domingo, 29 de outubro de 2023

Cantando para alcançar a Paz!

A música “One day” (um dia) veio a calhar nestes tempos de guerra entre o Hamas e Israel. A canção do compositor judeu de reggae Matisyahu foi lançada em 2009. Carregada de energias positivas, exprime a esperança de pôr fim à violência e convida a rezar por uma nova era de paz e entendimento. Não é à toa que uma de suas gravações, feita em Haifa, Israel, em 2018, voltou a circular, agora, como desafio a todos os homens e mulheres de boa vontade. Assistir é fazer parte de uma catarse coletiva.

A escolha do lugar da apresentação não poderia ser mais significativa. Haifa é a maior cidade portuária do norte de Israel, a terceira do país, depois de Jerusalém e Tel Aviv, com cerca de 265 mil habitantes. Por estar num cruzamento geopolítico e os diversos povos que por ali passaram, aprendeu a conviver com a tolerância. Tem uma população mista de árabes e judeus que dão exemplo de coexistência pacífica. Na parcela árabe, predomina o cristianismo, enquanto na judaica, sua origem é predominantemente russa.


O grupo israelita Koolulam já se apresentou pelo Mundo, mas foi ali que deixou a sua marca. Seu show impressiona pela emoção, quando quem canta é a plateia, regida por um maestro, tornando-se a grande e única protagonista.  Na ocasião, reuniu gente de diferentes culturas, religiões e faixas etárias. Que, de outra forma, não teria se encontrado para escutar umas às outras e cantar juntas. O grupo se apresenta disposto a derrubar fronteiras e dar à sociedade uma experiência musical criativa e colaborativa.

O público é diferenciado: pessoas dispostas a se engajar na luta pela paz e tolerância. O “show”, que não é show, começa por uma grande mobilização e gente que chegam dispostas a participar de um “ensaio”. Como foi o caso, em São Paulo, quando mais de 3 mil vozes, classificadas em três grupos: barítono, alto e soprano, tiveram uma experiência difícil de ser explicada. Iniciam processo de convivência que tem o auge na gravação de uma única música que será a apoteose de todos os sentidos e sentimentos...

É arrepiante. Uma grande e poderosa oração pela paz. A impressão é de que, numa única voz, conectam-se os “diferentes” em torno de objetivos comuns: solidariedade, amor, alegria e muita emoção. Os rostos que passam pelas telas têm a determinação de quem ainda acredita na humanidade e quer encontrar caminhos de convivência. Não é apenas mais um espetáculo para milhares de pessoas, mas milhares de pessoas que canalizam a sua energia para um vibrante pedido ao Deus de todas as religiões.

Obrigado, Firmino, que me enviou o link desta apresentação, na semana passada. Fazer com que as pessoas saibam do seu pertencimento a uma mesma humanidade que não precisa distinguir raças, religiões, cores, opções sexuais... pode parecer algo repetido, mas necessário. O discurso dos que unem precisa ser mais poderoso do que de quem apela para as armas. Cantar, ao mesmo tempo, em árabe, hebraico e inglês é derrubar os muros das “torres de babel” que cercam os corações e impedem de se alcançar a Paz!

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