O programa era relativamente simples: comprar dois novelos de lã para que a Marli fizesse a capa de duas almofadas. No entanto, quantas lembranças! Começando pela infância, onde um blusão de lã novo era uma autêntica maravilha, na maior parte das vezes, crescendo feito taquara de um ano para o outro, o jeito era a mãe ou uma irmã desmanchar a peça e refazer, conforme o tamanho do indivíduo, mutas vezes com um tom diferente nas barras.
Nunca consegui entender direito: parece que naquele tempo o frio era maior! Minha dúvida, hoje, é se não tínhamos menos roupas, com um ponto mais esgarçado, para economizar, permitindo que a sensação fosse maior.
Isto já não importa mais, porque, quando o frio aumentava, no fina da tarde, era hora de se achegar ao fogão de lenha para ouvir a Ave Maria e depois as histórias que nos vinham pela Rádio Pelotense. Depois, embaixo dos cobertores de pena, ouvindo as novelas pelo rádio, não importava o frio e o vento que rondavam lá fora.
As vendedoras foram gentis em mostrar a enorme variedade de fios, lisos ou coloridos, e a diversidade de modelos que eles proporcionam. No entanto, a sensação era de que eles estavam nús, faltava-lhes história, a mesma que nos remete à infância e adolescência em que todas as dificuldades eram superadas no sabor de uma família e nas esperanças que jogávamos para o futuro.
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