Cada parte do meu corpo antecipa a despedida do Inverno.
Estendo o olhar para além dos dias frios e úmidos:
Há sementes que foram colocadas em regos no chão,
Assim como as que fazem seu ciclo natural.
Ambas, em seguida, começam a se espreguiçar.
Quando se sentirem prontas, emergem do leito da Terra,
Brincando ao escolher cores, formas e perfumes...
O sentimento de que o mau tempo não dura para sempre
Estimula as sensações,
Afia o desejo de levantar o rosto
Para o sol ou para a chuva.
Na roseira, o broto faz a metamorfose da flor,
Cumprindo o ritual para chegar à fugaz plenitude.
O tempo dos novos perfumes
Já se vislumbra no horizonte.
Com a perspectiva de que o cheiro da grama
Exale dos primeiros pingos,
Que se transformam em bênçãos dos Céus.
As abelhas são as fiadoras da mãe Natureza,
Assegurando que seu toque de carinho
Transborde a fertilidade e a continuação da vida.
Testemunha-se frágeis galhos de flores e ramos
Que se infiltram por pisos quebrados,
Rachaduras no asfalto,
Grades que se sobrepõem aos muros.
O Inverno é tempo de espera,
Oportunidade de preparar corpo, mente e alma...
Dê-se ao direito de mudar.
Esfregue as mãos e
Esqueça a irritação com o nevoeiro à sua frente.
No horizonte já vai aparecer uma nesga de sol,
Tímida, como todos os sentimentos
Que fazem bem e não têm pressa.
Quando penetrar pelas janelas do teu corpo,
Chegar em cada fibra do teu ser,
Vai aquecer cada uma das sensações
Que, em ti, anseiam pela nova estação...
Então, é tempo de perder a vergonha.
Sim, perder a vergonha:
Dance, eleva as tuas mãos para o alto...
Primaverar-se é o despertar
Dos sentidos e dos sentimentos.
O doce acalento da Primavera,
A energia que somente tu podes compartilhar:
A vida que se renova e transborda pelo teu sorriso!
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