"Eu não creio em bruxas, mas que elas existem, existem". Esta é a frase da qual recordo nestas ocasiões, como hoje, em que existe a coincidência de ser uma sexta-feira e dia 13. Para muitos, uma combinação macabra, aterrorizante, daqueles dias em que todo o cuidado é pouco, em especial deixando de passar sob escadas, ou torcendo para que nenhum gato preto atravesse a nossa frente.
As raízes das crendices estão no medo que temos do desconhecido. Minhas lembranças de infância incluem histórias contadas junto ao fogão, ou na hora de ir dormir, onde sempre havia um elemento de suspense ou de terror. Era comum que ficássemos assustados e, em muitos dias, custássemos a dormir por conta de algum personagem que poderia surgir do meio das trevas.
Eram tempos em que nossa Vila não havia ainda sido contemplada com luz elétrica e, além dos nossos contadores de histórias - meu pai e minha mãe - acompanhar novelas, por exemplo, somente pelo rádio.
As superstições chegam a todos os níveis e em todas as classes. É só ver aquele empresário que não entra na empresa se não colocar antes o pé direito; o jogador de futebol que se benze ao entrar em campo; as casas que ainda mantêm um pé de arruda ou um pé de espada de São Jorge, na entrada, evitando maus olhados.
Estava na casa de um amigo e o filho tirou os chinelos, ficando um virado. Em seguida, pedi que o menino arrumasse. O pai, surpreso, perguntou porquê. Dei-me conta de que também é uma superstição antiga, pois sempre nos ensinaram que deixar o chinelo virado dava azar.
O homem armazena seus medos e tem que, de uma forma ou de outra, trabalhar com eles. Não há regra que sirva para todos, a não ser a tentativa de, cada vez mais, obter uma fé esclarecida, livre de preconceitos. Mas, se isto não acontecer, olhe embaixo da cama, atrás dos móveis, porque é uma verdade: "eu não creio em bruxas, mas que elas existem, existem."
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