Na semana passada, postei um
texto no meu blog a respeito do acidente que o Gustavo sofreu quando andava
numa preferencial, de moto, e teve a frente cortada por um carro: a moto ficou
e ele voou por sobre o veículo, sobrando escoriações, fraturas e um longo tempo
para esperar notícias da Unidade de Tratamento Intensivo. Depois, o tempo de
hospitalização, com restrição de visitas, para que pudesse se recuperar, ainda
em estado de observação e preocupação.
Não pude deixar de comparar
quando o Pedro – filho do Leonardo – também sofreu um acidente, saiu da
inconsciência, estimulado pela mãe, que pedia: “diz ‘oi, mãe’, Pedro”.
Vagarosamente, acompanhado de um sorriso, acabava-se o silêncio com uma
expressão entrecortada pelo entubamento: “oi... mãe!”.
O retorno do fundo do poço sempre
é difícil, complicado e dolorido. Mas acontece e deixa, em cada um, suas
marcas. As vitórias podem ser pequenas, no caso do Pedro, duas pequenas
palavras; no caso do Gustavo, os primeiros passos dados no quarto e o banho
embaixo do chuveiro. A Jane, uma amiga em comum, depois de um acidente, disse
que chorou de alegria quando pode tomar seu primeiro banho com a água jorrando
sobre seu corpo. Com o Gustavo foi diferente: ria de felicidade, depois de
passar aquele tempo em que o “banho” era apenas uma higiene básica feita à base
de panos umedecidos.
O importante é que, depois de um
trauma, há um caminho longo a ser percorrido. Durante algum tempo, muitas
atenções. Depois disto, o dia a dia de seguir o tratamento que exige paciência,
paciência e, quando tudo irritar, ainda mais paciência.
As primeiras palavras ditas, os
primeiros gestos feitos, o primeiro banho, retomando hábitos comuns valorizam a
existência: viver cada instante com a intensidade que pede o reencontro com a
esposa, os filhos, familiares, amigos. Aproveitar o sol, a chuva, o frio, o
calor, neste caso, em dois corpos jovens, uma nova chance, que nos dão uma nova
chance pelo milagre da vida.
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