Voltava da casa de amigos, no sábado, em torno das 19 horas, quando lembrei de passar na casa de meu primo-irmão Valdemar (sua mãe era irmã de meu pai, seu pai, irmão de minha mãe) para tomar uma chimarrão. Estava sozinho, em casa, cuidando da sua sogra, com mais de 90 anos. No final da tarde, sentamos para conversar e foram bons momentos de lembranças muito especiais e carinhosas.
Na verdade, o Valdemar estava muito saudosista, lembrando do carinho que tinha por minha mãe, com a qual se criou, e das arteirices aprontadas por meu pai, que, muito brincalhão, costumava acrescentar pimenta, ou esconder a sua comida. Por mais de uma hora, trouxe as recordações mais remotas, mas também o fato de que nos acompanhou par e passo quando da morte do pai.
Se já tinha um carinho grande por ele e a Neli, sua esposa, pelas trocas de mudas de flores e verdes, o jeito como nos tratou em momentos difíceis fez com que nos aproximássemos ainda mais.
Mas este chimarrão, infelizmente, foi o último. À noite, sua família chegou e ele brincou que tinha recebido uma visita ilustre mas, na manhã seguinte, um ataque fulminante do coração acabou com uma história que não chegou aos 70 anos.
Tenho bem presente cada um dos detalhes de nossa conversa e a sua despedida carinhosa dizendo que na próxima semana viria visitar minha mãe. Agora, vamos tê-lo presente de uma forma diferente: em nossas lembranças, nas nossas orações e na certeza de que, chegando lá em cima, o pai estava no portão, olhou para ele e perguntou: "o que tu estás fazendo por aqui?" Realmente, foi cedo, Valdemar, esta é uma das ausências que são doloridas e que nos deixam com o peito mais carregado de saudade.
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