A figura fogosa de outros tempos deu lugar à mulher em que,
embora o corpo tenha entrado em decadência, a voz continua a mesma. O programa “Senhor
Brasil”, apresentado por Rolando Boldrin, na TV Cultura, trouxe uma mulher que,
no palco, canta sentada, pois a diabete lhe tirou praticamente a visão.
No entanto, ao interpretar Roberto Carlos – O Portão – deu uma
roupagem nova a um clássico da música popular, daquelas de ouvir de olhos
fechados e absorver cada uma das nuances de uma das mais belas vozes do
cancioneiro brasileiro.
Já não esbanja mais gestos, já não há teatralidade no seu
jeito de entrar em cena, mas há uma intensividade no olhar e na voz que
murmuram o que vem do coração.
Sei que para os mais novos, estas músicas são coisas
ultrapassadas. No entanto, é comum que novos cantores redescubram estes clássicos
da música popular das décadas de 60, 70 e 80. São músicas que não morrem e que,
quando são apresentadas, gente de todas as idades repete a letra e a melodia.
Ver Ângela Maria, numa manhã de domingo frio e nublado é
daqueles momentos que mexem com nossa sensibilidade. Que bom que a música faça
exatamente isto, dure o tempo que durar, nos energiza, faz relembrar e
acarinhar momentos já vividos. Para relembrar o poetinha: “que seja eterno,
enquanto dure”.
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