Meu namoro do Jornalismo com a Literatura é de longa data. Meus primeiros rabiscos com pretensão de ser escritor são dos meus 12 anos, ao ingressei no Seminário. Estão aí para contar seus sofrimentos comigo as professoras Beatriz Mecking e Mourgues, que penaram com aquele “gurizinho” incomodando para que lessem. Já era professor da Escola de Comunicação quando “sistematizei” meus escritos, tornando-me colaborador do Diário Popular, aceito pelo seu Clair Rochefort. Lá se vão cerca de 25 anos...
Enquanto lecionava redação em jornalismo, mais lia o que os alunos produziam do que escrevia. Foi um laboratório, especialmente quando, numa destas reformas de currículo, incluiu-se o estudo do Novo Jornalismo. Conhecia, mas precisei aprofundar, junto com o texto formal, as muitas relações que poderiam se estabelecer com a literatura. Abriam-se inúmeras portas. Em especial, ao se estudar a “crônica reportagem”. Acostumado com manuais de redação, era preciso desmistificar a objetividade jornalística...
Entre os inúmeros gêneros, apareceu um que se tornou meu encanto: a
crônica poética. Aposentado, pude me dedicar mais a ocupar espaços nas redes
sociais. Já havia iniciado como professor, mas tinha mais tempo e sistematizei
meus artigos (Artigo da semana, todas as terças-feiras). No início da pandemia,
passei a publicar a Crônica de uma tarde de domingo, com o desejo de acompanhar
muitas pessoas que ficavam sozinhas em casa. Por fim, há cerca de um ano e meio,
chegou o Sexta com gosto de poesia.
Caiu no agrado do leitor e me retornou aos tempos em que, enquanto os
alunos produziam seus textos, tinha a oportunidade de explorar e fazer
tentativas na área da crônica poética. Como o amigo Rogério Xavier chamou de
“crônica/poesia”, tem sido um espaço rico para expressão de sentimentos e
laboratório para tratar de questões mais triviais. Quem sabe, com um olhar mais
amadurecido, certo de que não é o supra sumo da literatura, mas o desejo de
compartilhar a vida, escrever como um ato de amor.
Pessoas que usam textos para agredir são a exceção, não a regra. Quem
escreve quer ajudar a entender alguma situação ou compartilhar sentimentos. E
foi o que me levou a publicar, também, o manoeljesus.blogspot.com, que, este
mês, chega aos seus 15 anos! Confesso que mantinha para atender o desejo de
muitos que gostam de ler. Mas fiquei surpreso quando me alertaram para um
relatório que mostra os acessos ao blog: mais de 10 mil (é isto mesmo), no mês
passado, e cerca de 200 a 300 acessos diários.
Ainda bem que a literatura e o jornalismo não são ciências exatas.
Sujeitam-se à humanidade de cada um que escreve. E de quem lê. A crônica (no
jornalismo e na literatura) e a poesia azeitam a nossa sensibilidade. Para quem
escreve é a forma de se aproximar do leitor. Para quem lê, sublima desejos,
carências, faz parcerias inimagináveis. Escrever, para mim, é uma necessidade,
que evoluiu do papel para os instrumentos eletrônicos, ampliando as possibilidades
pelos áudios e vídeos.
Só tenho a agradecer: obrigado! Obrigado por me acompanharem ao longo
destes anos. 25 anos em jornal impresso, 15 anos pelas redes sociais, 104 mil
visualizações durante este tempo, quase 1.200 postagens.
Meu Deus, será que vocês me aguentam por mais algum tempo?
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