Assisti a um documentário sobre jovens que voam planando sem utilizar equipamentos convencionais, mas com um tipo de roupa, que os transformam em autênticos "morcegos humanos". A brincadeira é cara, mas, para dar mais adrenalina, o pessoal faz rasante sobre pedras, vendo, no perigo, um estimulante forte e, segundo dizem, capaz de deixar qualquer um satisfeito.
Como sempre, a grande maioria é do sexo masculino, que coloca a vida em risco numa brincadeira que banaliza a própria existência. Mas não existe sozinho: vem junto com os "pegas" nas grandes avenidas, na utilização excessiva do álcool, na necessidade de transformar a maior parte das possibilidades de entretenimento em competição que provem a macheza de cada um.
O documentário mostrava um dos rapazes que, literalmente, se espatifou contra uma pedra. Não perdeu a vida, mas ficou seriamente lesionado, filmado por todos os ângulos e tendo a prova de que chegou ao limite, que, possivelmente, nem um outro poderia chegar.
Carinhosamente, chamam a isto de "beijo da morte". Não chegaram a ser possuídos, mas perto, levaram, ao menos um selinho da morte, provocaram-na, deixaram aquele gosto de que estiveram à beira do desconhecido.
Claro que não vou torcer pelas pedras, mas não tenho nenhuma simpatia por quem se coloca em situação de risco, gratuitamente. Já é tão difícil preservar a vida ou auxiliar pessoas a manterem um mínimo de dignidade para sobreviver. Então, quem não sabe dar valor a um bem tão precioso não merece respeito ou solidariedade, quando o beijo se transforma em algo mais. Beijos são bons quando demonstram carinho, aconchego, não têm graça alguma quando estão próximos a se transformar no final de uma vida.
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