quinta-feira, 5 de abril de 2012

Os caquinhos de Deus

A Catedral não estava lotada. Mas quem estava lá encheu-se de orgulho de ver todos os padres presentes para, nesta Quinta-Feira Santa, fazerem uma espécie de renovação dos seus votos. A Missa seria dos padres. Mas havia um quê de carinho em compartilhar, sendo leigo, seminarista, religioso, um pouco de história vivida por cada um deles.
Olhando seus rostos, os jovens demonstram dinamismo; os de meia idade, amadurecimento; e os mais velhos escorrem sabedoria pelas linhas do tempo que seus rostos já não podem esconder. Fui ver um dos meus padres favoritos, o padre Olavo (desculpem os outros), que olhou para mim e, como sempre, foi gentil: "tu estás mais novo". Tentei, também, ser gentil: "o senhor também". A resposta tinha tudo o que o tempo não destrói do caráter: "não é verdade, não é verdade".
Fui olhando para os rostos que fazem parte da minha história, lembrando daqueles que já passaram - padre Guerino, Cláudio, Palmor, Roberto - e pensando que fiz a opção certa: hoje, faço parte do processo de formação dos sacerdotes (trabalho com o Propedêutico ( um tempo de discernimento para futuros candidatos ao sacerdócio), aqueles que cursam Filosofia (pré-requisito para a Teologia) e Teologia), buscando fazê-los discernir a comunicação num tempo de tantas contradições.
O tempo que passa também deixa suas marcas na gente. Hoje, trabalho com jovens que não terão alguns vícios dos antigos, pela própria preparação. Mas a busca é para que eles tenham uma marca consagrada dos antigos: sejam bons e santos pastores.
O resto, o tempo se encarrega de fazer e Deus faz a sua procura e a sua escuta com alguns que já deveriam ter pendurado a chuteira, mas sabem que são necessários para continuar uma santa e fantástica obra, sendo apenas e bons "caquinhos" de Deus.

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