domingo, 7 de setembro de 2025

A alegria que alimenta a esperança

Simplesmente assim:

Coloca a mão sobre a minha.

A ligação mais preciosa, quando

Preciso da tua energia para não desistir.

As palavras até podem ser desnecessárias,

Mas teus dedos massageiam 

A cumplicidade que se derrama por teu olhar.

O momento perfeito para fugir 

da marcação das horas e mergulhar

Na compreensão do que é Mistério…


Como os pingos da chuva

Que se equilibram no varal das roupas.

Na bruma de uma manhã em que esperam,

Confiantes, que o Sol acarinhe e, pouco a pouco,

Dê a oportunidade de fecundar a terra.

Onde germinam pequenos gestos,

Ínfimos momentos de ternura,

O suficiente para que os olhos se encham

Da alegria que alimenta a esperança!


Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/EqYof1bKMVM.

sábado, 6 de setembro de 2025

​Toda a Luz Que Não Podemos Ver

Leituras e lembranças:

Toda a Luz que não Podemos Ver (All the Light We Cannot See) é um romance de ficção histórica do autor americano Anthony Doerr, que ganhou o Prêmio Pulitzer de Ficção em 2015. A história se passa durante a Segunda Guerra Mundial e entrelaça as vidas de dois jovens de lados opostos do conflito. Segue duas linhas narrativas principais que se desenvolvem em paralelo até se encontrarem em Saint-Malo, na França, durante o bombardeio final da cidade em agosto de 1944.

​Marie-Laure LeBlanc: Uma menina francesa cega que, após a ocupação de Paris pelos nazistas, foge com seu pai para a cidade litorânea de Saint-Malo. Seu pai, o chaveiro-chefe do Museu de História Natural, leva consigo uma réplica do Mar de Chamas, um diamante lendário que, segundo consta, concede a imortalidade ao seu dono, mas traz infortúnio a todos que o cercam. Na casa de seu tio-avô, Marie-Laure se conecta ao mundo pelos livros de seu tio e de um rádio, através do qual ouve transmissões da resistência.

​Werner Pfennig: Um órfão alemão com um talento extraordinário para consertar rádios. Esse talento o leva a ser recrutado para uma academia de elite da juventude nazista e, posteriormente, para uma unidade militar que rastreia transmissões de rádio ilegais, como as da resistência francesa. Ele é enviado a Saint-Malo, onde sua trajetória se cruza com a de Marie-Laure.

​A história é contada de forma não linear, alternando entre diferentes períodos e perspectivas, construindo a tensão e a expectativa até o momento em que os caminhos dos protagonistas finalmente se cruzam. Foi amplamente elogiada por sua prosa lírica e poética, que contrasta com a brutalidade da guerra. Anthony Doerr usa uma linguagem sensorial rica, especialmente para descrever o mundo de Marie-Laure, permitindo que o leitor sinta, ouça e perceba o ambiente como ela.

Eis  alguns dos temas mais importantes explorados no romance: A Luz e a Escuridão (literal e metafórica): O título, "Toda a Luz Que Não Podemos Ver", é uma metáfora central. Marie-Laure não pode ver a luz física, mas percebe a luz interior e a beleza do mundo de outras formas. A luz também simboliza a verdade, a esperança e a bondade, que persistem mesmo na escuridão da guerra. Do outro lado, Werner busca a "luz" do conhecimento através de seu rádio e, ironicamente, é usado para extinguir a luz de outros.

​A Natureza Humana e a Moralidade: Suas jornadas são uma reflexão sobre as escolhas que fazemos e as consequências de nossas ações. ​O Poder do Conhecimento e da Conexão: Seja científico (os estudos de Werner sobre rádio) ou histórico (o museu do pai de Marie-Laure), é retratado como algo que pode libertar ou escravizar. A Fragilidade e a Força da Vida: Lembra da precariedade da vida durante a guerra, mas também da resiliência extraordinária dos indivíduos. Marie-Laure, apesar de sua cegueira, não é impotente; sua capacidade de navegação e percepção a tornam incrivelmente forte.

​Toda a Luz Que Não Podemos Ver não é apenas mais uma história sobre a Segunda Guerra Mundial, mas uma meditação profunda sobre a natureza humana, a beleza que pode ser encontrada em meio ao caos e a maneira como as vidas, por mais distantes que pareçam, estão interligadas. É uma leitura comovente e instigante que explora o que, muitas vezes, ainda resta de forças para resistir e da própria esperança… (Pesquisa com a IA Gemini. Este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com. Áudio e vídeo em https://youtu.be/dvyg3FmbvQg. A série está à disposição na Netflix)

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

A vida na estação da primavera

Artigo da semana:

O fim de agosto traz a sensação de que o inverno acabou. Cuidado, não é bem assim. A sonhada primavera só se apresenta oficialmente quase no final de setembro. Até lá, o consolo é que a temperatura fique amena, a gente dá uma folga para o guarda-roupa e admira brotos teimosos que começam a se espreguiçar. Os dias são maiores e quem madrugada já encontra os primeiros raios de sol no caminho para o trabalho. No fim do dia, volta para casa nos estertores da claridade.

Primaverar é o sonho que anima cada mortal em dia gelado. Quando a umidade congela os ossos e o assobio do vento minuano faz com que até o espírito se encolha. Os "valentes", adoradores do frio, somente o fazem porque se transformam em cebolas com uma imensidade de camadas de roupas. Descascam, conforme o Sol das temperaturas mais civilizadas faz seu chamado por um toque de pele. Naqueles dias em que a melhor receita ainda é lagartear e comer bergamota.

Ao longo da vida, aprende-se que, em cada etapa, vivenciam-se experiências diferentes. A infância pede espaços amplos e seguros onde o ar fresco e o sol fazem a dobradinha perfeita para ainda ser feliz com muito pouco. A juventude clama por atividades em conjunto, de preferência em liberdade, no anseio do tempo que se deseja aprisionar e, ao não poder mantê-lo para sempre, ao menos o desejo ardoroso de que se transforme em doces lembranças. 

Ser adulto é o tempo da responsabilidade compartilhada. Estamos convencidos de que somos cuidadores dos parceiros, filhos, pais, irmãos, amigos. As necessidades próprias não são percebidas, mas sim a daqueles que nos circundam. Inclusive com o direito deles ao sol. Por fim, quando se envelhece, com olhos fechados, possivelmente uma manta por sobre as pernas, e o desejo de que todos os que nos acompanharam ainda estivessem no mesmo banco, ao nosso lado. 

A vida primavera em cada novo dia em que se abre os olhos. Definir a estação pela qual o espírito está passando é o que motiva a novamente sair da cama, abrir as janelas e compartilhar a luz do Astro Rei. Presentes ou não, as pessoas continuam dando sentido à existência de cada um. Armazenadas nas saudades - ou, quem sabe, esperando por um telefonema - vivencia-se o sentimento de que as mudanças de estação agitam as águas às vezes não tão plácidas da solidão… 

(Geração de imagens e revisão da IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/W9mZgWsZcvo)


domingo, 31 de agosto de 2025

Uma moldura para o cair da tarde

Simplesmente assim:

Desenho teu rosto nas nuvens.

Uso as cores da paleta da imaginação,

Para definir contornos,

Experimentar traços,

Buscar a profundidade do olhar

E o mistério dos teus lábios.

A felicidade é simples, completa em

Deixar que os sonhos pontilhem a brisa,

Transfigurando imagens,

Com um toque de pura emoção.

 

Sem a preocupação com o tempo,

Semicerro os olhos,

Deixando que a dolência realize

O sonho de uma tarde de primavera.

Sol, céu infinitamente azul,

Dormência dos sentidos.

A moldura perfeita para o cair da tarde.

A doce paz, o encantamento

Em que o desenho da finitude

Tem o gosto do tempo em que se sorve

Uma ampulheta de infinitudes!


(Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/sqFVa9OwLgI)

sábado, 30 de agosto de 2025

O Caçador de Pipas

Leituras e lembranças:

O Caçador de Pipas, de Khaled Hosseini, explora temas como amizade, traição, redenção e a busca pelo perdão. A história, ambientada no Afeganistão e nos Estados Unidos, se desenrola a partir da perspectiva de Amir, o protagonista. Começa na década de 1970, em Cabul, Afeganistão. Amir é um garoto de classe alta que vive com seu pai, o Baba, uma figura imponente e respeitada. Seu melhor amigo e, ao mesmo tempo, servo, é Hassan, filho de Ali, o empregado da família. Amir e Hassan são inseparáveis e dividem a paixão pela competição anual de pipas. 

Hassan, leal e corajoso, é um talentoso "caçador de pipas", enquanto Amir, mais reservado e inseguro, busca desesperadamente a aprovação de seu pai. Num torneio de pipas, Amir consegue a vitória e o reconhecimento de seu pai. Mas, a alegria é ofuscada por uma tragédia. Enquanto Hassan sai para "caçar" a pipa vencedora, ele é atacado e estuprado por Assef, um valentão local. 

Amir testemunha a cena, mas o medo e a covardia o impedem de intervir. A partir desse momento, a culpa e a vergonha passam a corroer sua alma, e ele, por ciúmes e por não conseguir conviver com a nobreza de Hassan, o trai mais uma vez ao incriminá-lo. Hassan e Ali partem, e a amizade é rompida. A invasão soviética do Afeganistão força Amir e seu pai a fugirem do país e a se mudarem para os Estados Unidos. 

Décadas depois, ao voltar ao Afeganistão, Amir descobre que Hassan teve um filho, Sohrab, e que tanto ele quanto sua esposa foram mortos pelos talibãs. O garoto está em um orfanato sob o controle do cruel e adulto Assef, que se juntou ao Talibã. Amir decide que sua de redenção é resgatar Sohrab e trazê-lo para um lugar seguro. Sua jornada o leva a confrontar seus fantasmas do passado. Enfrenta Assef e, mesmo sendo agredido, sente-se aliviado por finalmente pagar por sua traição a Hassan, ainda que de forma simbólica.

Resgata Sohrab, mas a criança, traumatizada, se fecha em si e tenta o suicídio. Amir, com o amor e a paciência de sua esposa Soraya, consegue restabelecer uma conexão com o menino, e a história termina com ele "caçando" uma pipa para Sohrab, um gesto que simboliza a tentativa de refazer sua vida e o ciclo da amizade e da lealdade.

O Caçador de Pipas vai além de uma simples história de amizade. O autor utiliza a jornada de Amir para explorar a complexidade da culpa e a dificuldade da redenção. É um estudo sobre o caráter humano, mostrando como as decisões tomadas na infância podem moldar a vida de uma pessoa e a urgência de se reconciliar com o passado. A amizade entre Amir e Hassan é o coração do livro, mas é a sua complexidade que a torna real: ela é marcada por amor e lealdade, mas também por inveja e traição.

O livro levanta questões como a responsabilidade de um indivíduo por suas ações e a possibilidade de perdão, não apenas dos outros, mas de si. A busca de Amir por redenção, embora difícil, mostra que o caminho para se tornar uma pessoa melhor é possível, mas exige sacrifício e a coragem de confrontar a própria história. A obra carrega uma mensagem de esperança. Lembra que, mesmo em meio às maiores atrocidades e traições, o amor e a amizade podem servir como catalisadores para a cura e um recomeço. Leitura recomendada para quem aprecia histórias sobre a condição humana em sua forma mais crua e sincera. (Imagens e pesquisa com a IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/9KA5wyuzYY0)

sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Um par de meias

Artigo da semana:

Minha mãe aprendeu a tricotar quando viemos do Interior de Canguçu para Pelotas. Não creio que tenha sido apenas para ter um passatempo com amigas e vizinhas. Era a necessidade de vestir os filhos. Além das lides da casa e cuidar das crianças, ajudava o pai a atender a clientela do armazém em que se estabeleceram. Esperando pelos fregueses, tinha tempo para trabalhar com as linhas de lã, as agulhas e os pontos que iam produzindo mantas, meias, blusões e casacos.

Tinha (e hoje tenho ainda mais) orgulho das roupas que ela fazia. Quando meu pai conseguiu comprar uma máquina de costura Singer, passamos a nos vestir “sob medida”. Embora, de um ano para o outro, diziam que havíamos tomado chá de bambu. Eu e meus irmãos íamos crescendo e conhecíamos a arte de economizar: a roupa do inverno passado era desmanchada e refeita, ganhando um aumento na cintura e nos braços para caber por mais um tempo. 

Lembrei das minhas histórias quando assisti matéria sobre um grupo de senhoras que se reúne exatamente para doar um pouco do seu tempo e produzir roupas quentinhas. A melhor imagem acabou sendo o olhar de um bebê de poucos meses, com uma blusinha nova, vestido pela mãe, que reconhecia não ter recursos para enfrentar o inverno. O trabalho voluntário, em conjunto com o serviço social do município, fazia a liga perfeita para amenizar as agruras do tempo.

Durante alguns anos, companheiras do Rotary Centenário, como a Olga e a Vera, mobilizaram conhecidos e o clube para arrecadar novelos de lã. A mãe, já idosa, tricotava os parzinhos de meias que faziam parte dos enxovais distribuídos no início da estação do frio. Um trabalho de parceria, um trabalho de formiguinha, que não resolve o problema da pobreza, mas mitiga muitos sofrimentos de pessoas que nem sabem porque se encontram onde estão. 

João Chagas Leite dizia: “Se os senhores da guerra mateassem ao pé do fogo, deixando o ódio pra trás, antes de lavar a erva, o mundo estaria em paz!” Quando se olha para as disputas políticas, se percebe o quanto nossos “representantes” se afastaram da realidade vivida pela população. As discussões do que entendem como macro política são a desculpa perfeita para não se sentirem responsáveis por crianças que precisam do básico: alimentação, saúde, moradia, educação, segurança e, quem sabe, um par de meias para enfrentar o inverno… (Imagens geradas pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/56RnAstU8bU)


domingo, 24 de agosto de 2025

Violão, realidade e sonho...

Simplesmente assim:


Uma batida, duas batidas…

Infinitas batidas na busca pelo tom perfeito.

As cordas estremecem na carícia da afinação,

Ressoam na caixa em que o som profundo

Ecoa e transtorna sentimentos.

Embala o ritmo, num corpo perfeito,

Onde a imagem se confunde com a musa,

Inspirado nas curvas sedutoras,

Delicadas e atraentes com sabor de sensualidade.

 

O violão acomoda-se ao colo de quem o trata bem.

Dedilhar sentimentos acompanha a canção, 

O solado que enche os olhos e desabrocha os sentidos

Faz a sinfonia de um único instrumento.

A suavidade do acorde perfeito em que

A partitura harmoniza as vibrações de um instante.

No encontro de olhares, onde as notas musicais

Escorregam pelas cinco linhas da pauta,

Em que o timbre transforma-se na perfeita

Interação entre a realidade e o sonho…


(Imagem gerada pela IA Gemini. Áudio e vídeo em https://youtu.be/jj_Db7bw5EE)