Oficialmente, desde quarta (4), bispos católicos do mundo inteiro reúnem-se em Roma para a XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo sobre Sinodalidade. A reunião serve para consulta do papa Francisco. Depois, será apresentada uma “exortação apostólica” com as diretrizes ao clero e lideranças da instituição. O pontífice renovou pedido de que se faça este momento inspirado pelo Espírito Santo através do “diálogo e da escuta”. Propõe que se retomem temáticas como “comunhão, participação e missão”.
Poucos dias antes da abertura, num encontro com
outras instituições religiosas, o papa pediu que o sínodo seja “lugar onde o
Espírito Santo purifique a Igreja de murmurações, ideologias e polarizações”,
estimulando os participantes a caminharem juntos. O que se sabe ser bem
difícil, em especial por aquilo que tem enfrentado entre os próprios pares.
Disputas entre conservadores e progressistas tem colocado o papa diante de uma
“guerra de guerrilha”, ou, numa outra expressão popular em política, “sob fogo
amigo”.
Com 86 anos, muitos não acreditavam (e outros torciam) que Francisco concretizaria o Sínodo. Literalmente, “comendo pelas beiras”, não somente chegou àquele que pode se dizer que seja um dos momentos mais importantes do seu pontificado, mas também renovou o colégio de cardeais que, se fôssemos fazer uma análise apenas pelo viés político, se diria que “está dando as cartas do jogo”. Infelizmente, seus adversários têm se mostrado muito próximos de uma mídia internacional que não o vê com bons olhos...
Por outro lado, ao tratar de temáticas sempre
empurradas com a barriga – papel da mulher na Igreja (42 participam pela primeira vez), celibato dos
religiosos e religiosas, o acolhimento de pessoas LGBTQIA+ e de pessoas
divorciadas e a luta contra a pedofilia, entre outros – rompe a cortina que
impedia a real transparência. Não por acaso Francisco foi apedrejado por quem
acredita viver (como no tempo da inquisição) numa instituição que pode falar
mais alto e jogar problemas para debaixo dos tapetes.
Uma preocupação presente do papa tem sido com a
“casa comum” – o Mundo. No dia em que abriu o Sínodo (também festa de São Francisco
de Assis), tornou pública a carta “Laudate Deum”. Reforça o que foi tratado na
encíclica “Laudato si”, com um desafio: “um ser humano que pretenda tomar o
lugar de Deus torna-se o pior perigo para si mesmo”. Faz um apelo à
corresponsabilidade diante das mudanças climáticas que chegam a um ponto de
ruptura e os “efeitos recaem sobre as pessoas mais vulneráveis”.
No Sínodo, 464 representantes assessoram o papa (365
votam no relatório final) e 81 mulheres (a primeira vez em que votam). A Igreja
é considerada conservadora (no bom e no mau sentido), porém avança sob o
comando de quem é, efetiva (e afetivamente) pastor, com noção do que representa
a política nas relações humanas. Algumas vezes sisudo, sem preocupação de
“fazer mídia”, testemunha a fé, esperança e caridade. Num tempo tão carente de
referências, é a real encarnação do “servo dos servos do Senhor”!
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