Sou professor universitário há 17 anos e, hoje, sinto sérias dificuldades em sala de aula. Num primeiro momento, pensei que era o despreparo dos jovens para chegar a uma etapa profissionalizante sem maturidade e condições emocionais. No entanto, conversando com outros professores, pude fechar um quadro que é, verdadeiramente, preocupante.
Nos últimos anos, além dos jovens não se sentirem atraídos por supostos conhecimentos que podem conseguir por outros meios - internet, por exemplo - ainda há o caso das instituições de ensino que tiveram que se preocupar com questões administrativas e deixaram de lado a discussão do processo educacional.
Hoje, na maior parte das reuniões, sabemos das questões financeiras, o que foi comprado, que novas tecnologias serão utilizadas, em detrimento de pensar o fazer educacional. Somos o que não deveríamos ser: "técnicos em educação".
Não é este o nosso papel. Ao mesmo tempo em que não sinto disposição de um bom número de alunos de estarem em sala de aula - o que se caracteriza pelas permanentes conversas durante as aulas ou acesso às redes de computadores - também sinto que os próprios professores desgastaram-se e se acomodaram em cumprir tabela.
Mas há, também, o envolvimento da sociedade: pais ausentes do processo de formação, sociedade que não auxilia a que os futuros formandos vejam e sintam o papel que têm a desempenhar no convívio social e as próprias instituições organizadas - as igrejas, por exemplo - auxiliando na preparação de futuros quadros, mais que profissionais, conscientes do seu desemprenho social.
O Sindicato dos Professores flagrou que este é um dos piores momentos no quesito saúde dos mestres e mestras que entram em sala de aula. O motivo é simples: definimos nosso papel por critérios técnicos e pusemos de lado a vocação para o ensino, que é mais do que transmitir conhecimento, indicar caminhos. Perdidos nesta estrada que leva ao futuro, amargamos um tempo em que a infelicidade chega porque não somamos esforços; perdemos a capacidade de sonhar e ensinar nossos alunos a sonhar juntos. O que, como diz o ditado, verdadeiramente constrói a realidade.
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