicamente, sempre cheirou mal…

O filósofo Diógenes de Sínope procurava por um “homem”. Com uma lanterna, durante o dia, tentava encontrar alguém digno de ser chamado de “humano”. Hoje, procura-se por quem se possa chamar de “político”, aquele que defende a “polis”, os interesses de todos. Não precisa de adjetivo, mas abrir mãos (o que é quase impossível) de benesses, em favor de uma sociedade perigosamente próxima da saturação. O distanciamento dos políticos, especialmente os que vivem em Brasília (a chamada Ilha da Fantasia), já se transformou em escândalo que brada aos céus…

(Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/BSLYHw3AAtw)

domingo, 14 de setembro de 2025

Comunhão

Simplesmente assim:

Uma vela está acesa no Santuário.

Dezenas de outras cintilam

Na encosta da Gruta, fazendo com que

O olhar se perca na chama que bruxuleia,

Perdida no tempo em que adormecem as recordações.

Na procissão de quem alimenta a fé,

Uma energia transcende o lugar.

Mexe com cada pedacinho do espírito,

A própria humanidade que

Se luta por preservar, na dureza de cada dia.

 

Rezar é a arte de buscar o Infinito dentro

Do que torna o homem senhor dos seus horizontes.

Tem gosto do medo que vem à garganta,

Dosando com a ternura do que é expectativa.

Um ato de fé em que forças se encontram,

Emergindo de onde desaparece a escuridão.

Crer é receber o abraço de corpos

Que partilham a energia capaz de

Sublimar sentimentos, na sede do que

Transcende o corpo e alcança a alma ao Infinito!


Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/LWgUjxqmJCE.

sábado, 13 de setembro de 2025

As Veias Abertas da América Latina

Leituras e Lembranças:

As Veias Abertas da América Latina, do uruguaio Eduardo Galeano, é obra de não-ficção publicada em 1971 que se tornou um clássico da literatura de denúncia. É análise histórica e econômica detalhada de como a América Latina foi explorada e empobrecida ao longo de séculos. Argumenta que a riqueza natural do continente - como ouro, prata, açúcar, cacau, borracha e petróleo - foi sistematicamente extraída por potências estrangeiras, primeiro a Espanha e Portugal, e mais tarde a Grã-Bretanha e os Estados Unidos.

A estrutura do livro é dividida em duas partes. "A Pobreza do Homem Como Resultado da Riqueza da Terra": esta parte foca na exploração dos recursos minerais. Galeano descreve a busca incessante por ouro e prata, a escravização dos povos indígenas e africanos, e como essa riqueza escoou para a Europa, financiando o desenvolvimento de outras nações, enquanto a América Latina permanecia subdesenvolvida.

"O Desenvolvimento É uma Viagem com Mais Náufragos do Que Navegantes": aqui, o foco se volta para a exploração agrícola e a subserviência econômica. Explora como o modelo de produção de produtos primários - como o açúcar no Caribe e no Brasil, algodão nos Estados Unidos e o café na América Central - criou dependência e fragilidade econômica. Também critica a intervenção militar e política dos Estados Unidos na região, que garantiu a manutenção de governos favoráveis aos seus interesses.

As Veias Abertas da América Latina é mais do que um livro de história. É denúncia e memória. Galeano não se limita a apresentar fatos; os interpreta, mostrando como o capitalismo e o imperialismo são os principais responsáveis pela miséria e desigualdade na região. A força do livro reside na capacidade de conectar o passado e o presente. Mostra que as estruturas de exploração estabelecidas durante a era colonial não desapareceram, mas se transformaram. A extração de riquezas continua, agora feita por mecanismos financeiros, controle de mercados e intervenções políticas, mantendo a América Latina subserviente.

O livro é polêmico ainda hoje. Recebeu crítica de historiadores sobre a metodologia, classificada como generalista e fontes seletivas para reforçar sua tese. Apesar das controvérsias, o impacto do livro é inegável. Tornou-se leitura fundamental para entender o contexto histórico e as lutas políticas da América Latina. A obra inspira reflexão sobre a justiça social e a soberania dos povos, e continua a ser um ponto de partida para debates sobre desenvolvimento, dependência e a busca por um futuro mais justo no continente.

Pesquisa e imagens da IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/qj6nc5CrLa0.

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Educação e Inteligência Artificial

Artigo da semana: 

No debate sobre inteligência artificial, uma das discussões mais importantes é sobre o papel que se atribui ao educador. Ele precisa deixar de ser a principal fonte de informação para se tornar um facilitador e um mentor. Como facilitador, guia os alunos por um vasto oceano de informações (que muitos confundem com conhecimento). Sua função é orientar o aluno a fazer as perguntas certas à IA, a filtrar os dados e a verificar a credibilidade das fontes. 

Ensina o que a IA ainda não consegue ter: pensamento crítico, criatividade, colaboração e empatia. Inspira a curiosidade e ajuda os alunos a desenvolverem as habilidades humanas essenciais para usar a tecnologia de forma inteligente e ética. A chave para motivar o aluno a "gastar tempo estudando" é mudar a definição do próprio conceito. Estudar não é mais memorizar, mas sim dominar recursos técnicos e ampliar o conhecimento. Essa máxima já se aplica a outros campos da produção científica e tecnológica.

Em resumo: a IA oferece a resposta, mas o educando traz o contexto. A IA não sabe por que aquela resposta é importante para a vida do aluno. A IA faz o cálculo, mas o educando traz a criatividade. A IA pode escrever um texto, mas não sabe o que o aluno quer expressar ou qual sentimento deseja transmitir. A IA tem dados, mas o educando tem a curiosidade. A IA não sabe "o que não sabe". O aluno precisa ter vontade e motivação para explorar, questionar e descobrir essa ampla gama de possibilidades.

Em um debate que promovo com alunos de Filosofia e Teologia, discutimos os prós e contras da IA, e o que chamo de teoria do "mas" (a indecisão). A tarefa proposta no último encontro foi a de elaborar um trabalho de observação da realidade onde atuam pastoralmente, sistematizar cerca de cinco pontos de um fragmento dessa realidade e pedir auxílio à IA para construir um texto. Ao longo do processo, exercem a sensibilidade e aprimoram seu próprio aprendizado.

As demandas educacionais precisam focar na mudança das estruturas tradicionais, incluindo as de sala de aula. Em espaços informatizados e com maior informalidade, educador e educando se apropriam, em conjunto, do que já existe nos bancos de dados, mas precisam aplicar esse conhecimento a uma realidade específica. O estudo transforma informação em conhecimento e, mais importante, em sabedoria. Que não se restringe ao acúmulo de informações, mas à capacidade de utilizá-las a serviço do bem comum.

Pesquisa e imagens com apoio IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/hmRti6PtGBI.

domingo, 7 de setembro de 2025

A alegria que alimenta a esperança

Simplesmente assim:

Coloca a mão sobre a minha.

A ligação mais preciosa, quando

Preciso da tua energia para não desistir.

As palavras até podem ser desnecessárias,

Mas teus dedos massageiam 

A cumplicidade que se derrama por teu olhar.

O momento perfeito para fugir 

da marcação das horas e mergulhar

Na compreensão do que é Mistério…


Como os pingos da chuva

Que se equilibram no varal das roupas.

Na bruma de uma manhã em que esperam,

Confiantes, que o Sol acarinhe e, pouco a pouco,

Dê a oportunidade de fecundar a terra.

Onde germinam pequenos gestos,

Ínfimos momentos de ternura,

O suficiente para que os olhos se encham

Da alegria que alimenta a esperança!


Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/EqYof1bKMVM.

sábado, 6 de setembro de 2025

​Toda a Luz Que Não Podemos Ver

Leituras e lembranças:

Toda a Luz que não Podemos Ver (All the Light We Cannot See) é um romance de ficção histórica do autor americano Anthony Doerr, que ganhou o Prêmio Pulitzer de Ficção em 2015. A história se passa durante a Segunda Guerra Mundial e entrelaça as vidas de dois jovens de lados opostos do conflito. Segue duas linhas narrativas principais que se desenvolvem em paralelo até se encontrarem em Saint-Malo, na França, durante o bombardeio final da cidade em agosto de 1944.

​Marie-Laure LeBlanc: Uma menina francesa cega que, após a ocupação de Paris pelos nazistas, foge com seu pai para a cidade litorânea de Saint-Malo. Seu pai, o chaveiro-chefe do Museu de História Natural, leva consigo uma réplica do Mar de Chamas, um diamante lendário que, segundo consta, concede a imortalidade ao seu dono, mas traz infortúnio a todos que o cercam. Na casa de seu tio-avô, Marie-Laure se conecta ao mundo pelos livros de seu tio e de um rádio, através do qual ouve transmissões da resistência.

​Werner Pfennig: Um órfão alemão com um talento extraordinário para consertar rádios. Esse talento o leva a ser recrutado para uma academia de elite da juventude nazista e, posteriormente, para uma unidade militar que rastreia transmissões de rádio ilegais, como as da resistência francesa. Ele é enviado a Saint-Malo, onde sua trajetória se cruza com a de Marie-Laure.

​A história é contada de forma não linear, alternando entre diferentes períodos e perspectivas, construindo a tensão e a expectativa até o momento em que os caminhos dos protagonistas finalmente se cruzam. Foi amplamente elogiada por sua prosa lírica e poética, que contrasta com a brutalidade da guerra. Anthony Doerr usa uma linguagem sensorial rica, especialmente para descrever o mundo de Marie-Laure, permitindo que o leitor sinta, ouça e perceba o ambiente como ela.

Eis  alguns dos temas mais importantes explorados no romance: A Luz e a Escuridão (literal e metafórica): O título, "Toda a Luz Que Não Podemos Ver", é uma metáfora central. Marie-Laure não pode ver a luz física, mas percebe a luz interior e a beleza do mundo de outras formas. A luz também simboliza a verdade, a esperança e a bondade, que persistem mesmo na escuridão da guerra. Do outro lado, Werner busca a "luz" do conhecimento através de seu rádio e, ironicamente, é usado para extinguir a luz de outros.

​A Natureza Humana e a Moralidade: Suas jornadas são uma reflexão sobre as escolhas que fazemos e as consequências de nossas ações. ​O Poder do Conhecimento e da Conexão: Seja científico (os estudos de Werner sobre rádio) ou histórico (o museu do pai de Marie-Laure), é retratado como algo que pode libertar ou escravizar. A Fragilidade e a Força da Vida: Lembra da precariedade da vida durante a guerra, mas também da resiliência extraordinária dos indivíduos. Marie-Laure, apesar de sua cegueira, não é impotente; sua capacidade de navegação e percepção a tornam incrivelmente forte.

​Toda a Luz Que Não Podemos Ver não é apenas mais uma história sobre a Segunda Guerra Mundial, mas uma meditação profunda sobre a natureza humana, a beleza que pode ser encontrada em meio ao caos e a maneira como as vidas, por mais distantes que pareçam, estão interligadas. É uma leitura comovente e instigante que explora o que, muitas vezes, ainda resta de forças para resistir e da própria esperança… (Pesquisa com a IA Gemini. Este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com. Áudio e vídeo em https://youtu.be/dvyg3FmbvQg. A série está à disposição na Netflix)

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

A vida na estação da primavera

Artigo da semana:

O fim de agosto traz a sensação de que o inverno acabou. Cuidado, não é bem assim. A sonhada primavera só se apresenta oficialmente quase no final de setembro. Até lá, o consolo é que a temperatura fique amena, a gente dá uma folga para o guarda-roupa e admira brotos teimosos que começam a se espreguiçar. Os dias são maiores e quem madrugada já encontra os primeiros raios de sol no caminho para o trabalho. No fim do dia, volta para casa nos estertores da claridade.

Primaverar é o sonho que anima cada mortal em dia gelado. Quando a umidade congela os ossos e o assobio do vento minuano faz com que até o espírito se encolha. Os "valentes", adoradores do frio, somente o fazem porque se transformam em cebolas com uma imensidade de camadas de roupas. Descascam, conforme o Sol das temperaturas mais civilizadas faz seu chamado por um toque de pele. Naqueles dias em que a melhor receita ainda é lagartear e comer bergamota.

Ao longo da vida, aprende-se que, em cada etapa, vivenciam-se experiências diferentes. A infância pede espaços amplos e seguros onde o ar fresco e o sol fazem a dobradinha perfeita para ainda ser feliz com muito pouco. A juventude clama por atividades em conjunto, de preferência em liberdade, no anseio do tempo que se deseja aprisionar e, ao não poder mantê-lo para sempre, ao menos o desejo ardoroso de que se transforme em doces lembranças. 

Ser adulto é o tempo da responsabilidade compartilhada. Estamos convencidos de que somos cuidadores dos parceiros, filhos, pais, irmãos, amigos. As necessidades próprias não são percebidas, mas sim a daqueles que nos circundam. Inclusive com o direito deles ao sol. Por fim, quando se envelhece, com olhos fechados, possivelmente uma manta por sobre as pernas, e o desejo de que todos os que nos acompanharam ainda estivessem no mesmo banco, ao nosso lado. 

A vida primavera em cada novo dia em que se abre os olhos. Definir a estação pela qual o espírito está passando é o que motiva a novamente sair da cama, abrir as janelas e compartilhar a luz do Astro Rei. Presentes ou não, as pessoas continuam dando sentido à existência de cada um. Armazenadas nas saudades - ou, quem sabe, esperando por um telefonema - vivencia-se o sentimento de que as mudanças de estação agitam as águas às vezes não tão plácidas da solidão… 

(Geração de imagens e revisão da IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/W9mZgWsZcvo)