Agora a angústia está passando. Mas o Gustavo nos deu um baita susto. Dias atrás, andava de moto por uma preferencial, quando um carro atravessou a rua e ele pulou por cima do veículo. Escoriações, fraturas, e a alma doendo por saber que um bom tempo esteve na Unidade de Tratamento Intensivo e, agora, no quarto, mas com restrição de visitas.
Esta figurinha, filho da Gilca e do Zé, esposo da Dani, pai de duas meninas lindas, conquistou meu coração ainda piá, pois era amigo do Vinícius (que já faleceu) e tornou-me seu segundo pai, em plena adolescência: brigas em casa, eu chegava na minha e a luz estava acesa. Em seguida, uma ligação perguntando se ele estava aqui. Claro. Passada a tormenta, cessava a crise, voltava para casa, depois de um ou dois dias albergado.
Mas foram tempos difíceis, amadurecendo, até chegar ao casamento. Infelizmente, nem sempre pude estar junto. Mas sempre tive dele um afeto profundo, como tenho por todos os meus sobrinhos.
Agora, o acidente o levou a um leito de hospital, onde toda a sua energia - parece um daqueles bonecos infláveis ao vento, que não conseguem ficar parados - sai de circulação. Mas, num primeiro momento, a dor da quase perda trazia imagens de um passado onde nos despedimos juntos do Vinícius, que partiu num acidente.
Nas nossas vidas, há aqueles que se afastam por necessidade de irem para outros lugares. A dor existe, mas é superada por telefonemas, ver imagens, visitá-los com frequência possível. No entanto, a quase perda assemelha-se à dor de uma separação permanente: deixa em cada uma de nossas fibras este gosto estranho da morte. Graças a Deus não foi agora. Superamos mais uma, com todo o tempo possível para ver o Gustavo voltar a andar, trabalhar, cuidar das filhas, ser o amigo que a vida fez de muito, muito especial.
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