“Uma pessoa que não cuida da sua gente, especialmente em política, não pode ser feliz.” Não sei se a frase era bem assim, mas este era o sentido. Passei a prestar atenção porque não tinha feito a ligação entre a prática política (definida como a arte de cuidar da cidade – a polis – no que inclui a sua estrutura física, assim como seus cidadãos) e a capacidade de ser feliz. A entrevistada falava a respeito dos representantes do Hamas e de Israel que fazem da guerra a sua desculpa para a prática da violência.
Homens que decidem pelo embate quando
deveriam buscar a Paz e a qualidade de vida de seus povos, fazem da guerra a
violência institucionalizada. Gastam recursos financeiros e humanos num poço
sem fundo, em que se esvai a energia, assim como os talentos. As escolas de
prática política e administrativa foram deturpadas e, ao invés de ser lugar
para despertar e treinar sensibilidades, tornaram-se espaços de planejamentos
estratégicos visando confrontos incompreensíveis para o cidadão comum.
É área onde o treinamento não pode ser
para uso próprio, mas o bem da sociedade. As sensibilidades, na política, por
exemplo, não são um utilitário monetário ou de poder. E isto se aplica também
para o discurso religioso. As narrativas de representantes sociais e religiosos
que falam em solidariedade precisam estar respaldadas em gestos. Não é à toa
que, hoje, são raras as figuras públicas que merecem o respeito e se transformam
em referência. Mesmo os religiosos deixaram de serem vistos com atenção e
respeito.
Também quando silencia diante da
violência social. Semana passada, vi o relato de um idoso que perdeu a esposa.
Em seguida os filhos (um médico e o outro engenheiro) pressionaram o pai para
que fosse para uma casa geriátrica. Venderam a casa onde residiu por toda uma
vida para custear seus gastos. Como se sua situação financeira não o
permitisse. Desculpas para se deixar um pai ou uma mãe numa casa geriátrica
quando se tem todo o conforto em casa, em grande parte, graças aos sacrifícios
feitos pelos pais.
Uma sociedade individualista é uma
sociedade doente. Homens e mulheres que admitem que alguém sofra por suas
ações, no âmbito das relações internacionais ou no recôndito da própria
família, faltaram à lição do que é preciso para ser feliz. Famílias que educam
seus filhos para atenderem apenas suas necessidades diferenciam-se daquelas que
os colocam na visão social de que devem respeitar o pobre, aquele que tem cor
diferente, a mulher, o que precisou buscar seu sustento em outras terras...
Ao aceitar a “violência”, sob qualquer pretexto, inclusive a tolerada pela
sociedade, como com idosos, já se foi contaminado pela pregação do ódio. No
texto da “Crônica de uma tarde de domingo”, nas redes sociais, falei da música
“one day”, gravada em Haifa, Israel. Lembrando: “o discurso dos que unem
precisa ser mais poderoso do que de quem apela para as armas. Cantar, ao mesmo
tempo, em árabe, hebraico e inglês é derrubar os muros das “torres de babel”
que cercam os corações e impedem de se alcançar a Paz!”
Nenhum comentário:
Postar um comentário