Ainda existe um rastro de sangue no asfalto. O cruzamento das ruas Santa Clara e São Jorge - em Pelotas - presenciou os últimos momentos do seu Santos. No sábado à noite - cerca de 19h30m - foi assassinado quando entrava em seu carro. Ponto de movimento, início da noite, a tentativa de levar o carro ou a pochete que carregava, quase sempre armado, acabou com a vida de um ex-militar que, há muito tempo, era referência dos barbeiros da região.
Enquanto o corpo ainda estava no chão, o comentário era o mesmo: as ruas começam a ficar vazias cada vez mais cedo, cada um quer se recolher à sua casa, fechar as portas, trancar os cadeados, acionar os alarmes e rezar. Rezar para que a noite passe e nenhum tipo de violência aconteça.
Esta semana, em Porto Alegre, debate-se exatamente esta questão: a segurança. Chamou-me a atenção um técnico que disse ser necessário defender duas ideias. A primeira, que o cidadão precisa ter a sensação de segurança. Isto é, a presença de efetivos na rua, em viaturas, a cavalo, ou a pé, dando claro sinal de que há uma ação por parte das autoridades. A segunda, que o chamado "meliante", bandido mesmo, não tenha a sensação de impunidade.
Para o segundo, há um movimento nacional para que se mude a legislação, tornando a pena para certos crimes maiores, inclusive tratando mais rigidamente os crimes cometidos por menores.
A sociedade organizada vê com bons olhos que se tomem estas medidas: mudar a lei, aumentar os efetivos, preparar melhor quem lida com a segurança. Mas quer mais: quer uma cultura de paz. Começando pelo bullyng da vizinhança e escola, passando pelas relações sociais, dando melhor capacitação aos jovens carentes e lhes apontando um futuro onde a violência não renda mais do que alguma atividade profissional.
Infelizmente, seu Santos foi vítima da banalização da vida. As manchetes dos jornais repetem esta história todos os dias. Precisamos, de alguma forma, fazer a diferença. Quem sabe não está naquele pai que, até pouco tempo, quando torcia pelo futebol do filho, dizia: "bate, filho, bate". Depois que o filho teve um traumatismo numa partida, trocou de incentivo: "pega leve, meu filho, é só um jogo de futebol!"
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