Numa ocasião, ouvi um palestrante dizer que este era um "ato de coragem", porque para chegar a atentar contra a própria vida é um longo caminho, onde, especialmente, vai-se perdendo o sentido da vida, tomando o isolamento por atitude existencial e bloqueando a maior parte das relações.
Sempre fiquei com a impressão - dos casos que conheci - é de que as pessoas foram se anulando, dando sinais de que precisavam de socorro, mas que, na maior parte das vezes, não foram detectados. Em muitos casos, a depressão e o afastamento do convívio social dão a impressão de ser apenas fase passageira.
Os silêncios, as ausências, a introspecção

O Rio Grande do Sul é um dos estados em que mais se atenta contra a vida. O dobro da média nacional - cerca de mil óbitos por ano. Para os jovens entre 15 e 19 anos é o segundo motivo de óbito, perdendo apenas para a violência. Um número silencioso porque se instituiu um "pacto" em que este tema dificilmente vem a público e, quando vem, em seguida, é silenciado.
Jornadas, associações, área da saúde e meios acadêmicos levantam uma lebre arisca. Mas serão apenas dados estatísticos se não houver uma preocupação série e bem informada por parte das famílias. Chegar a um ato de desespero mostra que no meio do caminho se tomou um rumo equivocado e os sinais foram ignorados.
Uma educadora dizia que num olhar se percebe quando um garoto está com problemas. Deixar de olhar para flagrar um pedido de socorro é omissão. Em meio a tantos pesadelos, alimentar os sonhos é o jeito de acertar caminhos. Restaurar a confiança faz a diferença entre terminar com a vida ou o rumo da realização pessoal.