domingo, 25 de dezembro de 2016

A rotina para ser feliz

Foi entrevistada na véspera do Natal. Deixara uma família que perdeu um membro em acidente. Entrou em campo e, mesmo sabendo que a situação era difícil, pelo momento que os parentes viviam, era preciso agilidade a fim de conseguir a autorização para doação de órgãos. Sentia que estava próxima de ter sucesso.
Os repórteres listaram profissões que atuariam durante os feriados. Esta enfermeira era uma especialista em abrir caminhos para doação. Conhecer a família, mostrar-se solidária, mas também o outro lado: a fila de quem aguarda. A quantidade de pessoas beneficiadas com apenas um doador.
Estava iniciando uma semana longa e penosa. De um lado, o convívio com a perda e a dor. De outro, possibilitar o ressurgimento de uma vida, sair, muitas vezes, de um existir vegetativo. Ponderou que, mesmo sendo uma semana de festas, o que fazia era parte da rotina. Ganhava sentido pela repetição que nunca era a mesma, mas o encerramento de um ciclo e o emergir da esperança.
Por outro lado, o vídeo de um banco desejando felicidades em 2017. A carta de uma vovó que agradece aos netos por ter sido introduzida no mundo da internet. A voz embargada avisa: "vou ensinar vocês a lidar com dois aparelhos muito mais complicados - o tempo e a vida. E a primeira coisa que vocês precisam saber é que a vida é muito mais importante do que o tempo. Quando tiverem a minha idade vão se dar conta de que a gente não lembra tanto assim do tempo que passou, mas lembra de cada momento que viveu, não importa quanto tempo tenha passado".
Deixa uma das mais belas mensagens deste final de ano: "o tempo vale por aquilo que a gente faz com ele. E a coisa mais importante da vida não são as horas e os minutos, são os momentos que se vive juntos".
A enfermeira representa a capacidade de alguém ser, mais do que um profissional, alguém preocupada em fazer viver e sobreviver. Mesmo que não saiba, a explicação para o que ela reconhece que a faz feliz está exatamente nas palavras da vovó: "o tempo vale por aquilo que a gente faz com ele".
Um Ano Novo não traz a garantia de 365 dias de novidades. O que importa é fazer este tempo ser diferenciado pela intensidade com que se vive. A rotina que mata a energia é aquela do que não se faz. De um simples olhar, passando por um sorriso, até um abraço, são infinitas as matizes que capacitam para a maior de todas as experiências: apenas - e tão somente - fazer e ser feliz!

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