sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Tem uma árvore no meio do caminho...

O caminho contorna e leva até o alto da colina.

Enquanto te aproximas, o olhar se encanta

Ao perceber uma árvore solitária...

A sombra acolhe e refresca,

Realiza o sonho de todo o viandante.

 


Ainda ao longe, detém-te,

Precisas de um tempo para contemplá-la.

Será diferente quando estiveres à sua sombra,

Com a aura de uma catedral verde que,

Assim como o santuário,

Respira transcendência.

Serás tentado a ajeitar um lugar

No chão, por entre as folhas

Que o Outono coloriu,

E dobrar o joelho.

 

Devolvem sentimentos de infância e juventude:

Fecha os olhos e,

Enquanto o Sol brinca abrindo

Espaços verdes e prateados,

Ouve a brisa que sussurra

A mística que põe as folhas em oração,

Remexendo nos vitrais que se formam no

Chão de raízes contorcidas.

 

Quando acreditares que é preciso partir,

Acalma teu espírito,

Volta o olhar para o lugar de onde vieste.

Tudo será diferente:

A paisagem onde pontilham

Matas, rios, vales e as cidades dos homens.

 

Para continuares a jornada,

Espera pelo momento em que a Lua,

Sacerdotisa, faz a procissão da luz, acolitada pelas Estrelas.

Ao retornar o caminho,

Ainda haverá tempo de

Uma derradeira mirada por sobre o ombro.

No sacrário das sombras, a deusa da noite

Brilha em meio à ramagem.

 

A guardiã do caminho sussurra que

Falta pouco

Para que sejas capaz de planar

Em meio aos seus galhos,

Nas asas de uma borboleta.

A perfeita conjugação entre vida e fé,

Momento e expectativa.

 

Perdão, Poetinha,

Mas tem uma árvore no meio do caminho!

A paisagem cravejada na memória

Tem a referência de alguém, em algum lugar,

Na espera por todas as voltas.

Mais velhos e mais trôpegos,

Com o desejo de não desistir do destino.

Nas saudades, as distâncias

São vultos que acenam e aguardam.

Aquela árvore, aquela Lua:

Têm o gosto de suspiros e devaneios...

Nenhum comentário: