segunda-feira, 21 de maio de 2012

Gustavo e o Pedro


Na semana passada, postei um texto no meu blog a respeito do acidente que o Gustavo sofreu quando andava numa preferencial, de moto, e teve a frente cortada por um carro: a moto ficou e ele voou por sobre o veículo, sobrando escoriações, fraturas e um longo tempo para esperar notícias da Unidade de Tratamento Intensivo. Depois, o tempo de hospitalização, com restrição de visitas, para que pudesse se recuperar, ainda em estado de observação e preocupação.
Não pude deixar de comparar quando o Pedro – filho do Leonardo – também sofreu um acidente, saiu da inconsciência, estimulado pela mãe, que pedia: “diz ‘oi, mãe’, Pedro”. Vagarosamente, acompanhado de um sorriso, acabava-se o silêncio com uma expressão entrecortada pelo entubamento: “oi... mãe!”.
O retorno do fundo do poço sempre é difícil, complicado e dolorido. Mas acontece e deixa, em cada um, suas marcas. As vitórias podem ser pequenas, no caso do Pedro, duas pequenas palavras; no caso do Gustavo, os primeiros passos dados no quarto e o banho embaixo do chuveiro. A Jane, uma amiga em comum, depois de um acidente, disse que chorou de alegria quando pode tomar seu primeiro banho com a água jorrando sobre seu corpo. Com o Gustavo foi diferente: ria de felicidade, depois de passar aquele tempo em que o “banho” era apenas uma higiene básica feita à base de panos umedecidos.
O importante é que, depois de um trauma, há um caminho longo a ser percorrido. Durante algum tempo, muitas atenções. Depois disto, o dia a dia de seguir o tratamento que exige paciência, paciência e, quando tudo irritar, ainda mais paciência.
As primeiras palavras ditas, os primeiros gestos feitos, o primeiro banho, retomando hábitos comuns valorizam a existência: viver cada instante com a intensidade que pede o reencontro com a esposa, os filhos, familiares, amigos. Aproveitar o sol, a chuva, o frio, o calor, neste caso, em dois corpos jovens, uma nova chance, que nos dão uma nova chance pelo milagre da vida.

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