sexta-feira, 16 de agosto de 2024

A loucura, a poesia e a felicidade

Enquanto for capaz de sonhar,

Posso acordar como louco ou como poeta. 

Dá no mesmo. 

A loucura e a poesia são cúmplices.

No que se declama e no que se escreve

Tem sempre o desejo de garimpar 

Um gostinho de bem querer...

Um aceno para aqueles com 

Quem a gente se importa em

Compartilhar bons e ternos momentos.


A loucura não nos separa do mundo,

Dos seres que se consideram "normais",

Especialmente, quando

Já não se tem forças para enfrentar a realidade. 

Ela estende a visão até

Onde a poesia tece palavras com 

A angústia da busca por sentidos, 

Mesmo sem alcançar a sensatez da lógica.


Amo os loucos e os poetas.

Não tenho preferência por um ou por outro.

São uma forma de amor não correspondido:

Aquele que se espera de alguém 

Ou o amor próprio que não foi satisfeito. 

Precisando entender 

Que não se deixa de amar alguém,

Apenas se sublima

A incapacidade de cuidar da própria dor.


São os momentos de insanidade e de poesia

Que devolvem o direito de sorrir... 

E de sonhar!

Garimpa-se o tempo em que 

Éramos crianças amando outras crianças...

Foi assim nas amizades, nas paixões

E também quando vieram os filhos.

Buscávamos um estado de espírito 

Que permitisse alcançar e viver em paz.

Nossas ambições contemplavam

Quem ajudava a dar sentido às nossas vidas.


Anestesiados por excessos de sanidade,

Perde-se a noção do que é pura expectativa. 

Ao invés de brincar, sonhar e sorrir,

Corre-se atrás do sucesso, da fortuna e do poder...

É exatamente quando se sufoca

Qualquer uma delas

Que a poesia resiste, insiste

Em dar sentido à própria loucura…

Nenhum comentário: