Da série de lembranças de crônicas já publicadas.
Observava a chuva que caia,
quando apareceste em meio às árvores. Esperei-te na varanda, já com uma toalha
na mão. Não tinhas qualquer proteção e os pingos escorriam por teus cabelos,
por teu rosto, grudavam tua roupa em teu corpo. E, mesmo assim, sorrias.
Ajudando a enxugar teus cabelos
e teu rosto, senti teu perfume. Não. Não era teu perfume. Mas o perfume que as
acácias exalavam e que havia ficado preso em teu corpo.
Sempre tive especial carinho
pela alameda de acácias por onde vieste. E sempre achei estranho que as flores,
que eram capazes de perfumar a distância entre a estrada e a casa, também
desaparecia quando se cortava um de seus galhos.
Mas agora, ali estavas, com o
perfume das acácias e não sendo capaz de dar-te conta de que estavas
absolutamente deslumbrante.
Desde então, nunca mais
consegui dissociar uma coisa da outra. Ao mesmo tempo em que espero pela
Primavera, para que as acácias voltem a florir, também fico triste porque
acabam lembrando de ti e do perfume que impregnou teu corpo.
Por onde andas, agora, existem
acácias? Lembrar-te-ás de que um dia, fugindo da chuva, buscaste abrigo em
minha casa e deixaste uma marca incapaz de ser esquecida?
Creio que não. Mas, mesmo
assim, para mim, bastam as acácias. E quando, naqueles dias em que o vento
sussurra nomes de encontro à noite, eu tenho certeza de que o perfume também se
intensifica e fico com dificuldade de discernir quem te amou mais: O perfume
que possuiu teu corpo, ou quem apenas suspirou por um minuto de atenção de tua
parte.
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