Quero deixar bem claro de início: não sou contra as cotas para populações marginalizadas no acesso à Universidade. Bem pelo contrário, gostaria de ver a Universidade ser um retrato da cara do Brasil que, hoje, ela não é.
Mas, creio que o problema não está no acesso à Universidade e sim no acesso à vida. O problema começa quando a vida começa. Um negro ou um índio já iniciam a vida em desvantagem, mas uma desvantagem que também é compartilhada por uma boa parcela de pardos e brancos.
Embora todos os programas de distribuição de renda, nossa questão é outra: uma cultura da igualdade. Enquanto alguns se julgarem no direito de terem salários e benesses que sugam os cofres públicos, outros terão que pagar pela discrepância.
Já disse aqui que o salário mínimo precisa crescer e que a diferença entre ele e o máximo não pode superar dez vezes. Depois disto, que o imposto passe a navalha e se aplique numa justa distribuição de renda.
Nossa sociedade brasileira é racista, sim. Embora, hoje, os negros tenham conquistado o direito de serem chamados de "afro-descendentes", sua realidade não mudou em nada. Mas somos preconceituosos, também, quando chamamos de "alemão", "gringo", "china" (todos os orientais). Um velho amigo dizia: "não sou preconceituoso, preconceituoso é coisa de nego".
Vencer preconceito e estabelecer igualdade racial é trabalho que o tempo faz prevalecer, quando os mais jovens já não têm receio dos pais em unir cores diferentes. No mais, é uma luta boa para que alguns convencidos não se achem e saibam que, um dia, perderão seus privilégios e terão que dar conta do porque, legalmente, embora injustamente, sacaram o que não deviam do bolso do povo.
Possivelmente, neste momento, já não teremos mais problemas de acesso à universidade. Porque, sendo branco, pardo, preto ou amarelo, todos tiveram as mesmas chances de frequentar boas escolas e, no frigir dos ovos, inteligência, tenacidade e garra foram os fatores definidores para a vitória na competição da vida.
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