sexta-feira, 10 de maio de 2024

Perdoa as minhas incertezas

Eu não te esqueci.

Embora continue acreditando

Que muitas vezes

Não lembrar pode ser uma bênção.

A dor mascarada

Pelo silêncio e pela ausência é

O inferno das lembranças

Que causaram mágoa e

Insistem em retornar.

 

Lembranças são pequenos fragmentos.

Precisam de tempo para se formar

E, então,

Podem ser uma promessa de proteção

Ou castigo de Deus.

Estás certo,

As reminiscências não te abandonam

Depois que se fixam nos recônditos da memória.

 

Quando se pensa em abandoná-las

Cobram um preço por

Manter alguma forma de sanidade.

Ficar preso às recordações

Aumenta a dor que se estampa

Na profundeza de um olhar,

Onde a melancolia turva as emoções

Num mar revolto por dúvidas e frustrações.

 

Só depois de dizer adeus

É que se sente o quanto pesa a solidão.

O sentimento do silêncio quase eterno,

Do abandono,

Que pesa sobre os ombros e alcança a alma.

Nem sempre é possível compartilhar,

Necessitando encontrar quem dá sentido

Em se pensar que não se está sozinho.

 

Há momentos em que

A realidade foge a qualquer compreensão.

Então,

Se não me ouvires dizer um adeus

É porque ainda há esperança de nos reencontrarmos.

Quero que sejas feliz com teus sonhos,

Negando-te a minha dor,

Transformando o teu padecimento em carinho.

 

Perdoa as minhas incertezas.

Não te entristece se não entenderes.

Porque, quando

As explicações já não conseguem revelar,

O que ameniza a dor da solidão

É, simplesmente,

Um ombro que anestesia as lembranças,

Um sorriso que costura feridas e

Um abraço que precisa ser bem demorado...

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