Hoje (31), completa um ano em que enterramos meu pai, o seu Manoel. Repetindo o chavão: parece que foi ontem. Mas passou um ano e olhando para trás, dá para perceber que foi dos mais difíceis. Tínhamos que vencer a saudade, aceitar a ausência e continuar vivendo com aqueles que ficaram, em especial minha mãe.
Este foi um dos quadros mais difíceis. Embora os primeiros meses tenham sido relativamente tranquilos, quando chegou o tempo dos aniversários, ela foi definhando até sobrar muito pouco. No final do ano, o quadro se mostrava pior do que em anos anteriores, quando tínhamos que recorrer ao pronto atendimento.
Uma medicação especial foi capaz de reverter o quadro, passando de algo muito próximo à depressão, para a aceitação e a busca de convívio com quem estava conosco. Infelizmente, além da perda do pai, aqueles que me apoiavam, por motivos diversos - mudarem de cidade, iniciarem trabalhos - praticamente se ausentaram de nossa casa. E tudo ficou silêncio e saudade, de quem partiu para a Eternidade, ou quem tivesse outras ocupações.
Tem momentos em que uma espécie de torpor vai tomando conta do corpo e do espírito. Ao mesmo tempo em que brilha o sol, há um cansaço que, gradativamente, toma conta, invade nosso peito, e se acomoda em nossas mentes. Neste momento, precisamos de amigos especiais, tanto familiares, quanto de outras pessoas, porque são como raios de luz que impedem que as trevas se fechem ao nosso redor.
Cada presença, cada abraço, cada carinho é um pouco de esperança. Embora a fé nos mantenha em pé, ela precisa de arrimo, vindo de pequenos gestos que, até mesmo quem faz, talvez não compreenda a enormidade do seu significado. Viver pode não ser a coisa mais fácil. Mas conviver, dá todo o sentido para continuar, numa estrada, como dizia o poetinha Quintana, "onde já caminho de lado, porque carrego meus entes queridos do lado esquerdo do peito".
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